Thiago Pampolha, então vice-governador do Rio, discursa em formatura de projeto social, com governador Cláudio Castro (ao fundo)
A ONG Con-tato, suspeita de desvios de recursos de emendas parlamentares, usou ao menos R$ 1,17 milhão de recursos do governo do estado do Rio para custear eventos que não têm comprovação de terem sido realizados, entre 2023 e 2024. Mais de um terço desse montante (R$ 436 mil) foi pago a uma empresa registrada em nome de uma pessoa morta.
Levantamento do UOL baseado na análise de 31 processos de prestação de contas mensais da ONG revela falta de provas mínimas —como registros, fotos, relatórios ou listas de presença— que confirmem a realização dos eventos pagos com dinheiro público.
O que foi gasto em eventos-fantasma:
R$ 436 mil à DHB Empreendimentos Empresariais para a realização de atividades da Semana do Meio Ambiente e cerimônias de encerramento de núcleos. Nenhuma dessas ações aparece nos relatórios da ONG. A DHB, à época, estava registrada em nome de Edson Diniz Ângelo, então com 66 anos, morto em novembro de 2023.
R$ 481 mil à JHD Empreendimentos Empresariais, por serviços de “apoio operacional” em formaturas que também não foram detalhadas nem comprovadas. A empresa compartilha o telefone, hoje inativo, com a DHB.
R$ 250 mil à ArtPlural Produções e Eventos para uma formatura em outubro de 2022 que nunca aconteceu. A mesma cerimônia só foi realizada meses depois por outra empresa (WAX Serviços Especializados), mediante novo pagamento de R$ 368 mil.
Empresa em nome de morto
Foram realizados em junho do ano passado dois pagamentos para a DHB, quando a empresa estava registrada na Junta Comercial em nome de Ângelo. A transferência de propriedade só ocorreu em julho, sete meses após a morte dele —com base em documento com data retroativa de setembro de 2023.
O que foi pago à DHB:
R$ 292 mil para um evento em referência à Semana do Meio Ambiente
R$ 144 mil para a cerimônia de encerramento do projeto
A própria Secretaria de Ambiente e Sustentabilidade, responsável pelo repasse da verba, admite que a ONG não apresentou nenhuma prova de que o serviço pago para a DHB tenha sido realizado e alega estar cobrando explicações há quase um ano, sem sucesso.
Tribuna Livre, com informações do UOL, no Rio.