James D. Watson, o biólogo americano cuja descoberta revolucionária da estrutura do DNA em 1953 inaugurou a era da genética, faleceu aos 97 anos. O Cold Spring Harbor Laboratory, em Long Island, onde Watson trabalhou por muitos anos, confirmou a morte.
A contribuição de Watson e do físico britânico Francis Crick, que determinaram a forma tridimensional do DNA, rendeu à dupla uma parte do Prêmio Nobel de Medicina de 1962. A descoberta abriu caminho para a engenharia genética, a terapia genética e outros avanços tecnológicos e medicamentos baseados no DNA.
O livro de memórias de Watson, “A Dupla Hélice”, publicado em 1968, narra a descoberta da forma tridimensional do DNA, mas gerou controvérsia. Colegas criticaram a obra por considerá-la invasiva e por retratar os cientistas como ambiciosos e dispostos a enganar para alcançar seus objetivos. Watson e Crick também foram criticados pelo uso de dados de Rosalind Franklin, sem o devido reconhecimento de sua contribuição.
Em 2007, Watson causou indignação ao declarar que testes indicavam que a inteligência de africanos “não era realmente a mesma que a nossa”. As declarações foram consideradas racistas, levando-o a se aposentar do cargo de chanceler do Cold Spring Harbor Laboratory. Apesar de se desculpar posteriormente, ele reiterou comentários semelhantes em um documentário de 2019, atribuindo diferenças raciais nos testes de QI a fatores genéticos.
Nascido em Chicago em 1928, Watson formou-se em zoologia pela Universidade de Chicago em 1947 e obteve doutorado na Universidade de Indiana, com foco em genética. Em 1951, ingressou no Laboratório Cavendish de Cambridge, onde conheceu Crick e iniciou a pesquisa sobre a estrutura do DNA.
A estrutura da dupla hélice revelou que os degraus da escada eram formados por pares de nucleotídeos. Essa descoberta indicava um possível mecanismo de cópia para o material genético, permitindo que informações genéticas fossem copiadas com precisão de geração em geração.
Após a pesquisa sobre o DNA, Watson ingressou no departamento de biologia da Universidade de Harvard em 1956, onde incentivou a pesquisa focada em células e moléculas, impulsionando a revolução genética. Em 1968, ele assumiu a direção do CSHL, transformando-o em uma instituição de destaque mundial.
Em 1990, Watson liderou o Projeto Genoma Humano, que visava determinar a ordem das unidades químicas que constituem o DNA humano. Ele se opôs ao pedido de patentes de sequências de DNA, defendendo que o conhecimento do genoma deveria permanecer em domínio público. Em 2007, tornou-se a segunda pessoa a ter seu genoma completo sequenciado, disponibilizando-o publicamente.
Fonte: forbes.com.br










