O ritmo acelerado da industrialização e o avanço tecnológico sem precedentes podem estar colocando em xeque a saúde da espécie humana. Essa é a premissa central de um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade de Zurique, que investigaram se as rápidas transformações do mundo moderno estariam comprometendo a aptidão do Homo sapiens.
A pesquisa concentrou-se em analisar se o ambiente criado pela urbanização e industrialização está afetando negativamente a saúde física e mental das pessoas. Os resultados apontam para uma desconexão entre o ambiente atual e a biologia humana, moldada ao longo de milênios para um estilo de vida muito diferente.
Ao reunir dados sobre urbanização, industrialização e saúde, os cientistas identificaram sinais de que os humanos não estão conseguindo se adaptar ao ritmo das mudanças do último século. Entre os exemplos apontados estão a diminuição das taxas de fertilidade, o aumento de doenças inflamatórias e o crescente número de problemas crônicos associados ao estresse.
De acordo com os pesquisadores, fatores como o ruído urbano, a poluição luminosa, a exposição a microplásticos e pesticidas, o consumo de alimentos ultraprocessados e o sedentarismo contribuem para um estado de estresse constante. Colin Shaw, um dos líderes do estudo, explica que o organismo humano reage a essas pressões diárias como se estivesse constantemente enfrentando ameaças, o que leva a uma ativação excessiva do sistema de estresse. Essa ativação contínua, sem tempo para recuperação, está associada a transtornos de ansiedade, doenças crônicas e redução da expectativa de vida.
Embora reconheçam a capacidade de adaptação da espécie humana, os pesquisadores enfatizam que a adaptação biológica é um processo que leva milhares de anos, o que é incompatível com a velocidade das mudanças atuais. Diante desse cenário, eles defendem a necessidade de uma reaproximação com ambientes naturais e a criação de cidades mais saudáveis. Segundo Shaw, é fundamental tratar a natureza como uma intervenção essencial para a saúde, e as decisões urbanas e ambientais devem levar em conta seus efeitos fisiológicos mensuráveis.
O estudo, publicado na revista Biology Reviews, reforça a importância de repensarmos nossa relação com o meio ambiente para enfrentar os desafios de saúde do século XXI, promovendo um equilíbrio entre o desenvolvimento tecnológico e o bem-estar humano.
Fonte: olhardigital.com.br











