Teste molecular aumenta as chances de cura por meio do diagnóstico precoce, com a identificação de 14 genótipos do HPV; unidade de Samambaia será piloto da iniciativa
As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do Distrito Federal passam a ofertar o teste molecular de DNA-HPV, tecnologia inovadora voltada ao rastreamento do câncer de colo do útero. O lançamento oficial ocorreu nesta sexta-feira (15), na UBS 7 de Samambaia, unidade piloto da iniciativa. A expectativa é que mais de 167 mil mulheres sejam impactadas no DF.
A ação integra o programa Agora Tem Especialistas, do Ministério da Saúde, e tem a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) como uma das parceiras. O objetivo é reduzir o tempo de espera por consultas, exames e cirurgias em áreas essenciais no Sistema Único de Saúde (SUS), como a oncologia.
“Nosso intuito é erradicar casos graves e evitar que mulheres cheguem ao pronto-socorro com tumores avançados e famílias devastadas”
André Luiz de Queiroz, superintendente da Região de Saúde Sudoeste
Para o superintendente da Região de Saúde Sudoeste, André Luiz de Queiroz, o novo método representa um avanço decisivo no cuidado preventivo. “Como cirurgião oncológico, sei o sofrimento que o câncer causa. Nosso intuito é erradicar casos graves e evitar que mulheres cheguem ao pronto-socorro com tumores avançados e famílias devastadas”, aponta.
Gerente da UBS 7 de Samambaia, Shirelle Marques destaca a importância de a unidade ser a primeira no DF a receber a tecnologia. “Esse exame é padrão-ouro no mundo e vai reduzir drasticamente o número de mortes por câncer de colo do útero. É um orgulho para a nossa equipe oferecer esse cuidado a uma população tão vulnerável, que depende fortemente do SUS.”
Exame
Produzida pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a tecnologia é capaz de identificar 14 genótipos do HPV antes do surgimento de lesões ou câncer em estágios iniciais — mesmo em mulheres assintomáticas —, aumentando as chances de cura pelo diagnóstico precoce.
Com sensibilidade diagnóstica maior, o método, feito a cada 5 anos, substituirá, de forma gradativa, o exame Papanicolau, que ficará restrito à confirmação de casos em que o teste de DNA-HPV der positivo.
No teste de DNA, a coleta é similar à do Papanicolau e envolve a secreção do colo do útero. Portanto, a mulher ainda precisa passar por um exame ginecológico. Porém, em vez de colocar a secreção em uma lâmina, ela é colocada em um tubo com líquido conservante, que vai para o laboratório, onde é feita a pesquisa do DNA do vírus.
“Essa tecnologia aproxima o serviço de quem mais precisa, facilita o acesso e permite que o diagnóstico seja feito de forma simples e precisa. É um passo importante para fortalecer a atenção primária como porta de entrada e garantir que a prevenção chegue a todas as regiões do da capital federal”, ressalta o coordenador da Atenção Primária à Saúde da SES-DF, Fernando Erick Moreira.
O HPV pode infectar a pele e as mucosas oral, genital e anal. Em muitos casos, não apresenta sintomas, mas pode provocar lesões que evoluem para câncer, como o de colo do útero – terceiro tipo mais incidente em mulheres, com 17 mil novas ocorrências estimadas por ano no triênio 2023-2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Acesso
O acesso ao teste se dá por meio da UBS de referência da usuária. O endereço das unidades pode ser consultado pela ferramenta Busca Saúde UBS, no Portal de InfoSaúde-DF, através do CEP.
O público-alvo inclui mulheres cis, homens trans, pessoas não binárias, de gênero fluido e intersexuais com sistema reprodutivo feminino, na faixa etária de 25 a 64 anos. Pacientes em situação de rua ou privadas de liberdade também poderão fazer a autocoleta, com orientação de profissionais de saúde.
“Estamos levando essa tecnologia a 12 locais prioritários, como DF, São Paulo, Rio de Janeiro e Pará, com a meta de alcançar todo o país até 2026. Esse exame aumenta nossas chances de detectar a doença no início e salvar vidas, reforçando o compromisso de reduzir o tempo de espera e oferecer um cuidado mais ágil e eficiente no SUS”, afirma o diretor de Programas do Ministério da Saúde, Allan Nuno.
Tribuna Livre, com informações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do DF