A aquisição de roupas de segunda mão é impulsionada por preços acessíveis e práticas de reciclagem. Conforme revelado por uma pesquisa do Boston Consulting Group, 70% dos consumidores que compram em brechós destacam a apreciação pelo aspecto sustentável.
O setor da moda está experimentando uma revolução impulsionada pelo crescente interesse na economia circular e no desenvolvimento sustentável. O cerne desse conceito é prolongar ao máximo possível a circulação de recursos, visando evitar o desperdício, a exploração excessiva de recursos naturais e a geração de resíduos. Comercialmente falando, os brechós têm demonstrado ser uma opção viável, impulsionados por um mercado em expansão e pelo aumento do interesse na sustentabilidade.
Os brechós desempenham um papel crucial na moda circular, oferecendo uma alternativa mais acessível para adquirir novos looks. É uma oportunidade tanto para quem deseja vender quanto para quem quer comprar roupas usadas a preços mais acessíveis em comparação com produtos novos. Os consumidores não apenas economizam dinheiro, mas também contribuem para a redução do descarte desnecessário de peças.
De acordo com dados de um estudo sobre Moda Sustentável conduzido pelo Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a Enjoei, atualmente, 70% dos compradores em brechós destacam a preferência pelo aspecto sustentável do consumo, um aumento de 12 pontos percentuais em relação aos 62% registrados em 2018.
A escolha por itens de segunda mão muitas vezes reflete uma busca por qualidade em detrimento da quantidade, valorizando peças já presentes no guarda-roupa e minimizando o consumo excessivo. A facilidade em repassar roupas que estão paradas, liberar espaço no guarda-roupa e abraçar uma jornada mais sustentável são motivos fundamentais para o aumento da venda de peças usadas nos últimos anos, conforme revelado pela pesquisa do BCG.
A pesquisa também indica que 56% dos brasileiros já realizaram pelo menos uma transação, seja de compra ou venda, de artigos usados. As projeções apontam para um crescimento de 15% a 20% no mercado de itens usados até 2030, superando o valor do segmento de fast fashion. No entanto, 44% dos entrevistados não participam da compra ou venda de artigos de segunda mão. O estudo contou com a participação de três mil brasileiros em todo o país.
A conscientização ambiental crescente tem impulsionado escolhas mais responsáveis, como comprar peças de segunda mão, refletindo um estilo de vida mais sustentável. A tendência aponta para uma mudança nos modelos de negócios dentro da economia circular, destacando a importância de ressignificar o uso de itens usados e uma mudança na mentalidade dos consumidores.
Empreendimentos como o Peça Rara Brechó exemplificam esse novo modelo de negócio, conectando fornecedores a novos consumidores em um ciclo virtuoso que evita o desperdício e agrega valor aos produtos. O brechó se torna uma alternativa não apenas para quem vende, recuperando parte do investimento, mas também para quem compra, tendo acesso a itens de qualidade a preços mais acessíveis.
A atriz Deborah Secco, sócia do Peça Rara Brechó, destaca a importância de ensinar a economia financeira nas escolas e destaca que um dos maiores desafios é superar o preconceito em relação à compra de peças usadas. O exemplo de consumo consciente, como comprar peças de segunda mão, é uma forma de educar as futuras gerações sobre a importância da sustentabilidade.
Os brechós têm potencial não apenas para fornecer um novo lar para itens usados, mas também para valorizar ainda mais as peças por meio de processos de customização e upcycling. Essa transformação de itens que não podem ser reparados em novos produtos mostra as diversas possibilidades de produtos sustentáveis. O aumento do interesse nos brechós e a mudança de mentalidade em relação à moda circular podem contribuir significativamente para a redução da poluição causada pela indústria têxtil.
O Singular Brechó, situado em Brasília, é um exemplo regional do sucesso dos brechós, proporcionando uma nova perspectiva de consumo mais consciente. A empresária Isabelly Monteiro ressalta que a moda circular possibilita um estilo de vida sustentável, oferecendo opções de compra em brechós e marcas autorais. O consumo consciente e a ascensão dos brechós no Brasil têm o potencial de transformar o cenário da moda, promovendo a diminuição da poluição e uma abordagem mais ética e responsável.
Tribuna Livre, com informações do Boston Consulting Group (BCG)