Congressistas de oposição alertaram comitiva brasileira nos EUA sobre relações com a Rússia e sobre possíveis novas sanções; governo Trump também tem demonstrado aversão à influência chinesa sobre o Brics
A preocupação de autoridades norte-americanas com o avanço da influência dos países do Brics vai além da Casa Branca. O grupo de senadores brasileiros que foi aos Estados Unidos tentar negociar o tarifaço imposto por Donald Trump (Republicano) ouviu de senadores norte-americanos na terça-feira (29/7) que o Brasil precisa rever suas relações com a Rússia se quiser melhorar a relação com os EUA e evitar novas sanções.
Empresários norte-americanos já haviam dito aos parlamentares brasileiros na segunda (28) que os EUA estão preocupados com o avanço da influência do Brics, especificamente com a China, outro integrante do bloco econômico e que tem ótimas relações comerciais com o Brasil.
No caso da Rússia, os congressistas (a maioria do Partido Democrata) se disseram preocupados com a importação de petróleo pelo Brasil e sugeriram a criação de mecanismos para garantir a rastreabilidade da origem da commodity. Há expectativa de que o Congresso norte-americano discuta em breve um projeto de lei que pretende sancionar países que negociam com a Rússia.
Em 15 de julho, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, já havia dito depois de uma conversa com congressistas dos EUA, que países como Brasil, China e Índia (todos integrantes do Brics) podem ser tarifados em 100% por comprar petróleo da Rússia.
A movimentação faz parte de um esforço para sufocar economicamente a Rússia, que ignorou todas as tentativas dos Estados Unidos de encerrar a guerra na Ucrânia — embora Donald Trump tenha prometido, em sua campanha, acabar com a guerra em um dia se fosse eleito. O país também esnobou os apelos dos países da União Europeia por um cessar-fogo.
A boa relação do governo brasileiro com a Rússia não é novidade. Em 2024, o Brasil importou mais de US$ 5 bilhões em diesel russo e exporta diversos produtos para a Rússia, como soja, carnes e café.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tem evitado condenar publicamente a Rússia pelas mortes diárias de civis em território ucraniano, postura diferente da que tem adotado com os assassinatos em massa de palestinos na Faixa de Gaza pelo governo de Israel.
Leia a lista de congressistas dos EUA que receberam os parlamentares brasileiros na terça (29):
• Tim Kaine (Senador, Democrata);
• Ed Markey (Senador, Democrata);
• Mark Kelly (Senador, Democrata);
• Chris Coons (Senador, Democrata);
• Jeanne Shaheen (Senadora, Democrata);
• Martin Heinrich (Senador, Democrata);
• Thom Tillis (Senador, Republicano);
• Sydney Kamlager-Dove, co-presidente do Brazil Caucus (deputada, Democrata).
Tribuna Livre, com informações da AFP