Em coletiva para anunciar o plano de ressarcimento dos descontos ilegais, Vinicius Marques de Carvalho garantiu que a Controladoria alertou o INSS em uma série de reuniões sobre a necessidade de aumentar os controles e sistemas para prevenir fraudes
O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Marques de Carvalho, rebateu nesta quinta-feira (8/5) as críticas que sofreu do ministro da Casa Civil, Rui Costa, sobre não ter alertado o governo federal sobre o esquema de fraudes no INSS.
Carvalho frisou que o INSS foi alertado em uma série de reuniões sobre a necessidade de aumentar os controles e sistemas para prevenir fraudes, mas que os investigadores só começaram a saber o tamanho do esquema criminoso durante a Operação Sem Desconto, deflagrada em abril.
“Foram feitas várias reuniões no INSS, que tiveram a presença de uma série de atores, com alertas sobre a necessidade de se melhorar os controles e revisar procedimentos, e eventualmente fazer recadastramento, reavaliação, revalidação, esse tipo de coisa”, respondeu o ministro ao ser questionado durante coletiva no Palácio do Planalto.
“Agora, o tamanho do problema, eu ia dizer aqui que a gente ficou sabendo no dia da operação, mas não sabemos. Porque você teve uma operação desencadeada naquele dia, com todas as medidas que mencionamos aqui, e ainda temos desdobramentos. Foram 211 mandados de busca e apreensão, 800 policiais, 80 auditores da CGU envolvidos”, acrescentou.
Carvalho também reforçou que a CGU atua de forma preventiva, fazendo auditorias e orientações em órgãos públicos para prevenir casos de corrupção, mas que a investigação eventualmente levou a uma ação policial para responsabilizar os criminosos.
“Muitas vezes, a atividade de prevenção vira repressão, porque você identifica um problema e aí você tem que atuar. Como o ministro (Jorge) Messias (Advocacia-Geral da União) falou, tinha um crime sendo cometido contra os aposentados brasileiros”, disse o ministro.
CGU não alertou governo, disse Rui Costa
Em entrevista ao jornal O Globo publicada hoje, Rui Costa reclamou que a CGU não alertou diretamente o governo sobre o esquema ilegal que desviou até R$ 6,3 bihões das contas de aposentados e pensionistas do INSS.
“O papel da Polícia Federal é apurar o crime. O da Controladoria é impedir o crime. São naturezas diferentes. A Controladoria-Geral tem o papel de evitar o problema, apontar falhas de procedimentos”, comentou o chefe da Casa Civil.
Rui Costa afirmou também que a Controladoria não apresentou a dimensão do caso ao ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, que pediu demissão por conta do escândalo. Para Rui, isso causou a demora do governo para responder devidamente à crise.
“Ao fim e ao cabo, nós deixamos passar dois anos, período no qual mais pessoas foram lesadas, para poder corrigir o problema? O papel da Polícia Federal não é mesmo o de avisar nada a ninguém, é apurar ato criminoso. Ela está no papel dela, correto, sem reparo. Agora, a função de qualquer Controladoria é preventiva e não corretiva ou punitiva”, enfatizou.
Tribuna Livre, com informações da Controladoria-Geral da União (CGU)