Além da exibição de filmes, pessoas privadas de liberdade participaram de conversas
Entre os dias 14 e 18 de julho, unidades penais de todo o Brasil recebem a 1ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos no Sistema Prisional, ação inédita que leva filmes e conversas para pessoas privadas de liberdade.
A iniciativa tem o objetivo de promover a democratização do acesso à cultura e à educação, alinhando-se a iniciativas governamentais e internacionais que reconhecem a arte como elemento essencial na formação cidadã.
O chefe de gabinete da Secretaria de Administração Penitenciária (Seape), Alex Fernandes, acompanhou o início das projeções na Penitenciária II do Distrito Federal (PDF II) e ressaltou a importância do projeto no fomento ao acesso a obras artísticas por parte das pessoas privadas de liberdade.
“O trabalho realizado pela Seape e pela Polícia Penal, em parceria com outros órgãos, ao oportunizar o acesso à arte — como o cinema — aos apenados do sistema penitenciário, fortalece a promoção da ressocialização por meio da educação, que é um dos pilares desta gestão. A iniciativa cria um ambiente de reflexão e debate, inclusive entre os próprios internos, sobre suas escolhas e ações antes da prisão. Isso é fundamental para o processo de reinserção social desses custodiados”, destacou.
A ação é executada pela secretaria em parceria com Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Ministério das Mulheres, Universidade Federal Fluminense (UFF), a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A juíza titular da Vara de Execuções Penais, Leila Cury, destacou a importância da sétima arte como ferramenta de reintegração social e estímulo à reflexão. “Como os temas dos filmes foram escolhidos de forma estratégica, acredito que as reflexões provocadas pelas narrativas contribuam para a ressignificação de conceitos sociais enraizados, impactando positivamente a visão de mundo dos reeducandos e favorecendo seu retorno à sociedade de forma mais consciente e transformada”, afirmou a juíza.
Além da exibição de curtas-metragens com temáticas de direitos humanos, a programação prevê conversas mediadas por consultores e educadores, com participação ativa dos internos. Cada reeducando terá direito à emissão de certificado e poderá pleitear remição de pena pela atividade cultural.
Ao todo, a expectativa é de que milhares de pessoas privadas de liberdade participem da programação, com sessões adaptadas à realidade de cada unidade. A Mostra integra o Plano Pena Justa, uma política nacional voltada à qualificação dos serviços e estruturas do sistema prisional, com foco na dignidade, na educação e na reintegração das pessoas em cumprimento de pena.
A iniciativa visa democratizar o acesso à arte e estimular reflexões críticas sobre temas como igualdade racial, direitos das mulheres, direitos da população LGBTQIAPN+, questões indígenas, direito à moradia e justiça social.
Tribuna Livre, com informações da Seape