Nos arredores da Grande Buenos Aires, especificamente na esquina de uma rua em Villa Fiorito, alguns residentes dispõem roupas, sapatos e diversos objetos sobre cobertores estendidos pelo chão.
A poucos dias da eleição presidencial de domingo (19), na Argentina, onde muitos enfrentam uma grave crise econômica, a prática de permuta e a solidariedade popular ganham destaque. Em áreas suburbanas da Grande Buenos Aires, como na esquina de uma rua em Villa Fiorito, moradores dispõem roupas, sapatos e outros objetos em cobertores no chão, buscando trocá-los por alimentos ou alguns poucos pesos.
Luz López, em um estande montado em uma praça, expressa sua preocupação com o alto custo dos alimentos. Ao lado, María Fernanda Díaz, que dorme sob uma passarela decorada com murais de Diego Maradona, aponta para um cartaz de Sergio Massa, ministro da Economia peronista, destacando as dificuldades enfrentadas por quem vive em situação de vulnerabilidade.
Emilce Bravo, que trabalha em um restaurante popular e administra grupos de trocas online, destaca a importância dessa prática solidária, que tem ganhado força em meio à crise econômica. Ela enfatiza o papel crucial das permutas, que ajudaram a comunidade em momentos desafiadores da economia argentina.
O país enfrenta uma inflação descontrolada (143% em um ano) e uma queda no valor da moeda local, resultando em quatro em cada dez argentinos vivendo na pobreza. A prática de permutas, originada na década de 1990 e consolidada durante a crise de 2001, demonstra a resiliência da população diante de desafios econômicos recorrentes.
Mariana Luzzi, socióloga do instituto nacional de pesquisa Conicet, destaca a dramática situação de pobreza na Argentina e a importância da rede de organização popular. Elisabet Bacigalupo, economista da consultoria Abeceb, ressalta a capacidade de resiliência do povo argentino, prevendo desafios econômicos, como recessão e aumento da pobreza, independentemente do resultado eleitoral.
Tribuna Livre, com informações da AFP