Em entrevista , o delegado-chefe da 6ª DP (Paranoá),
Ricardo Viana, explicou que o caso foi fechado na unidade, mas novas
informações podem levar a reabrir um novo inquérito
(crédito: Ed Alves/CB)
As investigações sobre a chacina da família da
cabeleireira Elizamar da Silva podem continuar. Segundo Ricardo Viana,
delegado-chefe da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), em entrevista ao CB.Poder
— parceria entre Correio e TV Brasília — desta segunda-feira (30/1), o caso foi
fechado na unidade, mas o inquérito segue para apreciação do Ministério
Público. À jornalista Darcianne Diogo, ele explicou que a polícia ainda aguarda
resposta de medidas cautelares, as quais trarão informações que podem reabrir
pontos do caso.
Viana afirmou que, mesmo com as investigações encerradas,
a análise de novas informações solicitadas podem levar à reabertura de um novo
inquérito. “Há medidas cautelares que foram requeridas por nós e precisam ser
analisadas. Foram dados telemáticos (comunicação), quebras de sigilo, vamos
verificar se houve saque nas contas, se alguém recebeu dinheiro, etc. Se
aparecerem novos envolvidos, podemos relatar ao Ministério Público, que pode
editar a denúncia, ou podemos instaurar um novo inquérito”, esclareceu.
O pior caso do DF
O delegado recapitulou os acontecimentos desde a primeira
ocorrência, registrada no dia 13 de janeiro, até a movimentação dos
sequestradores no cativeiro onde mantinham as vítimas, em Planaltina (DF).
Viana ressaltou as diversas simulações usadas pelos assassinos para manipular
as situações. “Depois da construção da história e do depoimento deles,
ficamos sabendo que, após a morte do Marcos, na primeira ação do grupo, eles se
apossaram dos celulares dele e dos que estavam em cativeiro (Renata, Gabriela,
Cláudia, Ana e Thiago). De posse desses aparelhos, forçaram as pessoas a mandar
áudios e escreviam mensagens para atrair outros. Acreditamos que foi assim que
atraíram Elizamar”, descreveu.
O policial também afirmou que a motivação dos criminosos
foi unicamente cobiça, já que, a partir do conhecimento do cotidiano da família
e das movimentações financeiras feitas por ela, traçaram os planos para os
assassinatos. “Vislumbraram que se eliminassem Marcos e toda a descendência
dele, ninguém questionaria a nova posse deles. A partir dali, iriam fracionar
ou vender aquele terreno”, concluiu.
Mesmo com 27 anos de carreira, o chefe da 6ª DP se
surpreendeu com o caso, que classificou como um dos mais horríveis da história
do DF. “Foi emblemático. Uma situação hedionda. Nós, investigadores, não
estamos felizes em ter encarcerado essas pessoas. Preferíamos que não
acontecesse. Recebo telefonemas de amigos de todo o Brasil que nunca viram uma
situação dessa nos seus estados, os quais, por vezes, enfrentam índices de
violência muito maiores que os nossos”, comentou.