Com o objetivo de assegurar um atendimento abrangente e ininterrupto, a Secretaria de Saúde oferece tratamentos específicos para Pessoas com Deficiência (PcDs). A celebração do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência ocorre neste domingo, 3 de dezembro.
Após um acidente automobilístico em maio de 2021, a vida de David Gabriel Amâncio, 21, sofreu uma reviravolta. Devido à lesão cerebral resultante da colisão contra um poste, ele ficou tetraparético, perdendo parcialmente as funções motoras dos membros superiores e inferiores. O Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado neste domingo (3), foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992 para promover os direitos e o bem-estar das PcDs em todas as esferas da sociedade e do desenvolvimento. A rede pública de Saúde do Distrito Federal oferece tratamentos específicos para esses pacientes.
As sequelas do acidente de David comprometeram não apenas a mobilidade, mas também a fala e a capacidade de comandar os músculos. Seu irmão, Douglas Amâncio, relembra: “Ele não respondia aos comandos, não falava, se alimentava por sonda e tomava diversos antibióticos por conta de uma infecção.” Após mais de dois meses de internação nos hospitais Regional de Santa Maria (HRSM) e de Base (HBDF), David iniciou a reabilitação. Devido à espasticidade, ele precisou da aplicação de toxina botulínica, popularmente conhecida como botox. Encaminhado ao Centro Especializado em Reabilitação (CER) II de Taguatinga, ele recebeu o tratamento. Segundo a neurologista Alessandra Avellar, o procedimento visa relaxar o músculo, reduzindo a rigidez causada por lesões cerebrais.
No CER II, David recebe acompanhamento em diversas áreas, incluindo fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e consultas com um psicólogo. Seu irmão destaca a importância do centro para o progresso de David, mencionando melhorias na mobilidade e na comunicação. Outro paciente, Edilson Vieira, 49, autônomo, também recebe aplicação de toxina botulínica no CER II de Taguatinga após perder os movimentos do lado esquerdo do corpo devido a um acidente vascular cerebral (AVC). Com um ano de tratamento, Edilson celebra uma melhora significativa em sua condição, destacando a recuperação da mobilidade e até mesmo o retorno à direção de veículos.
Joaquim Emanuel Barbosa, 44, nascido com deficiência auditiva e diagnosticado na fase adulta com Transtorno do Espectro Autista (TEA) grau II, participa quinzenalmente de terapias em grupo para autistas adultos, promovidas pela unidade de Taguatinga. Ele destaca a importância dessas sessões para o compartilhamento de informações, conhecimentos e experiências pessoais, contribuindo para questões psicológicas e promovendo uma interação mais acessível.
As histórias de David, Edilson e Joaquim destacam a relevância do acesso a serviços especializados e do suporte emocional para esse público. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2022 revelam que o Brasil possui 18,6 milhões de PcDs, representando cerca de 8,9% da população com 2 anos de idade ou mais. O Distrito Federal, na região Centro-Oeste, apresenta o menor percentual desse grupo, com 7,8% (234,8 mil pessoas).
A Secretaria de Saúde destaca a estrutura do DF para atender às demandas desse público, com Unidades Básicas de Saúde como a principal porta de entrada na rede. A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPCD) abrange UBSs, ambulatórios, UPAs, hospitais e outros pontos de atendimento. Os serviços incluem reabilitação física, auditiva, visual e intelectual, bem como órteses e próteses personalizadas. A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, enfatiza o compromisso em garantir um atendimento de qualidade e destaca a estruturação do DF para atender às demandas da população com deficiência.
A RCPCD oferece uma variedade de serviços, incluindo fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e atendimento médico especializado. O programa de órteses e próteses visa proporcionar autonomia e melhorar a qualidade de vida, com dispositivos sob medida, como cadeiras de rodas, próteses avançadas, órteses e outros. Pacientes amputados recebem treinamento inicial de equilíbrio, fortalecimento e preparação para a colocação da prótese.
A chefe do Núcleo de Produção de Órteses e Próteses (Nupop), Mariane Ramos, destaca a importância da avaliação profissional no Núcleo de Atendimento Ambulatorial de Órteses e Próteses e Materiais Especiais (Naompe), onde o paciente é inserido na lista de espera para os dispositivos solicitados. O fornecimento ocorre por ordem de inscrição e está sujeito à disponibilidade dos materiais em estoque.
A secretária de Saúde enfatiza o compromisso do DF em atender às necessidades específicas das PcDs e ressalta a organização da rede para ampliar o acesso e melhorar a qualidade dos serviços oferecidos. A RCPCD atua de forma articulada, com foco em identificar as necessidades dos pacientes com deficiência e garantir um atendimento integral e contínuo.
Tribuna Livre, com informações da Secretaria de Saúde