12/10/2025

Pacientes em momentos finais de vida têm dignidade e acolhimento em hospitais do DF

A ala de cuidados paliativos do HSol conta com uma equipe multiprofissional dedicada | Fotos: Alberto Ruy/IgesDF

No Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, IgesDF mostra que pequenos gestos de carinho podem transformar a despedida em um ato de humanidade

Nos corredores do Hospital Cidade do Sol (HSol), em Ceilândia, o cuidado é de forma suave, no gesto, no olhar, no café quente ou no simples toque de mão. É ali que o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) tem transformado o modo de lidar com a finitude da vida.

Neste sábado (11), Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, o instituto celebra não apenas um serviço oferecido, mas uma filosofia: a de que todo ser humano merece dignidade até o último instante.

Pela primeira vez, as UPAs do Núcleo Bandeirante, Vicente Pires e Ceilândia I passaram a oferecer atendimento em cuidados paliativos, conduzido por médicos especializados. No HSol, o serviço foi reforçado com uma equipe multiprofissional dedicada, garantindo assistência integral e acolhedora a pacientes em estado grave ou sem perspectiva de cura, mas com pleno direito ao bem-estar.

 O cuidado em cada detalhe

A rotina no HSol é marcada por gestos de carinho e atenção. A paciente Severina Mendes da Silva, 77 anos, com Parkinson avançado, está internada há três meses. A nora dela, Helena Costa Falcão, conta que o tratamento vai muito além dos cuidados médicos.

“Todos são muito atenciosos. A equipe conversa, escuta. Minha sogra é lúcida e tem seus desejos atendidos aqui no hospital. Quando pede um doce de leite, um arroz-doce com canela ou até um sorvete neste calor, eles sempre dão um jeito. É um acolhimento que  conforta toda a família”, relata Helena.

De acordo com a fonoaudióloga e chefe da equipe multiprofissional, Camila Alencar Frois, atender aos pequenos desejos é parte do processo terapêutico. “Essas vontades representam conforto. Claro que tudo é avaliado pelo nutricionista, mas buscamos que se sintam bem. Fazemos o máximo para isso”, explica.

Camila, além da função técnica, também arruma tempo para pintar as unhas das pacientes. “Elas me pedem, escolhem a cor e eu faço com carinho. É um momento de vaidade, do resgate da identidade. Virei a manicure oficial delas”, brinca.

Equipe que acolhe com o coração

O hospital dispõe de dez leitos exclusivos para cuidados paliativos em contexto de fim de vida, que recebem pacientes oncológicos e não oncológicos. A maioria tem mais de 80 anos, mas a unidade já acolheu até pacientes centenários. A equipe é formada por psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, que, junto às famílias, elaboram um plano terapêutico voltado ao bem-estar e à autonomia do paciente.

Para a gerente-geral do hospital, Julia Gurgel, o projeto também transformou a forma como os profissionais enxergam o cuidado. “Aprendemos que acolher é um exercício diário. Às vezes a família entende o quadro, no outro dia volta cheia de dúvidas e medo. E a gente está aqui para acolher quantas vezes forem necessárias. Isso nos humaniza. Ensina que cuidar não é só salvar vidas, é amparar a dor com respeito”, reflete.

A enfermeira responsável pela ala de paliativos, Adália Gonçalves, reforça a importância da empatia. “Poderia ser minha mãe ou meu avô. Aqui, cuidamos para que o último momento seja o mais confortável possível”, completa.

Como o serviço funciona

O atendimento é destinado a pacientes em diferentes faixas etárias que necessitam de cuidados paliativos. A triagem é realizada com base na ferramenta internacional SPICT, que avalia a elegibilidade dos casos para esse tipo de acompanhamento.

Quando há indicação, a equipe especializada é acionada. Nas unidades com médicos paliativistas fixos, o atendimento é presencial. Já nas demais, o suporte ocorre por teleconsulta, o que permite avaliação clínica e encontros virtuais com familiares, ampliando o acolhimento e a integração da equipe com o núcleo familiar.

“Parte dos pacientes consegue se recuperar e voltar para casa. Outros permanecem conosco até o fim, sempre com respeito e dignidade”

Arthur Luz, chefe do Núcleo de Cuidados Paliativos do IgesDF

Nos casos mais delicados, o paciente é encaminhado ao HSol, onde o foco é o conforto. A equipe atua no controle de sintomas e na adoção de medidas proporcionais ao quadro clínico, oferecendo um ambiente acolhedor, com atenção especializada e humanizada. “Parte dos pacientes consegue se recuperar e voltar para casa. Outros permanecem conosco até o fim, sempre com respeito e dignidade”, explica o médico paliativista Arthur Luz, chefe do Núcleo de Cuidados Paliativos do IgesDF.

O cuidado no HRSM

No Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), uma equipe exclusiva também se dedica a esse tipo de atendimento. O time é composto por uma enfermeira paliativista e médicos  disponíveis 24 horas, responsáveis por avaliar e responder aos pareceres solicitados pelas

equipes assistenciais.

“Muitas pessoas chegam em busca de atendimento e acabam descobrindo um câncer ou outra doença já em estágio avançado. A partir daí, iniciamos o acompanhamento e oferecemos o suporte necessário, tanto para o paciente quanto para a família, até que ele seja encaminhado para o Hospital de Apoio de Brasília ou para o HSol”, explica a enfermeira Léia Lima.

Mesmo recente, o serviço já apresenta resultados significativos. Em apenas três meses de implantação, houve redução de internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para pacientes sem critérios clínicos para esse tipo de suporte, além da diminuição de procedimentos desnecessários.

“Estamos conseguindo oferecer um espaço adequado, com atenção especializada e humana. Isso evita procedimentos invasivos e proporciona qualidade de vida. Nosso trabalho é aliviar, ouvir e estar presente”, destaca Arthur.

O Instituto planeja expandir o serviço nos próximos meses. “Queremos fortalecer a teleconsulta e incluir mais profissionais paliativistas, garantindo que todas as unidades tenham suporte técnico e humano”, conclui o especialista.

Tribuna Livre, com informações do IgesDF

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