Plano apoiado pelos Estados Unidos prevê cessar-fogo imediato, libertação de reféns e criação de governo temporário em Gaza, mas impasses persistem sobre desarmamento e retirada das tropas israelenses
As delegações de Israel e do grupo Hamas vão se reunir de maneira indireta nesta segunda-feira (6/10) no Cairo para tentar avançar em um acordo de paz que possa encerrar quase dois anos de guerra na Faixa de Gaza. As conversas ocorrem sob intensa pressão, especialmente dos Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, apresentou um plano que prevê um cessar-fogo imediato, a libertação de reféns e a criação de um governo de transição no território palestino.
O presidente dos Estados Unidos e o secretário de Estado, Marco Rubio, pressionaram Israel a suspender os bombardeios sobre Gaza, destacando que “reféns não podem ser libertados em meio a ataques”. Apesar do apelo, foram registradas novas explosões no território nesta segunda-feira (6/10), enquanto o Hamas afirmou que só interromperá suas operações quando Israel cessar completamente os ataques e retirar suas tropas da Cidade de Gaza.
Segundo moradores, houve uma redução dos bombardeios e o recuo de tanques, mas a população teme que seja apenas uma manobra tática. A ofensiva israelense continua provocando vítimas: no domingo, ao menos 20 pessoas foram mortas, 13 delas na Cidade de Gaza, conforme dados da Defesa Civil local.
De acordo com informações da AFP, a proposta norte-americana inclui a formação de uma administração temporária em Gaza, supervisionada por um órgão internacional, até que o controle seja transferido à Autoridade Palestina. O documento também prevê a libertação de todos os reféns israelenses em até 72 horas após a assinatura do acordo e, em troca, a soltura de prisioneiros palestinos mantidos por Israel.
Outro ponto central do plano é o desarmamento do Hamas, condição considerada essencial por Washington e Tel Aviv para garantir uma paz duradoura. O grupo palestino, no entanto, ainda não concordou com essa exigência e pediu mais tempo para analisar a proposta. Segundo uma fonte próxima aos negociadores, citada pela AFP, o Hamas busca “ajustes” na cláusula que prevê a entrega total de armas e a exclusão de seus membros da futura administração de Gaza.
O governo israelense manifestou apoio ao plano, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a retirada das tropas de Gaza será feita de forma gradual e condicionada ao cumprimento de todas as etapas do acordo. A medida é um dos principais pontos de impasse nas negociações, já que o Hamas insiste em garantias de que Israel deixará completamente o território e não retomará ações militares após o cessar-fogo.
Donald Trump tem pressionado para que o plano seja aceito rapidamente. Há uma semana, ele lançou um plano de paz de 20 pontos, o que forçou Netanyahu a se comprometer a acabar com a guerra. Em declarações divulgadas pelas redes sociais no último dia 4/10, o presidente norte-americano afirmou que o Hamas tem “três ou quatro dias” para responder à proposta, e que considera a iniciativa “a melhor chance em décadas de encerrar o ciclo de violência”.
As negociações tentam avançar com base no plano de paz proposto por Trump, que prevê a libertação de 47 reféns em troca da soltura de 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua e mais de 1.700 detidos de Gaza.
O Hamas, no entanto, resiste a abrir mão de participação no futuro governo do território, algo vetado pela proposta americana, que defende uma administração liderada por tecnocratas sob supervisão internacional. O conflito, iniciado com o ataque de 7 de outubro de 2023, que matou 1.219 pessoas em Israel, já deixou mais de 67 mil mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde local e estimativas confirmadas pela ONU.
Tribuna Livre, com informações AFP