11/12/2025

Bolsonaro foi derrotado, mas bolsonarismo seguirá forte em 2023

 Atual presidente, Jair Bolsonaro deve
deixar o comando do Planalto em 31 de dezembro. Posse de Lula está marcada para
1º de janeiro de 2023


Derrotado nas urnas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve deixar o
comando do Palácio do Planalto em 31 de dezembro e, como prevê o protocolo,
passar a faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a
posse marcada para 1º de janeiro de 2023.

A vitória de Lula foi confirmada pela Justiça Eleitoral às 19h57 desse
domingo (30/10), quando 98,81% das urnas já tinham sido apuradas. Àquela
altura, o petista tinha 50,83% dos votos válidos (59.563.912), não podendo mais
ser ultrapassado por Bolsonaro, que acumulava 49,17% (57.627.462) dos votos.

Mesmo com o fracasso de não ter conseguido se reeleger, Bolsonaro deve
seguir no debate público e o bolsonarismo deve ter, ainda assim, um papel de
protagonismo na oposição a partir do ano que vem, segundo especialistas.

No Congresso Nacional, a força política de extrema direita terá um papel
importante. O próprio PL, partido do Centrão e pelo qual Bolsonaro disputou a
reeleição, terá a maior bancada do Parlamento, tanto na Câmara dos Deputados
quanto no Senado Federal.

Durante a campanha, o agora presidente eleito disse que o bolsonarismo
seguiria existindo mesmo sem Bolsonaro na Presidência. Segundo Lula, é
necessário derrotar o movimento “no debate político” e na “discussão sadia”.

Frase dita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, na reta final das
eleições sintetiza a força política que o bolsonarismo ganhou nos últimos anos:
“Se Lula vencer, em quatro anos Bolsonaro volta”.

“Quanto figura política, Bolsonaro vai continuar sendo uma uma figura
relevante. Obviamente que ele não vai ter a imunidade parlamentar que sempre
teve. Então, talvez ele vai ter que cuidar mais da forma como se comunica. Mas
ele vai ser o o grande representante dessa direita que surgiu nos últimos
anos”, explica Rodolfo Tamanaha, professor de ciências políticas do Ibmec
Brasília.

“Considerando, inclusive, que o Congresso tem uma base de parlamentares
que são bolsonaristas ou próximos ao Bolsonaro, essa temática vai estar em
evidência e vai exercer, sim, um protagonismo”, complementa o docente.

Outra chave para manter o bolsonarismo em evidência é por meio dos
governadores que se vincularam politicamente a Bolsonaro durante as eleições
deste ano. Dos 27 governadores eleitos e reeleitos, 13 declararam apoio ao
presidente derrotado ou já era aliados de longa data de Bolsonaro, entre eles
Tarcísio de Freitas (Republicanos), que conquistou o governo de São Paulo.

Mesmo derrotado para o Planalto, PL de Bolsonaro elege dois governadores

Para Tamahana, alguns governadores eleitos devem aproveitar o governo petista
para se “cacifar” para as próximas eleições presidenciais, em 2026.

“Talvez esse seja exatamente o espaço em que governadores como Romeu
Zema, de Minas, ou Ibanais Rocha, do DF, podem ter espaço como uma oposição ao
governo petista, podendo até ascender como uma possível alternativa à direita
que não seja Bolsonaro. Alguns vão manter essa relação de oposição ao governo
lulista para, justamente, se cacifar como um nome viável para as eleições
presidencias”, pontua o professor de ciências políticas.

PL pragmático e Lula

Apesar das estratégias que podem ser usadas para manter o bolsonarismo
em evidência, especialistas ouvidos pelo Metrópoles alertam para o pragmatismo
do Partido Liberal, que é uma sigla do Centrão. No governo Lula, há chance de
que políticos eleitos pela sigla componham uma base para o petista.

Rodolfo Tamanaha lembra que partidos do Centrão, como PL, Republicanos e
PSC, integraram a base de outras gestões do petista. “Eu não tenho dúvida que,
novamente, o Centrão vai buscar uma composição com o Lula para poder ocupar
cargo. Essa é a característica do Centrão desde sempre e eu não vejo razão para
que eles deixem de negociar com o governo Lula por conta de uma adesão
ideológica do Bolsonaro”, afirma.

Na mesma linha, Eduardo Galvão, analista político e professor de
Relações Institucionais do Ibmec Brasília, diz que a negociação de
parlamentares do centro com o governo petista será necessária para “construir
consensos”.

“O que a gente percebe é que esses partidos, PL, PP, são bastante
pragmáticos e até, como outras pessoas dizem, fisiológicos. Então, haverá uma
acomodação de interesses, haverá uma negociação. Essa parte mais pragmática da
direita vai negociar porque teremos um Brasil para governar e é necessário que
as forças políticas componham uma base entre si para construir consensos”,
explica Galvão.

Guilherme Casarões, por outro lado, diz que existem políticos
pragmáticos, mas que a influência de Bolsonaro para viabilizar a eleição de
deputados federais vai fortalecer os laços do bolsonarismo.

“Governadores, por exemplo, podem ser mais pragmáticos ao lidar com
certas questões e podem até conciliar com Lula, mas a bancada federal
bolsonarista não tem razão nenhuma para compactuar com o governo. Eu acho que a
grande resistência ideológica do bolsonarismo vai estar na Câmara dos
Deputados”, ressalta o cientista político.

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