02/07/2025

O mercado de capitais está cada vez mais presente como fonte de financiamento para o setor imobiliário.

Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) segue liderando a participação entre as fontes de recursos, mas passou de 40% em 2022 para 36% em agosto deste ano - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Nos últimos cinco anos, houve um aumento no registro de fundos e títulos imobiliários, alcançando uma participação de 38% no total de financiamentos.

Devido à queda nos recursos da poupança, resultante de retiradas que superam os depósitos, o mercado imobiliário tem se voltado para outras fontes para atrair mutuários e concretizar negócios. Nesse cenário, o mercado de capitais emerge como uma das principais alternativas de financiamento para o setor.

O Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), historicamente líder em participação entre as fontes de recursos, registrou uma queda de 40% em 2022 para 36% em agosto deste ano. Enquanto isso, fundos e títulos imobiliários testemunharam um crescimento exponencial nos últimos cinco anos, aumentando de 34% no ano passado para 38% em 2023. Em contrapartida, os financiamentos por meio do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) mantiveram-se estáveis, representando 26% do total.

As Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs), por exemplo, tiveram um salto de 87% em apenas um ano, passando de R$ 48 bilhões para R$ 90 bilhões, aumentando sua participação de 3% para 5% do total no mesmo período. Enquanto isso, as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) cresceram 70%, indo de R$ 141 bilhões para R$ 239 bilhões, com a participação subindo de 8% para 12%. Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) aumentaram 39%, de R$ 106 bilhões para R$ 148 bilhões, elevando a fatia de 6% para 8%.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, expressou preocupação devido à perda de recursos da poupança, fundamental para o financiamento imobiliário. Ele mencionou a necessidade de impulsionar outras formas de financiamento do crédito imobiliário, citando instrumentos de captação privada, como CRIs e LCIs, que demonstraram um desempenho “relativamente bom”.

Para o diretor executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Felipe Pontual, essas modalidades visam atrair um novo tipo de investidor. Ele destacou que, embora a poupança ainda seja amplamente utilizada, muitos no Brasil que têm capacidade de poupar procuram por outros instrumentos.

Pontual afirmou que a diversificação de fontes de captação privada pode acelerar a participação do crédito imobiliário no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, especialmente com o investimento em modalidades de longo prazo, adequadas para financiar imóveis.

No entanto, Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), ressaltou desafios do setor, como as altas taxas de juros e a dificuldade dos cidadãos em obter crédito, enfatizando a necessidade de ações para agilizar a redução da taxa SELIC e expandir as fontes de recursos para compradores de imóveis da classe média.

A caderneta de poupança, por sua vez, tem registrado saques superiores aos depósitos nos últimos meses, o que a levou a uma perda de recursos desde 2021, afetada pela inflação elevada, o endividamento das famílias e as altas taxas de juros. Em 2021, o saldo foi negativo em R$ 103,2 bilhões, o pior resultado desde o início da série histórica em 1995.

Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos de construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), alertou que a mudança na composição das fontes de financiamento pode encarecer o crédito imobiliário. Ela destacou que, embora as taxas de juros tenham caído recentemente, a captação no mercado pode resultar em custos maiores para os empréstimos habitacionais.

A Caixa Econômica Federal, ciente da importância do financiamento para reduzir o déficit habitacional, busca desburocratizar o acesso ao crédito. A ex-presidente Maria Rita Serrano mencionou a relevância do FGTS e a necessidade de repensar a poupança para torná-la novamente atrativa, propondo a liberação do compulsório vinculado ao financiamento habitacional como uma alternativa.

A instituição financeira atingiu um recorde na concessão de crédito imobiliário no terceiro trimestre de 2023, impulsionada pelas mudanças no Programa Minha Casa, Minha Vida. Com 68,27% de participação no mercado imobiliário, a Caixa concedeu R$ 51,3 bilhões em financiamentos para aquisição da casa própria, um marco na série histórica da instituição.

Tribuna Livre, com informações do SBPE

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