Conceito
adotado em 2019, a gestão compartilhada já é aplicada para mais de 15 mil
alunos e conta com a participação de 140 militares atuando diretamente no
projeto
Implantado em 2019
em quatro escolas piloto, hoje o conceito cívico-militar atende a mais de 15
mil alunos e tende a crescer porque é considerado um modelo eficiente | Fotos:
Tony Oliveira/Agência Brasília
Em 2019, o Distrito
Federal passou a contar com um novo modelo educacional na rede pública de
ensino: o projeto Escolas de Gestão Compartilhada (EGCs), em parceria com a
Secretaria de Segurança Pública e o Ministério da Educação. O modelo visa
promover o desenvolvimento cívico nos colégios. Três anos após o início do
projeto já são 15 escolas com o formato implementado e mais duas aprovadas para
a execução, ainda a ser definida.
Mais de 15 mil alunos
são atendidos pelo modelo. Do total de 17 colégios cívico-militares, 13 adotam
a gestão compartilhada entre as secretarias do GDF de Educação e Segurança
Pública, sendo seis com apoio da Polícia Militar e cinco com o Corpo de
Bombeiros, totalizando um efetivo de 140 militares. As outras quatro são uma
parceria com o Ministério da Educação, com a presença do efetivo das Forças
Armadas. As corporações ficam responsáveis pela área disciplinar, além de
atividades extracurriculares.
O Centro de Ensino
Fundamental 19 de Taguatinga, que conta com mais de 600 alunos do 6º ao 9º ano,
é uma das escolas do projeto. Implementado em agosto de 2019, o modelo já muda
a rotina do colégio. “Já colhemos os frutos. O fato de ter uma equipe que
trabalha exclusivamente com a parte disciplinar faz com que a gente possa se
dedicar mais à parte pedagógica”, classifica o diretor pedagógico do CEF 19 de
Taguatinga, Toshiro Celestino Yamaguti.
O diretor conta que
a mudança não se limita à área administrativa, professores e alunos também
foram impactados positivamente pela transformação. “Para o estudante, o
convívio interno melhorou bastante, porque aqui dentro não tem ocorrências de
violência e brigas. A parte externa também se beneficiou, porque diminuiu a
presença de elementos estranhos e assaltos nos arredores da escola”, conta.
“Para o professor, temos a otimização do tempo em sala de aula. Os alunos se
mantêm mais em sala de aula, porque a equipe ajuda a organizar a rotina
interna”, completa.
O capitão José
Augusto, responsável pela direção disciplinar no CEF 19 de Taguatinga, diz que
o papel dos militares é facilitar o trabalho dos professores e desenvolver a
vida dos alunos
No caso do CEF 19,
a gestão é compartilhada com o efetivo do Corpo de Bombeiros. A corporação
prefere indicar aos colégios militares que tenham formação ou afinidade com a
área. Mesmo assim, todos são capacitados. Responsável pela direção disciplinar,
o capitão José Augusto conta que a equipe dos bombeiros faz o acolhimento dos
alunos, mantendo a organização, a disciplina e promovendo a formação cívica e
de ordem básica, além de atender as famílias no caso de problemas
disciplinares.
“É um desafio para
nós. Aqui é igual ao Corpo de Bombeiros, todo dia é um incêndio para apagar.
Mas a gente acaba se envolvendo. Chegamos militares e vamos sair educadores”,
comenta. “A questão não é de doutrinação, é de organização. A educação é
responsabilidade de todos, se a gente consegue facilitar o trabalho dos
professores e desenvolver a vida dos alunos, então estamos fazendo nosso papel.
Buscamos criar um ambiente tranquilo”, afirma.
Resultados
Quando começou em
2019, o projeto das Escolas de Gestão Compartilhada teve início em quatro
escolas piloto. “Hoje já estamos na casa dos 17. Vem dando certo. O modelo
cívico-militar é eficiente. Os números mostram isso”, afirma o subsecretário de
Escolas de Gestão Compartilhada, coronel Ferro.
Os índices aos
quais o coronel se refere passam desde a elevação do Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (IDEB) e o aumento no número de aprovados no Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem) até a pesquisa de aprovação do modelo com a comunidade
escolar. “As escolas onde o modelo foi implantado a evasão escolar despencou. A
procura por vagas aumentou muito. Passamos a ter cadastro reserva para
matrícula de novos alunos. O índice de reprovação caiu”, acrescenta.
De acordo com o
coronel Ferro, uma pesquisa aplicada pela subsecretaria apontou que 85% dos
entrevistados, entre professores, servidores, alunos e pais, aprovam o modelo.
Já 93% concordaram que a escola passou a ser um lugar melhor para estudar.
“Acho que isso mostra que o modelo está cumprindo seu papel, a partir do
momento que o Estado fica mais presente, não só pelo braço da educação, mas
pelo da segurança”, diz.
Para o chefe da
Assessoria Especial para as Políticas Públicas para as Escolas de Gestão
Compartilhada da Secretaria de Educação, Wagner Santana, o modelo, que ainda
está em fase de desenvolvimento, tem dado certo. “Nós tivemos um dificultador
muito grande que foi a pandemia. Mas avaliando tudo tem sido muito positivo,
uma vez que mais escolas têm nos procurado porque gostam do modelo. O professor
consegue ter mais tempo em sala de aula, a escola se torna um ambiente mais
tranquilo. A prova disso é o saldo da média dentro das escolas. A curva
ascendente é um sinal claro”, afirma.
As primeiras
escolas do modelo foram escolhidas levando em consideração as áreas de
vulnerabilidade mapeadas pela Secretaria de Segurança Pública. No entanto, as
mais recentes têm partido de uma demanda da comunidade escolar que solicita o
modelo. Antes da implementação, é feita uma consulta pública em formato de
votação com a participação de alunos, professores, servidores e pais.
As escolas de
Brazlândia e Lago Norte, que tiveram a aprovação do modelo cívico-militar,
neste ano são exemplos de colégios que solicitaram o formato. Devido ao período
eleitoral, as escolas tiveram a execução paralisada. Mas a expectativa é de que
até o próximo ano o formato já esteja em funcionamento.
Secretarias de Educação
e de Segurança Pública
– Centro
Educacional 3 de Sobradinho
– Centro
Educacional 308 do Recanto das Emas
– Centro
Educacional 1 da Estrutural
– Centro
Educacional 7 da Ceilândia
– Centro
Educacional Condomínio Estância III de Planaltina
– Centro
Educacional 1 do Itapoã
– Centro de Ensino
Fundamental 19 de Taguatinga
– Centro de Ensino
Fundamental 1 do Núcleo Bandeirante
– Centro de Ensino
Fundamental 407 de Samambaia
– Centro de Ensino
Fundamental 1 do Riacho Fundo II
– Centro de Ensino
Fundamental 1 do Paranoá
– Centro
Educacional 2 de Brazlândia*
– Centro de Ensino
Fundamental 1 do Lago Norte (Celan)*
*Essas escolas
ainda terão a implementação do projeto, que já foi aprovado pela comunidade
escolar
Ministério da
Educação e Forças Armadas
– Centro
Educacional 416 de Santa Maria
– Centro de Ensino
Fundamental 5 do Gama
– Centro de Ensino
Fundamental 4 de Planaltina
– Centro de Ensino
Fundamental 507 de Samambaia











