Operação Spare aponta que rede de 400 postos recolheu apenas 0,1% em tributos; esquema usava fintechs para lavar dinheiro de jogos de azar, ocultando patrimônio de R$ 120 milhões com manipulação do Imposto de Renda
Uma ação conjunta do Ministério Público de São Paulo (MPSP), Receita Federal, Secretaria da Fazenda de São Paulo, Procuradoria-Geral do Estado e Polícia Militar, foi deflagrada, nesta quinta-feira (25/9), para desarticular um esquema de crime organizado focado na exploração de jogos de azar e na venda de combustíveis adulterados. O esquema utilizaza uma empresa intermediadora de pagamento, ou fintech, para a lavagem e dissimulação dos recursos obtidos ilicitamente.
As equipes da Operação Spare cumpriram 25 mandados de busca e apreensão em cidades como São Paulo (19), Santo André (2), Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco. Durante as diligências, foram apreendidos quase R$ 1 milhão em espécie, 20 celulares, computadores e uma arma de fogo.
As investigações tiveram início a partir da apreensão de máquinas de cartão em casas de jogos clandestinos situadas em Santos, na Baixada Santista, que estavam vinculadas a postos de combustíveis. A análise das movimentações financeiras revelou que os valores eram transferidos para uma fintech, utilizada para ocultar a origem ilícita dos recursos.
O grupo criminoso identificado, responsável pelo branqueamento de capitais, controlava cerca de 400 postos de combustíveis, sendo 200 vinculados diretamente ao alvo e seus associados. Entre 2020 e 2024, 267 postos ativos movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões, recolhendo apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais, o equivalente a 0,1% do total movimentado.
O esquema inseria recursos de origem ilícita no setor formal por meio de empresas operacionais, usando dinheiro em espécie e maquininhas via fintechs, e posteriormente reinvestindo em negócios e imóveis.
Foram identificados também mais de 60 motéis, muitos em nome de laranjas, que movimentaram R$ 450 milhões no período de 2020 a 2024. Além disso, lojas de franquias, com 98 estabelecimentos, movimentaram cerca de R$ 1 bilhão no mesmo período.
Os investigados são suspeitos de utilizar retificações em declarações antigas de Imposto de Renda para aumentar o patrimônio informado de forma irregular, em cerca de R$ 120 milhões, sem a correspondente inclusão de rendimentos.
Tribuna Livre, com informações do Ministério Público de São Paulo (MPSP)