10/11/2025

Motorista que atropelou corredores e disse que ‘não daria em nada’ é solta pela Justiça sem fiança

Vítimas foram atropeladas por motorista embriagada — Foto: Arquivo pessoal

Engenheiro de produção, de 49 anos, teve traumatismo craniano e segue internado no Hospital Geral de Roraima. Jully Gabriella Passos Mota, de 26 anos, chegou a dizer que ‘aguardaria o pagamento da fiança para ser liberada’.

A propagandista médica Jully Gabriella Passos Mota, de 26 anos, presa por atropelar corredores de rua foi solta pela Justiça neste domingo (30) na audiência de custódia sem pagar fiança. O caso aconteceu no sábado (29). Quatro corredores ficaram feridos. Ela ainda tentou fugir e chegou a ironizar a situação dizendo que “não daria em nada”.

A decisão pela soltura de Jully foi da juíza Noêmia Cardoso Leite de Sousa, da comarca de Boa Vista. Ela entendeu que a “aplicação de medidas cautelares diversas da prisão seriam suficientes para evitar a prática de outras infrações penais”.

Por meio de nota, a defesa de Jully afirmou que a soltura seguiu fundamentos legais, considerando a tipificação do caso no Código de Trânsito Brasileiro e o fato de a acusada não possuir antecedentes criminais. A nota lamenta o ocorrido, presta solidariedade aos envolvidos e repudia ameaças ou incitação à violência. A defesa também acusa um vereador de incitar violência contra Jully e que adotou “medidas cabíveis”.

Os corredores feridos são da equipe Runners Team. Ficaram feridos um engenheiro de produção dono de uma metalúrgica, de 49 anos, e a esposa dele, uma empresária de 25, além de outro casal, de 43 e 38 anos. O atropelamento foi por volta das 4h40 durante um treino coletivo com cerca de 30 atletas. Na delegacia, Jully foi autuada em flagrante por lesão corporal culposa de trânsito e lesão corporal qualificada pela embriaguez ao volante.

O estado do engenheiro é o mais grave. Ele sofreu um traumatismo craniano e está em estado ainda grave no Hospital Geral de Roraima (HGR), passou por cirurgia e permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A esposa teve ferimentos leves e foi liberada.

O outro casal sofreu fraturas nas pernas e ferimentos na cabeça. A mulher quebrou a perna direita e bateu a cabeça, enquanto o marido também fraturou a perna e teve uma lesão na cabeça. Ambos estão internados no setor de ortopedia do HGR.

A juiza também levou em consideração para soltar Jully o fato dela não ter antecedentes criminais e possuir casa e trabalho fixo.

“O relato de todas as vítimas é uníssono no sentido de que a flagranteada foi a responsável pelo atropelamento de três corredores, e que a infratora estava em visível estado de embriaguez. Ainda, relataram que não escutaram som de frenagem antes ou após o impacto, bem como, ao descer do veículo, a condutora não demonstrou surpresa ou solidariedade com a situação, tentando se evadir logo em seguida. Afirmaram que após ser impedida de fugir, a flagranteada, ainda, disse, com ironia, que ‘não daria em nada’, e ‘aguardaria o pagamento da fiança para ser liberada'”, destacou a juíza na decisão que a liberou Jully.

A decisão da juíza se baseou no princípio de que a “prisão anterior à sentença condenatória é medida de exceção, devendo ser mantida ou decretada apenas quando evidente a sua necessidade ou imprescindibilidade”. Foram impostas medidas cautelares à jovem, sendo elas:

•             Comparecimento mensal em juízo;

•             Comunicar qualquer mudança de endereço;

•             Não se ausentar da Comarca por mais de 8 (oito) dias sem comunicar ao Juízo;

•             Não frequentar bares e estabelecimentos que vendam bebidas alcoólicas;

•             Recolhimento domiciliar no período noturno das 20h00 às 06h00, de segunda à sexta-feira, e recolhimento domiciliar integral aos finais de semana e nos dias de folga.

•            

A equipe Runners Team publicou uma nota de repúdio à soltura de Jully, destacando a “profunda indignação e repúdio à decisão da Justiça de Roraima”.

“A condutora estava, de acordo com o relato de testemunhas e vídeos divulgados na internet, em flagrante estado de embriaguez ao volante, o que torna sua conduta ainda mais grave e irresponsável. A soltura dela é um precedente perigoso e envia uma mensagem equivocada à sociedade: que a embriaguez ao volante e o risco de colocar a vida dos outros em perigo não têm consequências”.

“Não podemos aceitar que a justiça não priorize a segurança e a proteção da vida humana”, publicou a equipe nas redes sociais.

Atropelamento dos corredores

À Rede Amazônica, um colega dos corredores atingido disse que viu quando as quatro vítimas foram atropeladas. Ela corriam no acostamento, na parte de terra, quando foram atingidos pela picape conduzida pela motorista. A Polícia Militar esteve no local, fez o documento de constatação de embriaguez da condutora.

De acordo com a GCM, a motorista estava em estado visível de embriaguez, com sinais como sonolência, olhos vermelhos, e odor de álcool no hálito. Ela relatou aos guardas que voltava de uma festa, onde ingeriu bebida alcoólica, estava indo para casa, no Pedra Pintada, mas que “não se recordava do que de fato acorreu no local do acidente”.

Duas mulheres que corriam com o grupo disseram que depois da batida, o engenheiro e o outro homem atropelado ainda foram arrastados por alguns metros. A motorista ainda tentou sair do local, mas foi impedida pelo grupo de corredores.

“Quando um dos presentes tentou impedir sua fuga retirando a chave do veículo, ela [motorista que causou o acidente] o empurrou e afirmou, com ironia, que “não daria em nada” e “apenas aguardaria o pagamento da fiança para ser liberada” e que durante todo o tempo, a condutora não demonstrou qualquer solidariedade com as vítimas, mantendo um tom sarcástico em suas falas”, cita trecho do relatório de ocorrência do acidente.

A motorista se recusou a fazer o teste do bafômetro. No entanto, a constatação de embriaguez foi feita por meio do relatório de constatação dos sinais alteração da capacidade psicomotora feito pela PM.

Além disso, uma equipe de peritos da Polícia Civil esteve no local para coletar as evidências que do acidente. A motorista foi presa e levada ao 5º Distrito Policial. Na delegacia, ela foi autuada em flagrante por lesão corporal culposa de trânsito e lesão corporal qualificada pela embriaguez ao volante.

Em nota, o Runners Team agradeceu o apoio que o tem recebido em solidariedade às vítimas. “Gostaríamos de agradecer a todos os atletas, amigos, familiares e equipes de corrida de nossa cidade que prontamente se solidarizaram com nossos amigos. Vamos juntos nos unir em oração para o restabelecimento da saúde de nossos atletas.”

Tribuna Livre, com informações do G1 Roraima

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