Major da reserva disse que perdeu o emprego por conta do processo e negou que participou de uma trama golpista
O major da reserva do Exército Ângelo Martins Denicoli optou por ficar em silêncio durante o interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF). O militar é um dos réus da suposta trama golpista que pretendia manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder. Apesar de não responder as perguntas, ele pediu a palavra e falou sobre os efeitos do processo sobre sua vida, incluindo a perda do emprego.
A defesa de Denicoli informou que ele não responderia às perguntas da Procuradoria-Geral da República (PGR) nem da juíza Luciana Yuki Fugishita, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes.
Apesar disso, Denicoli pediu a palavra para se defender. Ele afirmou que deixou o Exército em 2013 e que, desde então, não mantém mais contato com militares. O major disse ser inocente e declarou discordar da acusação.
“Nunca servi com nenhum deles [generais]. Em 2013, migrei para a iniciativa privada e presto consultoria e inteligência de negócios. Não sou estatístico nem matemático. Não tenho qualificação alguma para fazer auditoria de urna. Nunca falei em fraude. Nem assessorei para a elaboração de nenhum documento”, disse.
O major prosseguiu dizendo que não integrou nenhuma organização criminosa e que não compreende porque o ex-ajudante de ordens Mauro Cid encaminhou mensagens para ele sobre uma suposta tentativa de golpe.
“Não sou Forças Especiais. Esse processo trouxe pesadas consequências para a minha família. Perdi meu emprego, e minha esposa e filhos não apagam a imagem de policiais entrando dentro da nossa casa”, disse. “Tudo por conta de uma reportagem irresponsável e por ter encaminhado um contato em janeiro, meses depois. Por que o Cid pediu para mim? Sinceramente, não sei responder. Fui o azarado talvez. Fui o escolhido”, completou.
Denicoli ocupou cargo de direção no Ministério da Saúde durante a gestão do general Eduardo Pazuello, no período da pandemia de covid-19. Além de ter sido denunciado pela PGR, ele também foi indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito do golpe, em novembro do ano passado.
Réus do núcleo 4
• Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva do Exército;
• Ângelo Martins Denicoli – major da reserva do Exército;
• Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal;
• Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército;
• Guilherme Marques Almeida – tenente-coronel do Exército;
• Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército; e
• Marcelo Araújo Bormevet – agente da Polícia Federal.
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Segundo a PGR, os integrantes desse núcleo atuaram em frentes estratégicas de desinformação, com o intuito de minar a credibilidade das urnas eletrônicas e do processo eleitoral, além de pressionar as Forças Armadas a se envolverem no plano golpista.
Eles são acusados dos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Tribuna Livre, com informações da defesa do major da reserva do Exército Ângelo Martins