10/11/2025

PSD ganha força com filiação de Eduardo Leite de olho em 2026

Filiação de Eduardo Leite ao PSD "pode se converter em mais prefeitos e vereadores" no RS, diz especialista - (crédito: Divulgação)

Partido tem três ministros no governo, forte ala bolsonarista e, agora, dois presidenciáveis. Para analistas, aumento de influência servirá para cacifar o apoio da sigla

Quatro anos depois da fatídica derrota nas prévias do PSDB para o então governador de São Paulo, João Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tenta se vender como pré-candidato à Presidência da República pelo PSD, sigla à qual é recém-filiado. Diferentemente do PSDB, onde passou mais de 20 anos, Leite não é um “presidenciável natural”, por assim dizer. É um político recém-chegado em um partido que, além de não ter histórico de lançar candidatos viáveis, compõe o que pode se chamar de “Centrão raiz”: faz acordos com quem quer que esteja no poder com o objetivo de se fortalecer e garantir a reeleição dos seus.

Esse foi um dos pontos citados por Aécio Neves, cacique do PSDB, quando publicou uma nota alfinetando Leite e o PSD pela união. “Sei que ele não é um político que consegue ser, ao mesmo tempo, de esquerda, de centro e de direita, como é o partido ao qual acaba de se filiar”, disse o ex-senador derrotado por Dilma Rousseff (PT) na disputa pela Presidência em 2014.

Especialistas avaliam que, embora a estratégia do PSD seja a de se vender como um partido forte, com dois presidenciáveis — Ratinho Júnior, governador do Paraná, já era ventilado como possível candidato desde seu primeiro mandato —, o histórico da sigla não mente: o aumento de influência deve servir apenas para vender mais caro o apoio a quem quer que se eleja em 2026.

Prova disso é que o partido é diverso a ponto de ter três ministros no atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva e também uma ala bolsonarista. Em São Paulo, especificamente, o presidente da sigla, Gilberto Kassab, é secretário de Governo e Relações Institucionais do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos principais nomes para suceder o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como candidato da direita ao Planalto. Desde que o PSD foi fundado por Gilberto Kassab, em 2011 (não se trata do mesmo partido pelo qual Juscelino Kubitschek foi eleito presidente, em 1955, já que a sigla foi extinta pela ditadura militar), o partido nunca lançou um candidato à Presidência da República.

Na quarta-feira passada, Kassab disse que a relação do partido com o governo Lula continua a mesma e que não há discussões sobre ampliar o espaço da sigla na Esplanada. Afirmou, no entanto, que, embora o petista tenha a máquina na mão para lutar pela reeleição, os desgastes de um governo podem “gerar uma expectativa baixa de reeleição”. Evitou falar em apoiar outros candidatos que não Lula em 2026 porque, segundo ele, há aliados do governo no partido.

“A tendência do partido, qualquer grande partido, é sempre haver um esforço para que tenhamos candidato próprio. Felizmente temos um bom candidato, o Ratinho (Júnior, governador do Paraná), temos expectativa, caso se consolide a filiação do governador Eduardo Leite, e ele também ser um pré-candidato, é um desejo dele”, comentou Kassab, dois dias antes da filiação de Leite, que se disse pronto para “liderar o projeto” rumo a 2026.

“Agora me posiciono porque me sinto pronto para liderar o projeto. Ele (Gilberto Kassab) sabe dessa aspiração e desse desejo e sabe que do meu lado jamais será a qualquer custo. Neste momento, é menos sobre os nomes e mais sobre a discussão do projeto”, disse o governador no ato de filiação, na última sexta.

Kassab apontou, ainda, que no caso do governador Tarcísio de Freitas — a quem Eduardo Leite já disse que poderia apoiar, a depender do cenário para o próximo ano —, o político é quem definirá seu futuro. Tarcísio tem boas chances de reeleição para o governo de São Paulo, e, embora seu nome apareça bem também para a disputa pelo Planalto, a presença de Lula e a indefinição na direita para o ano que vem podem prejudicá-lo. “O governador Tarcísio, todos sabem, ele definirá seu futuro. Governador de São Paulo, eu sempre digo que no que ele definir, estaremos ao seu lado”, pontuou.

Modus operandi

Para o professor de ciência política da Fundação Getulio Vargas (FGV), Eduardo Grin, há poucas chances de um candidato da terceira via se destacar em 2026. Ele explica que, embora exista uma diferença do cenário político das últimas eleições com Bolsonaro fora do páreo, os possíveis candidatos do campo da direita vão explorar o extremismo e alimentar a polarização.

No caso do PSD, isso se deve ao perfil da sigla, que sempre se definiu como “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”. A estratégia de apresentar Leite como presidenciável pode até ajudá-lo a garantir mais visibilidade, pensando em eleições futuras, mas, na análise de Grin, é mais provável que o governador dispute uma vaga no Senado pelo Rio Grande do Sul.

“O PSD não é um partido que tem intenção de lançar um candidato a presidente. Ele visa obter mais deputados, senadores, governadores, deputados estaduais, vereadores, para crescer em capilaridade e fundo eleitoral, fortalecendo sua máquina de fazer política. É um partido que estará certamente no próximo governo, não importa quem seja. É isso que o Kassab quer. Se o Kassab tem candidato, ele vai ter que se posicionar (politicamente), algo que ele não quer”, diz Grin.

Para o presidente do PSD, no entanto, a chegada de Eduardo Leite é vantajosa porque amplia a influência da sigla no Rio Grande do Sul, onde o governador tem alianças com prefeitos e vereadores. Com o aumento de capilaridade na região Sul, o PSD tem condições de negociar melhores acordos políticos no ano que vem.

“Eduardo Leite é um quadro importante de um estado importante da Federação, o que pode se converter em mais prefeitos, vereadores. O partido cresce de tamanho e vai ser mais cobiçado ano que vem, que é o que o Kassab quer. Ele quer ser cortejado”, explica o cientista político.

Tribuna Livre, com informações do PSD Nacional

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