20/10/2025

Pacientes de câncer de mama no Hospital de Base contam com rede de cuidado que cura corpo e alma

Regina Sousa Bispo se desestabilizou ao descobrir o câncer de mama: "Aos poucos, com o apoio da equipe do Hospital de Base, eu fui voltando a me enxergar com carinho" | Foto: Divulgação/IgesDF

Equipe multiprofissional e voluntários transformam o medo em força

Aos 53 anos, Regina Sousa Bispo descobriu que o câncer de mama não destrói apenas células, ele mexe com sonhos, com a autoestima e com o sentido da vida. Foram sete meses até o diagnóstico definitivo. Os exames de imagem não mostravam nada. Apenas a biópsia revelou o tumor. “Quando ouvi o resultado, foi como se tivessem me dito: você vai morrer. Eu vivia com uma faca no pescoço”, lembra.

No Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), unidade gerida pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), Regina recebeu o diagnóstico, passou por uma mastectomia radical e pela retirada de dez linfonodos.

Foi também na unidade que ela enfrentou os efeitos colaterais da quimioterapia e iniciou a reviravolta no processo de recuperação. “Você sai da cirurgia e não se reconhece. Perdi o cabelo, oito dentes, o corpo mudou. Mas, aos poucos, com o apoio da equipe do Hospital de Base, eu fui voltando a me enxergar com carinho”, conta.

Hoje, em remissão, ela segue o acompanhamento rigoroso a cada três meses. “Oncologistas, mastologistas, enfermeiras, psicólogos e, principalmente, as meninas do centro de infusão — todos aqui têm uma empatia ímpar. Sempre me senti cuidada e orientada com gentileza. A gente passa a querer viver bem a cada dia, mesmo com medo e cansada. Se eu tiver só um dia de vida, quero vivê-lo bem, maquiada e de cabeça erguida”, completa.

Essa mesma força move Valquíria Espíndola, de 47 anos, que descobriu o câncer durante o autoexame. “Eu mesma senti o caroço e procurei ajuda médica. Foi o começo de uma luta, mas nunca estive sozinha”, conta. Em tratamento há um ano, ela está prestes a concluir a quimioterapia e se prepara para a cirurgia. “Desde o início, o pessoal me acolheu muito bem. As meninas da Rede Feminina, os médicos, todos me deram apoio. No Centro de Infusão, o carinho é constante. É isso que nos dá coragem para seguir.”

Os dois lados do atendimento

No Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama, celebrado neste domingo (19), a gerente geral de assistência do Hospital de Base, Fernanda Hak, reforça que o tratamento vai muito além da técnica. “A técnica é essencial, mas é o cuidado que transforma. As cicatrizes e os fios que voltam a crescer são só parte da história. O que floresce mesmo é a coragem de recomeçar”, destaca.

“Eu sei o que é ouvir aquele diagnóstico e sentir o mundo parar”

Arlene da Conceição Vilela, colaboradora do Programa Humanizar

Entre tantas mãos que acolhem, está a de Arlene da Conceição Vilela, colaboradora do Programa Humanizar, iniciativa que promove acolhimento e respeito nas unidades de saúde geridas pelo IgesDF. Antes de ser quem oferece conforto, Arlene foi quem precisou dele. Descobriu o câncer de mama em 2018, passou por cirurgia, radioterapia e cinco anos de tratamento. “Eu sei o que é ouvir aquele diagnóstico e sentir o mundo parar. Por isso, faço de tudo para tratar cada paciente com amor. Um sorriso e uma palavra amiga nos ajudam a curar a alma”, afirma.

Com voz calma e fé inabalável, Arlene resume o que aprendeu com a doença e com o trabalho. “Deus está no controle de tudo. Depois vêm os médicos, o tratamento e o carinho do Humanizar. É isso que sustenta a gente.”

Perto dali, outras mulheres recebem apoio da Rede Feminina de Combate ao Câncer, que atende cerca de mil pacientes por mês e é coordenada por Larissa Bezerra. “Muitas chegam arrasadas, sem saber como vão enfrentar a doença. Nosso papel é mostrar que a vida continua, que há beleza, vaidade e amor mesmo no meio do tratamento”, explica Larissa.

Atualmente, a entidade, com sede no Hospital de Base, mantém 40 projetos, como o de doação de perucas, próteses mamárias, sutiãs adaptados e lenços. “Uma peruca pode parecer algo pequeno, mas devolve identidade e autoestima. Já vimos mulheres chorarem de emoção por se verem de novo no espelho”, relata.

A Rede também acolhe pacientes de outras regiões e mantém uma casa de apoio no Núcleo Bandeirante, onde voluntários e doadores ajudam a garantir o cuidado contínuo.

Compromisso com o cuidado

A chefe de enfermagem do ambulatório onco-hematológico, Larissa Dias, reforça que o acolhimento começa desde o primeiro contato com a paciente. “Hoje conseguimos iniciar o tratamento de forma rápida. Se a paciente chega com o diagnóstico, muitas vezes já encaixamos a quimioterapia para o dia seguinte. Nosso foco é garantir que ninguém espere por cuidado”, explica.

Com os avanços recentes no tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), as chances de cura aumentam e, com elas, cresce também a esperança. Para Larissa, o diferencial do Hospital de Base está no olhar integral.

“Não é só sobre o medicamento. É sobre orientar, conversar, explicar efeitos colaterais, oferecer suporte psicológico e nutricional. É sobre estar presente em cada fase. Hoje, o câncer de mama tem tratamento eficaz e muitas pacientes saem curadas. Mas o que realmente transforma é o cuidado humano, o olhar atento, o toque gentil. Isso é o que cura de verdade”, reforça.

Tribuna Livre, com informações do IgesDF

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