19/11/2025

O retorno da “Turma do Tapete Mágico” expõe crise entre INSS e Ministério da Previdência e escancara a ocupação petista na autarquia

Reprodução

Com mudanças silenciosas, substituições estratégicas e portarias controversas, o INSS se transforma em campo de disputa política

Por Mino Pedrosa

Uma silenciosa, mas contundente, reorganização política vem tomando conta da maior autarquia da América Latina. Longe dos holofotes da imprensa tradicional, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vive um processo de reestruturação que, para fontes internas, lembra uma velha prática dos bastidores de Brasília: o retorno da chamada “turma do tapete mágico”, onde decisões são tomadas longe do olhar público, camufladas sob o manto da “continuidade técnica”.

O processo começou com a saída de Carlos Lupi (PDT) do comando do Ministério da Previdência Social (MPS), em meio à deflagração da Operação “Sem Desconto”, da Polícia Federal, que mirou o uso indevido de estruturas sindicais ligadas à Previdência. Embora Lupi tenha declarado que deixou o cargo por vontade própria, sua saída marcou o fim de um ciclo em que o PDT blindava a autarquia contra interferências externas — especialmente do PT.

Em seu lugar, Lula nomeou Gilberto Waller Júnior, apelidado nos corredores da capital de “Marechal Mandaller Júnior”, para “arrumar a casa”. No entanto, ao contrário do que se esperava, o novo comandante manteve intacto o núcleo herdado do antecessor, optando por preservar figuras estratégicas da gestão anterior sob o argumento da continuidade administrativa.

Clima de guerra fria institucional

A troca de comando, no entanto, não pacificou os ânimos. Pelo contrário. A relação entre o INSS e o MPS azedou. O novo presidente da autarquia passou a promover mudanças em superintendências e cargos estratégicos sem sequer comunicar o novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz, também do PDT. O resultado é um Ministério esvaziado, alheio às próprias decisões administrativas.

A crise atingiu proporções tão graves que chegou ao gabinete da ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, convocada para mediar o impasse. “Se for para receber aviso por portaria, o ministro podia abrir um clipping no Diário Oficial”, ironizou uma fonte ligada ao MPS.

O avanço do PT e a marginalização do PDT

Enquanto isso, o PT avança silenciosamente. Nomeações estratégicas estão sendo feitas sem alarde, mas com clara direção. Um dos principais exemplos dessa movimentação é a ascensão de Lea Bressy Amorim, ligada à antiga gestão, mas hoje apadrinhada por alas petistas. De superintendente em Brasília a diretora de Gestão de Pessoas, Lea agora figura como substituta eventual da presidência do INSS, conforme a Portaria MPS nº 1.468/2025, e é cotada para assumir a recém-criada superdiretoria de Atendimento e TI.

A movimentação não para por aí. Com Lea prestes a migrar para a nova função, a vaga de diretora de Gestão de Pessoas poderá ser ocupada por sua aliada Yveline Brandão, atual coordenadora-geral da área e ligada ao PT do Ceará. A sinalização é clara: o PDT está sendo empurrado para o banco de reservas enquanto o PT assume o controle total do jogo institucional.

Reestruturação ou cortina de fumaça?

A mais recente portaria publicada pela presidência do INSS, a PT nº 1.848, aprofunda essa guinada. O documento esvazia a Diretoria de Benefícios, empurrando Márcia Eliza de Souza — conhecida por enfrentar pressões sindicais — para o segundo lugar na linha sucessória da autarquia. Ao mesmo tempo, planta as bases da superdiretoria de Atendimento e TI, que promete “humanização do atendimento” e “reestruturação institucional”, mas sem previsão de orçamento, de pessoal ou de estrutura operacional.

Nos bastidores, o projeto é visto como um plano político disfarçado de modernização. “É a blindagem perfeita para um projeto de poder”, diz uma fonte interna. O apelido que já circula nos corredores é “Presidenta Blindete”, em referência ao favoritismo de Lea Bressy para assumir o comando definitivo do INSS.

Ministério da Participação Simbólica?

Com a autarquia sendo reorganizada sob lógica de apadrinhamento e alianças políticas, o Ministério da Previdência caminha para se tornar uma pasta decorativa. “O PDT perdeu o bonde. Agora o ônibus é petista, e o cobrador se chama Gleisi”, ironiza um técnico da área. Há, inclusive, quem defenda que o nome do ministério seja alterado para “Ministério da Participação Simbólica”, dado o enfraquecimento institucional do órgão frente ao avanço do INSS sobre suas atribuições.

Tribuna Livre, com informações do Portal Fatos Online

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