Senador disse que texto demorou a ser analisado na Câmara porque foi atrapalhado por “defensores da blindagem e da anistia”
Em mais um capítulo da briga pelo protagonismo da isenção do Imposto de Renda, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) alfinetou seu rival, o deputado Arthur Lira (PP-AL), e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pelo que chamou de demora na aprovação do texto na Câmara.
Sem citar diretamente os deputados, ele disse que ao contrário da Câmara, no Senado, a pauta foi aprovada em uma semana.
“O lado escuro da força volta a ameaçar a isenção do IR até R$ 5 mil, vinculando-a a lobbies e teses inconstitucionais. O Senado priorizou a isenção e aprovou a proposta em uma semana, que está congelada na Câmara há sete meses pelos mesmos defensores da blindagem e anistia”, escreveu.
Calheiros comentava um posicionamento do relator do projeto de lei da dosimetria (ex-anistia), Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que na quarta-feira (24) condicionou a aprovação do IR à votação do texto que reduz as penas dos condenados pelo 8 de Janeiro.
O texto de isenção do IR que tramita na Câmara foi enviado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva à Casa em março e contou com ampla negociação entre o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e Arthur Lira, designado relator por Motta. Na época em que Lira foi designado, governistas comemoram a escolha por entender que o texto teria mais chances de avançar.
Nos últimos dias, no entanto, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, presidida por Renan Calheiros, acelerou a análise a uma proposta de 2019 do senador Eduardo Braga (MDB-AL). O senador passou a relatar a matéria.
A movimentação ligou um alerta na cúpula da Câmara e, em uma reunião de líderes na terça-feira (23), Lira apresentou seu relatório. A votação no plenário foi marcada para 1º de outubro.
Na saída da reunião, deixou claro que Motta prometeu analisar apenas o seu texto sobre o assunto, não havendo espaço para discutir um texto do Senado. No dia seguinte, a CAE aprovou o relatório de Renan em caráter terminativo e o texto foi enviado à Câmara.
Lira mostrou contrariedade em suas redes sociais. “É reprovável que alguns oportunistas queiram fazer politicagem com o projeto de isenção do IR”, escreveu em seu perfil no X. Disse, também, que o texto “foi elaborado com muito diálogo entre todos, que deixaram suas diferenças de lado para construir um projeto importante para o Brasil”.
Tribuna Livre, com informações da Agência Senado