Interrupção no serviço afeta idosos e pessoas com deficiência que dependem do transporte público para atendimento no Crer; prefeitura atribui problema à manutenção da frota
Pacientes de Aparecida de Goiânia que dependem do transporte oferecido pela Secretaria Municipal de Saúde para a realização de tratamentos especializados relatam que o serviço está interrompido há, pelo menos, uma semana. A situação tem afetado principalmente pessoas com deficiência, idosos e usuários com mobilidade reduzida, que enfrentam atrasos, falta de veículos e o risco de perder vagas em tratamentos no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer).
Segundo os pacientes, a ausência do transporte tem provocado faltas consecutivas em atendimentos essenciais, como fisioterapia, hidroterapia e reabilitação neurológica e cardíaca. Em alguns casos, o número de ausências pode resultar na perda da vaga, já que o Crer adota critérios rigorosos de frequência.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia informou que parte da frota está em manutenção, o que levou ao remanejamento de horários e à priorização de pacientes em situação considerada mais grave. A pasta afirmou ainda que o serviço deve ser normalizado “em breve”.
Paciente acumula faltas e teme perder vaga no Crer
Um dos pacientes afetados é Antônio José, de 64 anos, morador do setor Buriti Sereno. Ele utiliza o transporte da prefeitura há cerca de um ano e meio para realizar tratamento de reabilitação no Crer, mas afirma que, há aproximadamente três semanas, deixou de ser buscado nas segundas e quintas-feiras.
Antônio convive com um histórico de saúde considerado grave. Ele já passou por três cirurgias na coluna, duas cirurgias cardíacas — incluindo cinco pontes de safena e uma mamária —, além da colocação de dois stents. Também foi submetido a uma cirurgia no crânio e, no pós-operatório, contraiu uma bactéria que exigiu 90 dias de tratamento com antibióticos.
Com dificuldades severas de locomoção, ele afirma que não consegue utilizar transporte coletivo nem arcar com o custo de deslocamento particular. “Se a prefeitura não me leva, eu não tenho como ir. Já estou com três faltas e, se faltar mais, posso perder a vaga no tratamento que me mantém de pé”, relata.
Segundo o paciente, as respostas recebidas da equipe responsável pelo transporte variaram entre a falta de veículos disponíveis e a informação de que o atendimento estaria restrito, no momento, a pacientes em hemodiálise.
Cadeirante quase perde vaga em tratamento essencial
Outra paciente afetada é Maria da Silva, de 66 anos, aposentada e moradora do Parque Ibirapuera, em Aparecida de Goiânia. Cadeirante e com invalidez permanente, ela utiliza o transporte da Secretaria de Saúde há mais de dois anos para realizar hidroterapia, fisioterapia e acompanhamento psiquiátrico no Crer, onde é paciente desde 2012.
Maria afirma que, devido às falhas no transporte, quase perdeu a vaga na hidroterapia, tratamento que considera fundamental para o controle da dor e para evitar a progressão de suas limitações físicas. “Se eu faltasse hoje, eu perdia minha vaga. São anos lutando para manter esse tratamento”, diz.
Ela relata ainda dificuldades no retorno para casa. Na última sexta-feira, foi deixada no Crer às 9h e só conseguiu retornar após as 13h. “Ficamos horas esperando, sem almoço e sem dinheiro para comprar um lanche”, afirma.
A paciente também questiona as condições da frota municipal. Segundo ela, diversos veículos estariam parados no pátio da Secretaria por falta de manutenção. “Tem muitos carros parados. Poucos estão rodando, são antigos, e a gente se sente inseguro. Isso coloca a vida dos pacientes em risco”, conclui.
Tribuna Livre, com informações das redes sociais






