28/08/2025

Taxa média de juros fica em 31,4% ao ano em julho

© Arte/Agência Brasil

Variação negativa no mês é de apenas 0,2 ponto percentual, diz BC

As taxas médias de juros ficaram, praticamente, estáveis no mês de julho deste ano. Na média de todas as contratações – crédito livre e direcionado, para famílias e empresas – o juro chegou a 31,4% ao ano, no mês passado, com variação negativa de 0,2 ponto percentual (p.p.). Ainda assim, a taxa está em nível mais elevado, com aumento de 3,6 p.p. em 12 meses, segundo as Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas nesta quarta-feira (27) pelo Banco Central (BC). 

Como esperado, a alta dos juros bancários acompanha o ciclo de elevação da taxa básica de juros da economia, a Selic, definida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. A Selic é o principal instrumento usado pelo BC para controlar a inflação.

O Banco Central justifica a manutenção da taxa em alta com a necessidade de esfriar a demanda e conter a inflação, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, fazendo com que as pessoas consumam menos e os preços caiam. O próximo encontro do Copom para definir a Selic será em setembro e a previsão é que a taxa fique em 15% ao ano, pelo menos, até o fim de 2025.

As estatísticas mostram que, da mesma forma, o spread bancário apresentou certa estabilidade no mês. Ele mede a diferença entre o custo de captação dos recursos pelos bancos e as taxas médias aos clientes e ficou em 20,3 p.p., com retração de 0,2 p.p. no mês e incremento de 1,7 p.p. em 12 meses.

Crédito livre

Nas novas contratações de crédito para as famílias, a taxa média de juros livres atingiu 57,7% ao ano, com recuo de 0,7 p.p. no mês e alta de 5,5 p.p. em 12 meses. A redução mensal refletiu reduções de 4 p.p. em crédito pessoal não consignado e de 0,8 p.p. em cartão de crédito parcelado, bem como pelo aumento da participação do cartão de crédito à vista na composição do crédito livre às pessoas físicas.

Por outro lado, o juro das operações de cartão de crédito rotativo subiu 6,1 p.p. no mês e 14,4 p.p. em 12 meses, para 446,6% ao ano. A modalidade é uma das mais altas do mercado.

O crédito rotativo dura 30 dias e é tomado pelo consumidor quando se paga menos que o valor integral da fatura do cartão de crédito ─ usando a parcela mínima, por exemplo. Ou seja, nesse momento, o cliente contrai um empréstimo e começa a pagar juros sobre o valor que não conseguiu quitar.

Nas contratações para as empresas, a taxa média do crédito livre ficou em 25% ao ano, com altas de 0,7 p.p. no mês e aumento de 3,9 p.p. em 12 meses.

Crédito direcionado

No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado ─ com regras definidas pelo governo ─ é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.

No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoa física ficou em 11,2% ao ano em julho, com variação de 0,1 p.p. para cima em relação ao mês anterior e alta de 1 p.p. em 12 meses. Para empresas, a taxa caiu 0,5 p.p. no mês e aumentou 2,2 p.p. em 12 meses, indo para 13,6% ao ano.

Saldos das operações

Em julho, as concessões de crédito chegaram a R$ 644,1 bilhões. Nas séries sazonalmente ajustadas, elas recuaram 0,3% no mês, com redução de 2% nas operações com pessoas jurídicas e expansão de 2,5% com as famílias. Em 12 meses, as concessões nominais cresceram 12,3%, com altas de 9% nas operações com empresas e de 15,9% com pessoa física.

Com isso, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) ficou em R$ 6,715 trilhões, um crescimento de 0,4% em relação a julho. Esse resultado decorreu, basicamente, do incremento de 0,6% no crédito destinado às famílias, total de R$ 4,173 trilhões, atenuado, em parte, pela contração de 0,1% no crédito às empresas, que somou R$ 2,542 trilhões

Já o crédito ampliado ao setor não financeiro ─ que é o crédito disponível para empresas, famílias e governos, independentemente da fonte (bancário, mercado de títulos ou dívida externa) ─ alcançou R$ 19,527 trilhões, com aumento de 0,9% no mês, refletindo principalmente os acréscimos de 0,7% nos títulos públicos de dívida, de 0,4% nos empréstimos do SFN e de 2,3% nos empréstimos externos, estes últimos influenciados pela depreciação cambial de 2,66% no período.

Em 12 meses, o crédito ampliado cresceu 10,5%, com avanços nos títulos públicos de dívida (11,7%), nos empréstimos do SFN (10,1%) e nos títulos privados de dívida (18,5%).

Endividamento das famílias

Segundo o Banco Central, a inadimplência ─ atrasos acima de 90 dias ─ mantém-se estável há bastante tempo, com pequenas oscilações, registrando 3,8% em julho. Nas operações para pessoa física, situa-se em 4,5% e, para pessoa jurídica, em 2,5%.

O endividamento das famílias ─ relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses ─ ficou em 48,7% em junho, redução de 0,2% no mês e aumento de 1% em 12 meses. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, o endividamento ficou em 30,5% no sexto mês do ano.

Já o comprometimento da renda ─ relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período ─ ficou em 27,6% em junho, com variação de 0,1% para baixo na passagem do mês e alta de 1,3% em 12 meses.

Os dois últimos indicadores são apresentados com a maior defasagem do mês de divulgação, pois o BC usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Tribuna Livre, com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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