Enquanto disputa por espaço e divergências internas colocam em xeque a unidade do Partido Liberal no estado nordestino, o PP se fortalece como alternativa para bolsonaristas no estado
O Partido Liberal (PL) de Pernambuco enfrenta um momento turbulento, com a possível saída de figuras proeminentes do bolsonarismo no estado. Gilson Machado Neto, ex-ministro do Turismo, Gilson Filho, vereador do Recife, e o deputado estadual Coronel Alberto Feitosa, todos da sigla, articulam migração para o Partido Progressistas (PP), de Ciro Nogueira (PI). O movimento escancara um racha interno no PL do estado, que, sob o comando de Anderson Ferreira, vem perdendo a confiança de parte da base conservadora.
Ferreira, porém, garante que “não há crise no PL em Pernambuco”. “O que fica evidente é que existem aqueles que são do PL e os que apenas estão no partido”, disse o presidente estadual da sigla.
Apesar de um embate evidente, ele afirmou que o desconforto dos integrantes do PL em Pernambuco se dá pela falta de confiança em Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL. “Todos têm a liberdade de seguir o caminho que considerarem mais adequado, mas eu tenho o compromisso de continuar trabalhando para fortalecer o projeto do PL em Pernambuco e no Brasil”, destacou.
A fala de Ferreira, no entanto, contrasta com a insatisfação de lideranças bolsonaristas. Gilson Machado não poupa críticas. Segundo ele, os Ferreira (os irmãos André e Anderson Ferreira) não demonstram compromisso real com o bolsonarismo.
“Anderson Ferreira não votou como o Bolsonaro pediu, votou contra Daniel Silveira, votou pela volta do DPVAT. Ele foi o que mais recebeu verba do governo Lula”, disparou o ex-ministro.
A ausência da família Ferreira em eventos de apoio a Bolsonaro também incomoda. “Gravamos um vídeo chamando a população para receber o presidente [Bolsonaro], os Ferreiras não apareceram, como sempre. Parece que não querem falar que são bolsonaristas. Que serviços eles estão fazendo para a direita?”, questionou Gilson.
Apesar das acusações, Anderson nega. “Sempre tive uma boa e respeitosa relação com o ex-presidente Bolsonaro, até porque disputei as eleições majoritárias de 2022 justamente para fortalecer o seu palanque no estado”, rebateu.
O embate se estende à disputa pelo Senado em 2026. Enquanto Valdemar já expôs em vídeo a sua preferência pela candidatura de Anderson Ferreira, Gilson Machado Neto afirma ser o nome escolhido por Bolsonaro. “O candidato de Bolsonaro sou eu. Os bolsonaristas só votam em quem Bolsonaro indicar”, garantiu.
PP no radar
Diante do impasse, Gilson e aliados já conversam com o PP, que se fortalece como uma alternativa viável para o bolsonarismo. A sigla tem estrutura robusta e cresce no cenário nacional, atraindo nomes importantes da direita. “O PP vai estar conosco em 2026. Meu propósito é eleger Bolsonaro, e estou para servir no que ele quiser”, declarou Gilson.
A possível chegada do grupo ao PP pode impulsionar a candidatura de Dudu da Fonte (PP) ao Senado, ampliando a força da legenda em Pernambuco. Para o PL, a debandada representaria um golpe significativo, reduzindo sua influência no estado e deixando Anderson Ferreira politicamente isolado.
Se confirmada, a movimentação redesenha o mapa político da direita pernambucana e evidencia uma mudança de protagonismo. O PL, que antes era o principal abrigo dos bolsonaristas, pode perder espaço para um PP cada vez mais consolidado como a nova casa do conservadorismo no Brasil.
Tribuna Livre, com informações do Partido Liberal (PL) de Pernambuco