Volume total compromete a operação da unidade, que já foi classificada pela própria Semad como “precária e evidentemente inadequada”
A estrutura do lixão de Goiânia opera muito além do que seria capaz de suportar, segundo aponta relatório de fiscalização divulgado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) nessa sexta-feira (27). De acordo com os dados coletados durante operações de campo realizadas entre janeiro e abril deste ano, o local recebe diariamente cerca de 3.800 toneladas de resíduos, número que representa quase duas vezes e meia acima da capacidade para a qual teria sido projetado.
De acordo com o relatório da pasta, o lixão de Goiânia recebe todos os dias 1.300 toneladas de rejeitos domiciliares (RSU), 1.300 toneladas de rejeitos da construção civil (RCC) e mais 1.200 toneladas de resíduos arbóreos, como restos de poda e varrição urbana. O volume total compromete a operação da unidade, que já foi classificada pela própria Semad como “precária e evidentemente inadequada”.
O documento também destaca que a estrutura é desajustada e deficitária, sem condições técnicas para funcionar como aterro sanitário. Entre as ausências apontadas estão centro de tratamento de resíduos, sistema adequado de tratamento de chorume, triagem de recicláveis, usina de compostagem e equipamentos para manejo de resíduos de saúde e da construção civil.
Além da sobrecarga na operação, a Semad apontou que o lixão está a apenas 200 metros de um curso hídrico e a 300 metros de núcleos habitacionais, quando o recomendado é o mínimo de 500 metros. O local não possui licença ambiental válida desde 2011, e há indícios de instabilidade estrutural, ineficiência nos sistemas de drenagem e monitoramento, além de baixa qualificação técnica na supervisão da unidade.
Mesmo diante dos apontamentos, a Prefeitura de Goiânia obteve na Justiça uma liminar que suspendeu a interdição determinada anteriormente por decisão judicial. O Ministério Público, por sua vez, moveu ação pedindo indenização de R$ 45,1 milhões por danos ambientais.
A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) ainda não se manifestou sobre os dados da Semad. O prefeito Sandro Mabel convocou coletiva de imprensa para a tarde desta sexta-feira (28), quando deve tratar do assunto.
Tribuna Livre, com informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad)