11/09/2025

Perito diz não haver provas digitais que liguem Zambelli a Delgatti

Michel Spiero, ouvido na CCJ, afirmou que não foram encontradas mensagens ou ordens diretas da deputada para o hacker

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara ouviu nesta quarta-feira (10/9) o especialista em coleta e preservação de provas digitais Michel Spiero. Ele foi convocado para detalhar aspectos técnicos das investigações que levaram à condenação da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti Neto.

Spiero declarou que não há registros digitais que comprovem uma ordem explícita de Zambelli para que Delgatti invadisse sistemas do Judiciário. “Não há nenhuma mensagem de WhatsApp, nenhum documento que ela tenha enviado para ele. Também verifiquei se poderia ter havido comunicação por terceiros, mas isso também não foi identificado”, disse.

O perito apontou restrições no acesso a parte do material periciado. Segundo ele, Delgatti mantinha cerca de 700 gigabytes de dados armazenados em um serviço de nuvem (Mega.io), cujo conteúdo não foi disponibilizado para a defesa da parlamentar. Além disso, e-mails criados pelo hacker para viabilizar as invasões não tiveram o sigilo quebrado. “A Polícia Federal não chegou a solicitar a quebra”, observou.

Spiero explicou ainda como Delgatti conseguiu acessar o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O hacker teria invadido inicialmente plataformas privadas, como GitHub e GitLab, até obter o token que permitiu chegar ao CNJ. “Foi um processo complexo: ele precisou invadir outros dois sistemas antes de acessar o sistema do CNJ”, detalhou.

Histórico de invasões

Questionado se os laudos do caso contradizem o padrão de atuação do hacker, o perito negou. Segundo ele, os registros confirmam que Delgatti já havia realizado invasões em sistemas de empresas como iFood e Magazine Luiza, agindo por conta própria, embora trocasse informações com colegas.

Na avaliação de Spiero, a vinculação de Zambelli ao caso não se sustenta em evidências digitais diretas, mas em outros elementos. “As conclusões não derivam dos dispositivos analisados por mim”, resumiu.

A CCJ marcou nova audiência para o dia 17 de setembro, quando ouvirá a própria Carla Zambelli.

Tribuna Livre, com informações da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)

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