Imagens capturadas na Colúmbia Britânica, no Canadá, revelam um comportamento inusitado em lobos selvagens, levantando questões sobre a inteligência animal e o uso de ferramentas. Os registros mostram dois lobos puxando as cordas de armadilhas para caranguejos com o objetivo de acessar as iscas ali contidas.
A descoberta, que desafia as definições tradicionais de uso de ferramentas, ocorreu após a instalação de armadilhas próximas a Bella Bella, em 2023, por guardiões da Nação Indígena Haíɫzaqv, visando controlar a população invasora de caranguejo-verde europeu. Inicialmente, o dano nas iscas foi atribuído a lontras ou pinípedes.
No entanto, a instalação de câmeras entre 28 e 30 de maio de 2024 revelou a verdadeira causa. Em 29 de maio, uma loba foi filmada nadando até a boia de uma armadilha submersa, puxando a corda até a praia e, em seguida, arrastando o equipamento para fora da água. Somente então ela conseguiu acessar a isca. Para especialistas, essa sequência de ações indica que a loba compreendeu a relação entre a boia, a corda e a armadilha submersa, e soube manipular os elementos na ordem correta para atingir seu objetivo.
Um segundo registro, datado de fevereiro de 2025, mostra outro lobo puxando a corda de uma armadilha parcialmente submersa. Pesquisadores descreveram esse comportamento como intencional, demonstrando uma compreensão causal da situação.
Apesar da notável inteligência demonstrada pelos animais, a questão de se esse comportamento se qualifica como uso de ferramenta permanece em debate. Alguns especialistas argumentam que, como os lobos não criaram ou montaram o equipamento, não se pode falar em uso de ferramenta no sentido estrito. No entanto, outros defendem que o nível de habilidade e compreensão demonstrado pelos lobos merece reconhecimento e destaca a complexidade cognitiva desses animais. O estudo completo com os vídeos foi publicado na revista Ecology and Evolution.
Fonte: olhardigital.com.br











