26/01/2025

Troca de farpas entre Zema e Lula com clima de campanha eleitoral

22.01.2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de assinatura do contrato de concessão da BR-381, no Palácio do Planalto. Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert / PR - (crédito: Ricardo Stuckert / PR)

Na cerimônia de concessão de trecho da Rodovia da Morte, presidente e ministros criticam ausência do governador, revidam ataques e veem na postura dele motivações políticas. Gestor mineiro rebate dizendo não ter tempo a perder com atos burocráticos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros aproveitaram a ausência do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em cerimônia nesta quarta-feira no Palácio do Planalto para devolver fogo contra o gestor mineiro. Na semana passada, Zema fez reiteradas críticas aos vetos de Lula à proposta de renegociação das dívidas dos estados. E, nesta quarta-feira, alegou conflitos de agenda para não comparecer à assinatura da concessão de trecho da BR-381, a “Rodovia da Morte”, que beneficia seu estado. A avaliação é de que a postura de Zema é motivada por fins eleitoreiros, de olho nas urnas de 2026.

“A palavra obrigado é tão simples, mas para falar obrigado é preciso ter grandeza. As pessoas têm que ter grandeza, têm que ter caráter, humildade, para agradecer uma coisa que é feita”, discursou Lula, durante a cerimônia. “Esse acordo das dívidas de Minas Gerais, dos estados como um todo, o governador de Minas Gerais deveria vir aqui me trazer um prêmio. Um troféu do primeiro presidente da República, que ele tem conhecimento, que nunca vetou absolutamente nada de nenhum governador, de nenhum prefeito, por ser contra ou por ser oposição”, acrescentou.

A ofensiva ocorre após mudanças na comunicação do governo para melhorar a popularidade de Lula, que mira uma recondução no ano que vem. O novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, orientou os titulares da Esplanada a comparar os feitos da gestão petista com a do ex-presidente Jair Bolsonaro e a serem mais assertivos em suas falas, evitando que a oposição domine a narrativa. Na semana passada, o governo teve de recuar da normativa sobre a fiscalização do Pix, derrotado pela enxurrada de fake news.

Lula sancionou, no dia 14, o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), que permite às unidades federativas reduzir os juros do que devem à União. “O que fizemos para os estados que não pagaram suas dívidas, talvez só Jesus Cristo fizesse se ele concorresse a presidente nesse país”, comentou Lula nesta quarta-feira. O petista vetou trechos que teriam impacto no resultado primário da economia, ou seja, que aumentariam diretamente as despesas. Entre eles, estão a possibilidade de usar recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR) para amortizar a dívida.

Zema encabeçou as críticas. Nas redes sociais, afirmou que o governo federal quer que “os estados paguem a conta de sua gastança”, e que os vetos levariam Minas Gerais a pagar R$ 5 bilhões a mais entre 2025 e 2026. O estado deve cerca de R$ 185 bilhões. Outros governadores de oposição atacaram os vetos, incluindo Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul; e Ronaldo Caiado (União), de Goiás.

O Planalto convidou Zema para a entrega da concessão, nesta quarta-feira. Segundo seu gabinete, o governador já tinha compromissos marcados em Juiz de Fora (MG), onde participou da inauguração de um hangar de helicópteros para o Samu e para o Corpo de Bombeiros. Porém, o mineiro não costuma aceitar os convites de Lula, o que já provocou reclamações em outros momentos.

Ministros também dispararam contra Zema. O chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que os trechos defendidos pelo governador no Propag previam que a União pagasse a dívida mineira com bancos privados. “O que a União tem a ver com a dívida que Minas contraiu com bancos internacionais?”, questionou. “Ao invés de agradecer que um presidente colocou as questões políticas de lado e o povo de Minas Gerais como o maior interessado, o governador vai, de forma ingrata, agredir o presidente”, disse.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, foi o primeiro a mirar Zema. Ele citou que sua pasta fez quatro leilões rodoviários para Minas apenas em 2024, mas que o governador, apesar de cobrar constantemente o Executivo federal, nunca reconhece as entregas. O ministro declarou ainda que o gestor público pode ter perfil político ou técnico, “só não pode priorizar a política contra o interesse do cidadão, e é isso que o governo de Minas faz ao não estar presente quando está sendo dada a solução ampla e irrestrita para a Rodovia da Morte”.

Governador rebate

Zema revidou. Em suas redes sociais, marcou o presidente Lula e afirmou que os governos petistas prometeram a obra de revitalização da BR-381 em seus 188 meses — quase 16 anos, contando os mandatos anteriores de Lula e o governo de Dilma Rousseff —, mas ainda não a entregou.

“Quando for colocar máquina na pista, fiscalizar ou inaugurar trechos da obra na BR-381, eu estarei à disposição. Meu foco é trabalhar, não perder tempo com eventos burocráticos”, disparou.

A concessão assinada nesta quarta-feira é de um trecho de mais de 300km da BR-381. A extensão será administrada pela Concessionária Nova 381 e terá investimento de R$ 9,2 bilhões em 30 anos.

“Eu sei da angústia do povo de Minas Gerais para que a gente possa consertar essa estrada. No comício final da minha campanha em 2022, na cidade de Ipatinga, prometi que iríamos transformar essa rodovia, que ela se tornaria a ‘rodovia da vida'”, discursou Lula. A BR-381 é conhecida como “Rodovia da Morte” por seu alto índice de acidentes.

Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram registrados 3.960 acidentes na via entre 2018 e 2023, resultando em 420 mortes. Segundo ranking da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), divulgado no fim de 2023, a rodovia é a sexta mais mortal do país.

Pacheco

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), celebrou a concessão em nota enviada à imprensa e agradeceu a Lula pela atenção dada a Minas Gerais – citando também a renegociação da dívida dos estados e a pactuação do acordo de Mariana.

“São temas de altíssima relevância que tiveram o respaldo do governo federal para sua resolução. Em relação à BR-381, após décadas de inação, o trecho concedido vai receber investimentos para se tornar seguro aos usuários e evitar mortes”, escreveu Pacheco.

Tribuna Livre, com informações da Secom PR

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