Um levantamento conduzido pelo The Jerusalem Post revela que a maioria dos cidadãos israelenses não possui confiança no governo para liderar a guerra.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou em 14 de outubro que planeja iniciar uma ofensiva terrestre, aérea e marítima contra a Faixa de Gaza. O prazo para os palestinos desocuparem a parte norte do enclave encerrou no último sábado, o que resultou em um deslocamento desesperado de milhares de residentes em direção à fronteira sul, próxima ao Egito. Contudo, os bombardeios na região não cessaram e até atingiram uma rota de fuga de civis previamente declarada como segura pelo exército israelense, resultando em várias mortes, incluindo crianças e bebês.
“Vocês estão prontos para o que está por vir? Isso vai continuar”, declarou o primeiro-ministro ultraconservador durante uma visita às tropas posicionadas diante do enclave, no oitavo dia de uma guerra que já deixou 1.300 israelenses e 2.215 palestinos mortos, incluindo 724 crianças.
Segundo informações da AFP, o Exército israelense realizou incursões terrestres localizadas em Gaza, o que provavelmente resultará em operações de combate adicionais e substanciais.
No último sábado, o exército israelense anunciou a morte de dois líderes militares do Hamas. Apenas um nome foi identificado, o de Murad Abu Murad, que teria dirigido o ataque contra localidades israelenses. O Hamas alegou que 26 reféns, de cerca de 120 capturados durante uma incursão em 7 de outubro, foram mortos devido aos bombardeios israelenses, sendo que nove deles faleceram em um período de 24 horas. Nesse contexto, o grupo também lançou uma série de foguetes a partir de Gaza em direção ao território israelense. O Exército israelense anunciou ter encontrado os corpos de alguns dos reféns durante as operações na Faixa de Gaza.
A pesquisa recente divulgada pelo The Jerusalem Post indica que 86% dos israelenses responsabilizam o governo de Netanyahu pela infiltração do Hamas e que 56% acreditam que ele deve renunciar após a guerra. O levantamento também destaca que 52% esperam a renúncia do ministro da Defesa, Yoav Gallant, e a maioria dos entrevistados expressou desconfiança no governo para liderar o conflito.
Também houve confrontos entre Israel e o grupo libanês Hezbollah, aliado do Hamas, resultando na morte de um combatente, após uma série de duelos de artilharia nos últimos dias. Em uma ação armada, o exército israelense também respondeu a disparos de alarmes antiaéreos nas Colinas de Golã, que foram anexadas por Israel em 1967. O Hamas relatou que pelo menos 53 civis palestinos morreram em confrontos com as forças israelenses na última semana na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967.
A Faixa de Gaza, onde vivem predominantemente palestinos e cerca de 2,4 milhões de pessoas, enfrenta um bloqueio total e teve o acesso a água, eletricidade e alimentos cortado desde o início do conflito na semana passada, agravando a situação de penúria que já era crítica. Agências de ajuda humanitária alertam para a iminência de uma crise humanitária na região.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou que a vida de muitos pacientes em estado crítico, como aqueles em terapia intensiva ou dependentes de suporte vital, recém-nascidos em incubadoras e pacientes em hemodiálise, está em risco devido à falta de suprimentos médicos, comida e combustível em Gaza. A OMS alertou que a evacuação forçada de pacientes e profissionais de saúde agravará ainda mais a atual crise humanitária.
O governo do Egito e a Jordânia estão buscando ajuda humanitária para evitar uma escalada da crise em Gaza. Os presidentes do Egito e do Brasil conversaram sobre a urgência de permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza. O governo brasileiro também fornecerá kits de medicamentos e outros suprimentos para apoiar o sistema de saúde em Gaza.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, destacou a importância de garantir que civis inocentes em Gaza tenham acesso a água, comida e cuidados médicos. Ele prometeu apoio total à Autoridade Palestina na tentativa de levar ajuda humanitária.
Tribuna Livre, com informações da AFP