Em mais uma
reviravolta na Operação Lava Jato, o advogado Rodrigo Tacla Duran, colocado na
lista de foragidos da Interpol no auge da investigação, agora está no programa
de proteção a testemunhas
(crédito: Podemos/Reprodução)
Em mais uma reviravolta na Operação Lava Jato, o advogado
Rodrigo Tacla Duran, colocado na lista de foragidos da Interpol no auge da
investigação, agora está no programa de proteção a testemunhas.
A decisão é do juiz Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal
Criminal de Curitiba, que viu ‘risco concreto de vida e segurança’. Ele
determinou que a Polícia Federal (PF) garanta a ‘segurança necessária’ caso o
advogado volte ao Brasil. Tacla Duran vive há anos na Espanha.
“O acusado está sendo encaminhado ao programa
federal de testemunhas protegidas por conta do grande poderia político e
econômico dos envolvidos, sendo certo que toda e qualquer medida somente será
apreciada por este Juízo Federal em caso de risco concreto à visa e/ou
segurança das testemunhas e autoridades envolvidas”, diz um trecho da
decisão.
Ex-advogado da Odebrecht, apontado pela Lava Jato como
operador financeiro da construtora em esquemas de corrupção, Tacla Duran foi
ouvido por autoridades brasileiras pela primeira vez nesta segunda-feira, 27,
em uma audiência por videoconferência.
Ele voltou a antagonizar com o senador Sérgio Moro
(União-PR), ex-juiz da Lava Jato, a quem acusou de parcialidade, e com o
deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que foi coordenador da força-tarefa. As
acusações serão analisadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“As autoridades que passaram pelo processo pensavam
que eu estava apostando na estratégia da prescrição, que eu não queria me
defender, não, nunca foi isso, jamais. Eu só estava esperando ter um juízo
transparente”, afirmou.
“O que estava acontecendo não era um processo
normal, era um bullying processual, onde me fizeram ser processado pelo mesmo
fato em cinco países por uma simples questão de vingança, por eu não ter aceito
ser extorquido”, seguiu.
O advogado afirma que sofreu tentativas de extorsão na
Lava Jato, em troca de facilidades para clientes, e que passou a ser
‘perseguido’ por não compactuar com o que chamou de uma prática ‘comercial
corriqueira’.
“Eu não cedi, até porque eu nunca admiti criminalizar
a advocacia ou a minha profissão. Eu não entreguei cliente meu intimidado,
ameaçado para ser preso. Esse é o problema aqui na origem”, seguiu.
Tacla Duran apresentou à Justiça fotos e gravações que
comprovariam a versão. Ele implicou o advogado Carlos Zucolotto Junior, sócio
da deputada Rosângela Moro e amigo próximo do senador, e o empresário Fábio
Aguayo na suposta tentativa de extorsão.
A menção a Sérgio Moro e a Deltan Dallagnol, que têm
prerrogativa de foro privilegiado, levou o juiz Eduardo Appio a encaminhar o
caso para a segunda instância.
“Eu me desligou desse processo, porque aí há menção
a pessoas com foro privilegiado, no caso tanto o senador Sérgio Moro quanto o
deputado federal Deltan Dallagnol. Eu me desligo e agora quem conduz essa
questão, até para não criar um impedimento meu, é a Polícia Federal”,
explicou o juiz.
COM A PALAVRA, O SENADOR SÉRGIO MORO
“Trata-se de uma pessoa que, após inicialmente
negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e
teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato. Desde 2017 faz acusações
falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou. Tenta desde 2020
fazer delação premiada junto à Procuradoria Geral da República, sem sucesso.
Por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado em 9/6/22.
O senador não teme qualquer investigação, mas lamenta o
uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de
credibilidade.”