19/11/2025

PEC da Segurança Pública tem votação adiada após embate na CCJ

O adiamento ocorreu após um pedido de vista coletivo da oposição, que acabou travando a deliberação do texto - (crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados )

Oposição pede vista e obstrui votação; relator retira pontos polêmicos, mas críticas à centralização de poder na União seguem acirrando os debates

Em meio a embates, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara adiou nesta quarta-feira (9/7) a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/2025, que propõe a redistribuição de competências sobre segurança pública entre União, estados e municípios. O adiamento ocorreu após um pedido de vista coletivo da oposição, que acabou travando a deliberação do texto.

Diante de ânimos exaltados e intensas divergências jurídicas e políticas, o presidente da comissão, deputado Paulo Azi (União-BA), interrompeu a sessão diversas vezes. Embora o relator da matéria, deputado Mendonça Filho (União-PE), tenha retirado pontos considerados polêmicos — como o dispositivo que previa a competência privativa da União para legislar sobre segurança pública e sistema penitenciário —, a oposição manteve forte resistência.

“A proposta desrespeita a Constituição e compromete a autonomia dos estados”, afirmou a deputada Caroline de Toni (PL-SC), que classificou a PEC como “nociva para a segurança pública do país”.

Para ela, a centralização das decisões em Brasília esvazia o protagonismo de governadores e enfraquece o combate efetivo ao crime nas regiões. “A Polícia Federal não tem estrutura para combater o crime organizado, não cuida das fronteiras e nem do contrabando”, disse.

Ainda segundo Toni, “a União quer abraçar todas as peculiaridades de diferentes naturezas que tem no país com uma única solução” que enfrentamos em um país tão complexo”, pontuou.

Relatório

Na leitura do relatório, Mendonça Filho reconheceu a necessidade de ajustes. Segundo ele, a proposta original “desnatura o núcleo essencial da Constituição” ao concentrar poderes na União. O relator suprimiu dois trechos: um que dava exclusividade à União para legislar sobre segurança, e outro que concedia às polícias judiciárias exclusividade na apuração de infrações penais — o que, segundo ele, tolheria prerrogativas do Ministério Público e do Legislativo, especialmente nas CPIs.

Apesar das mudanças, a oposição endureceu o discurso. Zé Trovão (PL-SC) questionou a motivação do governo federal. “Querem criar uma superestrutura sem orçamento, sem transparência e sem estudo de impacto. Como confiar numa PEC que vem de um Executivo que entra em favela dominada pelo tráfico com ONG ligada ao PCC”, indagou, em referência à visita do presidente Lula ao Moinho, em São Paulo, no mês passado.

Por outro lado, parlamentares da base governista defenderam a proposta. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), disse que a PEC corrige uma omissão histórica: “A União estava fora do artigo 144 da Constituição. Essa PEC fortalece o papel da Polícia Federal em crimes interestaduais e internacionais. O governo de São Paulo, por exemplo, não enfrenta o PCC sozinho.”

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também saiu em defesa da proposta. “O tema da segurança pública merece mais respeito. A PEC estabelece um sistema único que integra ações para melhor atender a população. Não se trata de retirar autonomia, mas de construir coordenação”, destacou.

Outro opositor da PEC, o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, alertou para o risco de excesso de centralização. “Quem faz segurança pública são os estados e os municípios” segundo ele, e a PEC ignora a realidade e não resolve os “problemas” cotidianos do povo.

Sistema único

Entre os pontos centrais da PEC, estão a constitucionalização do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), a criação de uma Polícia Viária Federal com função ostensiva, a inclusão das Guardas Municipais como órgãos de segurança pública, e a constitucionalização dos fundos nacionais de segurança e sistema penitenciário.

Apesar das críticas, o relator reafirmou seu voto favorável à admissibilidade da PEC, com as emendas supressivas que, segundo ele, corrigem os vícios de inconstitucionalidade e garantem a preservação do pacto federativo.

Com o pedido de vista, a matéria volta à pauta da CCJ nos próximos dias. E caso seja aprovado, a matéria seguirá para uma comissão especial e em seguida ao plenário. Sendo aprovada, passará pela Câmara dos Deputados e logo depois pelo Senado Federal.

Tribuna Livre, com informações da Agência Senado

Leia também
CNJ vê organização criminosa e afasta cunhada de Sarney e magistrados no MA
CNJ vê organização criminosa e afasta cunhada de Sarney e magistrados no MA.
Mendonça determina prisão domiciliar de mulher de ex-procurador do INSS, mãe de bebê de 1 ano
Mendonça determina prisão domiciliar de mulher de ex-procurador do INSS, mãe de bebê de 1 ano
eduardo-bolsonaro-e-tarcisio-de-freitas
Eduardo bolsonaro evita cravar apoio a tarcísio na corrida presidencial de 2026
f1280x720-162567_294242_5050
Ex-presidente do inss detido por suposto esquema de desvios
fta20250929252
Adiamento: votação do pl antifacção é remarcada para 18 de novembro
f1280x720-160698_292373_5050
Haddad critica relator de projeto: 'enfraquece o estado e favorece o crime'
fernando-haddad
Haddad critica relator de pl antifacção e defende discussão ampla
f1280x720-159597_291272_5050
Campeonato de cortes para tarcísio: tática de apoio fabricado em debate
PL quer enquadramento de criminosos como terroristas
PL quer enquadramento de criminosos como terroristas
Derrite recua, desiste de mudar Lei Antiterrorismo e diz que competência da PF será preservada
Derrite recua, desiste de mudar Lei Antiterrorismo e diz que competência da PF será preservada
bolsonaro-condenado
Moraes libera visitas de políticos a bolsonaro em prisão domiciliar
f1280x720-162409_294084_5050
Flávio dino pede investigação da pf sobre emendas a ongs

Chuvas deixam os canteiros ornamentais do DF ainda mais belos

Período chuvoso favorece diretamente à irrigação natural desses espaços A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) aproveita a chegada das chuvas para iniciar a fase de plantio nos canteiros ornamentais que embelezam o Distrito Federal. A estação do ano determina a facilidade de irrigação, um dos fatores estudados

Leia mais...

5 anos de pix: como o sistema transformou as finanças no brasil

O Pix, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central, completou cinco anos, marcando uma transformação significativa no cenário financeiro brasileiro. Lançado em 16 de novembro de 2020, o sistema rapidamente ganhou popularidade, simplificando transações e alterando a forma como os brasileiros lidam com o dinheiro. Desde seu lançamento, o

Leia mais...

Galaxy watch7: o smartwatch para atletas com preço especial

À medida que a Black Friday se aproxima, as ofertas começam a surgir, com destaque para os smartwatches, especialmente aqueles equipados com sensores para monitoramento de atividades físicas. O Samsung Galaxy Watch7, modelo de 40 mm, surge como uma opção para quem busca um aliado nos treinos de corrida, caminhada

Leia mais...

Vítima de explosão em sp é identificada após análise do iml

A identificação da vítima da explosão que destruiu um depósito clandestino de fogos de artifício em São Paulo foi confirmada pelo Instituto Médico Legal (IML). A confirmação encerra a principal incógnita da investigação, que se baseou na forma como os restos mortais foram encontrados dentro do imóvel completamente destruído. A

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.