09/11/2025

Palestinos: Tanques e tropas de Israel iniciam a tomada da Cidade de Gaza

Flagrante de bombardeio israelense à Faixa de Gaza registrado a partir da fronteira com o sul de Israel - (crédito: Menahem Kahana/AFP)

Depois de bombardeios, Forças de Defesa de Israel fazem incursão terrestre, na tentativa de acelerar a derrota do movimento fundamentalista Hamas. Ministro da Defesa diz que principal localidade do enclave palestino “está queimando”

Assim que as primeiras tropas invadiram a maior cidade do enclave palestino, Israel Katz — ministro da Defesa israelense — anunciou: “Gaza está queimando”. “As Forças de Defesa de Israel (IDF) estão atacando com punho de ferro a infraestrutura terrorista, e os soldados das IDF lutam bravamente para criar as condições para a libertação dos reféns e a derrota do Hamas. Não vamos ceder nem recuar até que a missão seja concluída”, avisou Katz. A tomada da Cidade de Gaza teve início pouco depois da visita do secretário de Estado americano, Marco Rubio, a Jerusalém, e de uma madrugada marcada por intensos bombardeios.

Dezenas de milhares de palestinos partiam em fuga rumo ao sul, carregando o que conseguiam. De acordo com as IDF, cerca de 400 mil de 1,5 milhão de moradores abandonaram a Cidade de Gaza. Um vídeo mostrou uma camionete em chamas, supostamente atingida por um bombardeio israelense que matou cinco desabrigados. No primeiro dia da incursão terrestre na Cidade de Gaza, a Comissão Internacional Independente de Investigação da Organização das Nações Unidas (ONU), concluiu que “está acontecendo um genocídio” no território palestino.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, admitiu que Israel está decidido a “ir até o fim” e não está aberto a negociações de paz sérias. “O mundo inteiro grita pela paz. Palestinos e israelenses gritam pela paz. Todos querem o fim disso, e o que vemos é uma nova escalada, total e completamente inaceitável”, declarou Volker Turk, alto comissário da ONU para os Direitos Humanos.

Durante visita ao Centro de Comando das IDF, em Kirya, na presença de Katz e de comandantes militares, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, traçou as metas da operação na Cidade de Gaza, mas, curiosamente, não citou os reféns em poder do grupo fundamentalista islâmico Hamas desde 7 de outubro de 2023. “Nossas forças estão operando na Cidade de Gaza com o objetivo de alcançar a derrota do inimigo, mas também de remover a população”, afirmou o chefe de governo.

Janela de tempo

Na segunda-feira (15/9), ao embarcar para o Catar, Rubio ressaltou o “apoio inabalável” ao Estado de Israel e alertou sobre a urgência de se alcançar uma trégua em Gaza. “Acreditamos que temos uma janela de tempo muito curta para chegar a um acordo (de cessar-fogo). Não temos mais meses, mas provavelmente dias”, disse.

Morador da Cidade de Gaza, o repórter fotográfico Ahmed Al Arini, autor da foto de um bebê desnutrido que se espalhou pelo mundo, contou que as IDF dispararam artilharia pesada contra os bairros de Sheikh Radwan, Al-Karama e Al-Saftawi. “Esses ataques foram acompanhados por rajadas de drones quadricópteros israelenses”, comentou. “Os bombardeios também atingiram terras agrícolas.”

Por sua vez, o também fotógrafo Abood Abusalama, 28 anos, relatou que as tropas de Israel se movem rumo ao coração da Cidade de Gaza e depois recuam. “É como se estivessem brincando de gato e rato conosco. Os tanques estão na área de Abu Escandar, no norte da Cidade de Gaza, e as pessoas vivem com medo e com ansiedade a todo o momento”, disse à reportagem. “A situação é extremamente tensa, e a cidade experimenta constante terror.” 

Jornalista e voluntário humanitário, Hassan Salem, 26, também se refugiou na Cidade de Gaza. “A situação piora a cada minuto, com a escalada de bombardeios insanos”, afirmou ao Correio. “O deslocamento da população é extremamente difícil, com o custo inflacionado de transporte e a dificuldade de se mover por Gaza.”

VOZES PALESTINAS

“A situação é trágica. Os bombardeios aumentam, dia após dia, no norte de Gaza e na Cidade de Gaza. Nas ruas, as pessoas estão aterrorizadas, não encontram abrigo, enquanto o exército concentra seus ataques impiedodamente contra os civis. Algumas pessoas querem ficar na Cidade de Gaza simplesmente porque não têm como ir para o sul, mas também não há lugar para elas lá. Palavras não podem descrever a magnitude do sofrimento.”

Abood Abusalama, 28 anos, fotógrafo palestino, morador de Jabaliya, refugiado na Cidade de Gaza

“Os bombardeios israelenses são aleatórios e atingem diretamente civis, resultando em assassinatos em massa, destruição de prédios e a devastação de tudo ao redor. A vida cotidiana nas áreas onde o exército está presente parou completamente. Com o passar das horas, a intensidade dos bombardeios e assassinatos aumenta, forçando os moradores a fugir em busca de segurança, vivendo com medo constante de serem alvos a qualquer momento.”

Hassan Salem, 26 anos, voluntário humanitário e jornalista, morador da Cidade de Gaza

Investigação da ONU acusa genocídio

Um trio de investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU) acusou Israel de cometer um “genocídio” em Gaza com o objetivo de “destruir os palestinos” que vivem no território e culpou o premiê, Benjamin Netanyahu, e outros funcionários de alto escalão por instigar o crime. A Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU, que não fala em nome das Nações Unidas, afirma que “está acontecendo um genocídio em Gaza”. “A responsabilidade recai sobre o Estado de Israel”, destacou à agência France-Presse Navi Pillay, diretora da comissão, ao apresentar o documento.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel reagiu rapidamente, “rejeitando categoricamente este relatório tendencioso e mentiroso”, e pediu a dissolução da comissão de investigação. O Ministério também afirmou que o relatório “baseia-se inteiramente em falsidades do Hamas, encobertas e repetidas por outros”.

Chris Sidoti, um dos três comissários responsáveis pelo relatório, rejeitou os comentários israelenses em uma coletiva de imprensa, sugerindo que soavam como se tivessem sido retirados do ChatGPT: “Eles sempre dizem a mesma coisa” e “nunca fornecem provas”, afirmou.

Pela primeira vez, uma comissão de investigação acusa Israel de genocídio em Gaza, um termo que a ONU não tinha usado. Para Pillay, o relatório deve “incitar os líderes de alto escalão da ONU” a fazê-lo. Volker Turk, alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, afirmou, após a publicação, que viu “provas cada vez mais evidentes” de genocídio no enclave, devastado pela ofensiva israelense em retaliação ao ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.

Tribuna Livre, com informações da Agence France Presse

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