Policiais militares dispararam quase 60 vezes durante ação
A Justiça de Goiás mandou soltar os sete policiais militares acusados de matar quatro homens em uma chácara de Cavalcante, no nordeste do estado. Segundo a Polícia Militar, as quatro vítimas eram suspeitas de tráfico de drogas. No entanto, a Polícia Civil relatou que os homens não tinham passagens criminais. O crime ocorreu em janeiro de 2022.
De acordo com a documento, foram soltos soltos os seguintes acusados: sargento Aguimar Prado de Morais, sargento Mivaldo José Toledo, cabo Jean Roberto Carneiro dos Santos, soldado Welborney Kristiano Lopes dos Santos, cabo Luís César Mascarenhas Rodrigues, soldado Eustáquio Henrique do Nascimento e soldado Ítallo Vinícius Rodrigues de Almeida.
A decisão foi emitida pelo juiz Leonardo de Souza Santos, após um pedido feito pela defesa de um dos acusados, mas a soltura acabou se estendendo para todos na última segunda-feira (14). Em novembro de 2022, seis dos sete militares foram mandados pela Justiça de Goiás a júri popular. Apenas o sargento Mivaldo José Toledo não foi mandado a júri.
A defesa dos acusados, representada pelos advogados Tadeu Bastos, Fernando Cavalcante, Rodrigo Lustosa e Gilsaria Lourenço, informou que a decisão foi acertada, uma vez que os réus estavam presos desde fevereiro de 2022. Segundo os advogados, não existiam mais justificativas para manter a prisão, já que ainda não tem uma previsão para a marcação do júri.
Conforme o documento, o juiz determinou a soltura dos militares com a justificativa de que não existe risco à ordem pública e econômica. Entretanto, os acusados terão que cumprir as seguintes medidas cautelares:
• Comparecimento mensal no Fórum de Goiânia;
• Recolhimento domiciliar noturno entre 22h e 5h;
• Proibição em frequentar bares, casas de festa, shows e outros lugares em que se faça uso de bebidas, cigarros e substâncias ilícitas;
• Uso de tornozeleira eletrônica;
• Proibição de se ausentar da comarca de Goiânia sem autorização;
• Proibição de manter contato com os familiares das vítimas e com as testemunhas e seus familiares;
• Proibição de entrar nos municípios (perímetro rural e urbano) de Cavalcante, Colinas do Sul e Alto Paraíso de Goiás.
Sobre o caso
O crime ocorreu no dia 20 de janeiro de 2022. Na época, os policiais militares receberam uma denúncia de que havia uma grande plantação de maconha em uma propriedade rural da região. Em depoimento, os acusados disseram que quando chegaram ao local foram recebidos a tiros por um grupo e, por isso, revidaram com quase 60 tiros.
Conforme os registros, além dos quatro homens que foram mortos, três pessoas teriam conseguido fugir. A população de Cavalcante protestou a favor das vítimas e defendeu o fato de que os homens não poderiam ter atirado contra os militares, uma vez que nenhum deles tinham armas. Durante o enterro de duas vítimas, houve manifestação por justiça.
O Ministério Público de Goiás denunciou os policiais militares por homicídio com emprego de recurso que dificultou a defesa das vítimas em março de 2022. De acordo com um laudo pericial, uma das vítimas foi atingida quando já estava caída no chão.
A investigação também apontou que os acusados queimaram a vegetação do local para destruir a prova de que não havia uma plantação de maconha como havia sido informada na denúncia.
As pessoas mortas durante a ação dos policiais militares foram: Salviano Souza da Conceição (63), Ozanir Batista da Silva (47), Antônio da Cunha Fernandes (35) e Alan Pereira Soares (27).
Propriedade rural onde as vítimas morreram, em Cavalcante
(Foto: Divulgação/Polícia Civil)