09/05/2025

Israel matou filhos e netos do líder máximo do Hamas, diz grupo terrorista

Palestinos inspecionam os danos no hospital Al-Shifa de Gaza depois que os militares israelenses se retiraram do complexo que abriga o hospital em 1º de abril de 2024 - (crédito: AFP)

Haniyeh confirmou as mortes na quarta-feira em uma entrevista a Al Jazeera, dizendo que os seus filhos “foram martirizados no caminho para a libertação de Jerusalém e da Mesquita Al-Aqsa”

Um ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza matou três filhos e três netos do líder do escritório político do Hamas, Ismail Haniyeh, nesta quarta-feira, 10, segundo a mídia oficial do grupo terrorista. Haniyeh acusou Israel de agir com “espírito de vingança e assassinato”.

Os filhos de Haniyeh estão entre as figuras de maior destaque que foram mortas na guerra até agora. Não ficou claro como as suas mortes poderiam afetar as negociações de cessar-fogo que duraram meses e que estão sendo mediadas por Catar, Egito e Estados Unidos.

Haniyeh confirmou as mortes na quarta-feira em uma entrevista a Al Jazeera, dizendo que os seus filhos “foram martirizados no caminho para a libertação de Jerusalém e da Mesquita Al-Aqsa”.

“O inimigo criminoso é movido pelo espírito de vingança e assassinato e não valoriza quaisquer padrões ou leis”, disse ele na entrevista por telefone.

O Exército de Israel não comentou sobre a morte dos familiares do líder do Hamas.

Sem flexibilizar

Em sua entrevista à Al Jazeera, Haniyeh disse que as mortes não pressionariam o Hamas a suavizar as suas posições.

“O inimigo acredita que, ao atingir as famílias dos líderes, irá pressioná-los a desistir das exigências do nosso povo”, disse ele. “Qualquer um que acredite que atacar os meus filhos irá pressionar o Hamas a mudar a sua posição está delirando.”

Haniyeh vive exilado no Catar, onde fica a sede da Al Jazeera. A estação de TV Al-Aqsa do Hamas transmitiu imagens de Haniyeh recebendo a notícia das mortes enquanto visitava palestinos feridos que foram transportados para um hospital em Doha.

Quando um assessor recebeu a notícia em seu telefone, Haniyeh assentiu, olhou para o chão e saiu lentamente da sala. “Não há força nem poder senão vindo de Deus”, murmurou Haniyeh. “Que Deus facilite as coisas para eles.”

A TV Al-Aqsa apontou que Hazem, Ameer e Mohammed Haniyeh foram mortos com familiares no ataque perto do campo de refugiados de Shati, na Cidade de Gaza. Ismail Haniyeh é originalmente de Shati.

Os irmãos viajavam em um único veículo junto com seus filhos e foram alvos de um drone israelense.

Anteriormente, o parlamentar israelense Benny Gantz, que faz parte do gabinete de guerra, afirmou que o Hamas foi derrotado militarmente, embora também tenha dito que Israel lutará contra o grupo terrorista nos próximos anos.

Gantz reiterou que o compromisso do governo israelense com uma ofensiva militar em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Mais de 1 milhão de palestinos se deslocaram para a cidade que faz fronteira com o Egito por conta da guerra.

O ataque ocorreu no momento em que os palestinos em Gaza celebravam o feriado de Eid al-Fitr, encerrando o mês sagrado de jejum do Ramadã, visitando os túmulos de entes queridos mortos na guerra. No campo de refugiados de Jabaliya, perto da cidade de Gaza, as pessoas se sentaram calmamente junto a sepulturas rodeadas por edifícios destruídos pela ofensiva de Israel.

Guerra

Meio ano após o início da guerra, desencadeada pelo ataque do grupo terrorista Hamas ao sul de Israel, há cada vez mais apelos internacionais para um cessar-fogo. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou duramente a estratégia militar israelense em Gaza do governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu em uma entrevista à emissora americana de língua espanhola Univision, transmitida na terça-feira, 9.

“Peço simplesmente que os israelenses estabeleçam um cessar-fogo, que permitam durante as próximas seis, oito semanas, acesso total a todos os alimentos e medicamentos que entrarem em Gaza”, declarou Biden.

Esta entrevista foi gravada antes da retirada, no domingo, dos soldados israelenses do sul da Faixa de Gaza e do aumento, nos últimos dias, da ajuda humanitária autorizada por Israel a entrar no território. Estas decisões foram tomadas por Tel-Aviv após o presidente americano subir o tom em relação a Netanyahu por conta da morte de sete trabalhadores humanitários da World Central Kitchen, que foram atingidos por um bombardeio israelense. Israel pediu desculpas e demitiu dois comandantes por conta do ocorrido.

A guerra eclodiu no dia 7 de outubro do ano passado, quando terroristas do Hamas lançaram um ataque sem precedentes contra Israel, deixando 1,2 mil mortos, a maioria civis, segundo dados israelenses. O grupo terrorista também sequestrou 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita terem morrido.

Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas, que governa Gaza desde 2007, e que considera uma organização terrorista, opinião respaldada por Estados Unidos e União Europeia. As suas tropas lançaram uma ofensiva em Gaza que até agora deixou 33.360 mortos, a maioria civis, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas.

Tribuna Livre, com informações da Agência France Presse.

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