Nesta segunda-feira (16/10), o Rio Negro atingiu a marca de 13,59 metros, estabelecendo o nível mais baixo já registrado em 120 anos de medição.
Nesta segunda-feira (16/10), o Rio Negro em Manaus atingiu o mais baixo nível já registrado. Às 5h40, o indicador marcou 13,59 metros, superando em quatro centímetros a maior seca histórica anterior, de 2010, que era de 13,63 metros. Em apenas um dia, o nível do rio diminuiu mais de 10 centímetros, uma redução sem precedentes. Desde sábado (14/10), a diminuição acumulada foi de 32 centímetros.
Esses números evidenciam que a queda do nível, além de ser mais acentuada, está ocorrendo de forma mais rápida. As medições do fim de semana mostraram uma diminuição de menos de 13 centímetros no sábado (14/10), menos 9 centímetros no domingo (15) e menos 10 centímetros nesta segunda-feira (16/10). Na última terça-feira (10/10), o Rio Negro tinha uma cota de 14,29 metros, indicando uma diminuição de 70 centímetros em apenas seis dias.
Esta é a pior seca registrada em mais de um século desde que começaram a monitorar o nível do Rio Negro. Até hoje, as secas mais severas ocorreram em 2010 (13,63 metros), 1963 (13,64 metros) e 1906 (14,20 metros). A previsão é que o rio continue a baixar nos próximos 10 dias, já que a estiagem amazônica deve persistir até o final de outubro.
Essa seca histórica em Manaus ocorre apenas dois anos após o Rio Negro ter atingido sua maior cheia em 2021, alcançando 30,02 metros. Quatro municípios situados na calha do rio, incluindo São Gabriel da Cachoeira, Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e a capital, Manaus, estão em estado de emergência, enquanto Novo Airão está em alerta.
As principais preocupações incluem o esgotamento de rios e afluentes, deixando comunidades isoladas e sem acesso à água potável. Com a diminuição das águas, as margens do Rio Negro e os igarapés estão acumulando resíduos domésticos, como garrafas PET, sacos plásticos e peixes mortos. Uma dessas áreas afetadas é a Manaus Moderna, na zona sul da capital. Mesmo estando interditada devido à vazante extrema, a Praia da Ponte Negra foi invadida por banhistas, exigindo intervenção da Guarda Municipal.
A seca também tem contribuído para o aumento das queimadas no Amazonas. Atualmente, 50 municípios estão em situação de emergência e 10 em alerta. A seca dos rios e os incêndios já afetaram cerca de 112 mil famílias, totalizando 451 mil pessoas. Desde o início do ano até 13 de outubro, foram registrados 17,6 mil focos de incêndio no estado. Para intensificar os esforços no combate aos incêndios, 99 brigadistas chegaram a Manaus no domingo (15/10).
Apesar da chuva no sábado (14/10), que trouxe alívio para os moradores da capital após três dias consecutivos de fumaça de incêndios e calor intenso, a qualidade do ar em Manaus ainda é prejudicada devido às queimadas próximas à cidade. Desde o início de outubro, a poluição resultante das chamas cobre a capital amazonense.
Tribuna Livre, com informações da Agência Brasil