Anfavea divulga alta nas exportações e produção no 1º semestre, mas mercado interno segue pressionado por crédito caro e queda no varejo
A produção automóveis cresceu 7,8% no primeiro semestre, na comparação com o mesmo período de 2024, com 1,22 milhão de carros produzidos. o dado foi divulgado, ontem, pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que também informou o crescimento de 4,8% nas vendas no mercado nacional de carros, com 1,19 milhão de unidades vendidas.
As exportações saltaram quase 60%, com destaque para o mercado argentino, responsável por mais da metade do volume enviado ao exterior.
Ao divulgar os números, no entanto, a Anfavea apresentou uma avaliação pessimista para o setor. Apesar do avanço na produção e nas vendas, a entidade apontou preocupação com juros elevados, aumento da inadimplência e recuo nas vendas ao consumidor final.
“Vamos continuar acompanhando essa taxa de juros, afinal de contas, se a nossa economia crescer é natural que nosso mercado de caminhões também cresça e nós vamos trabalhar para que isso aconteça no segundo semestre”, disse o presidente da Anfavea, Igor Cavalet, ao citar o desaquecimento percebido ao final do período. Em junho, houve recuo de 6,5% na produção frente a maio. Nas vendas, a retração foi de 5,7% na comparação com o mês anterior.
Ele comentou que a taxa Selic, hoje em 15% ao ano, é a maior dos últimos 15 anos. Os juros médios para aquisição de veículos chegam a 27,6% ao ano para pessoas físicas, o que pressiona o consumo e ajuda a explicar a retração nas vendas no varejo. Entre janeiro e junho, o volume de automóveis e comerciais leves vendidos diretamente ao consumidor caiu 10%. Já os caminhões acumularam o terceiro mês consecutivo de retração.
A concorrência com os importados também preocupa. Os emplacamentos de veículos estrangeiros cresceram 15,6% no semestre, enquanto as vendas para locadoras dispararam 59,8%, somando 264 mil unidades. Modelos chineses, sobretudo eletrificados, ampliaram presença e encerraram o período com mais de 110 mil unidades em estoque.
O desempenho do mercado de veículos eletrificados, aliás, foi um dos destaques do semestre. Em junho, eles representaram 28% dos emplacamentos de veículos leves, mantendo o ritmo de crescimento iniciado em 2024. A importação de eletrificados chineses teve aumento de 15%, apesar do recuo nos emplacamentos totais desses modelos frente ao primeiro semestre do ano passado.
Do ponto de vista do emprego, o cenário é de alerta. Após mais de um ano em alta, o setor perdeu cerca de 600 postos de trabalho diretos nos últimos meses, fechando junho com o mesmo número de empregados que um ano antes. A Anfavea lembra que cada vaga direta em uma planta automotiva pode gerar até 10 empregos indiretos.
Tribuna Livre, com informações da AFP