Em diferentes regiões da capital federal, eleitores
expressaram suas preferências políticas. Passe livre no dia foi elogiado por
quem depende do transporte público, e sobrou esperança entre os entrevistados.
Thatiane, Walter e Gabriel (de vermelho)Letícia Mouhamad
Em Sobradinho, os irmãos Walter Jaderson, 23 anos, e Gabriel
Hansel, 19, ambos estudantes, sintetizavam o espírito democrático. O primeiro,
vestido de verde e amarelo, declarava a opção por Jair Bolsonaro, enquanto o
segundo, com camiseta vermelha, era eleitor de Lula. Para eles, a diferença não
gera atrito na família. A dupla, que votou no CEM 04, estava acompanhada de
Thatiane, 26, dona de casa e esposa de Walter, que fez questão de levar os
filhos Rodrigo, 4, e Luísa, recém-nascida.
Essa foi a primeira eleição de Gabriel, que admitiu o
sentimento de ansiedade com o resultado da eleição. “Ficarei muito feliz
se meu candidato vencer, porque ele apoia pautas em que acredito, como a
valorização da educação e da ciência”, explicou. Já Walter espera que,
mesmo com a competição acirrada, Bolsonaro leve a melhor. “Acredito que o
governo dele foi muito positivo e tenho boas expectativas para o próximo ano.
Gosto do que ele defende, inclusive, a união da família, que é o que procuramos
seguir em nosso cotidiano”, resumiu.
Mesmo sem se sentir representada pelos dois candidatos à
presidência, a estudante
Mariah Andrade, 18, fez questão de comparecer ao CEF 04, e
ainda conversou com alguns eleitores sobre sua escolha. Estudante do ensino
médio, ela disse que pesquisou muito antes de se decidir e afirma que é uma
grande responsabilidade. “Apesar de o Lula não ser a escolha que considero
ideal, acredito que, no momento, é o melhor para o nosso país”, completou
a jovem, que estava vestida inspirada pelo anime Owari no Seraph.
Aos 95 anos de idade, Raimunda Maria da Silva cumpriu seu
compromisso com a democracia. Acompanhada pelas netas Daniela Lucas e Luciana
Lucas, a aposentada votou na Escola Classe Colônia Agrícola de Vicente Pires.
“Gosto dele”, disse a eleitora sobre seu candidato. Uma das netas
afirmou que a avó e a mãe estão na mesma zona eleitoral, pelo local em que
moram, e que Raimunda não se esquece da votação. “Ela queria muito vir. Se
não trouxéssemos, ela ficaria chateada”.
Direito garantido
Moradora de Santa Maria, a auxiliar de limpeza Lenite
Leandro, 41 anos, aprovou a adoção do transporte público gratuito no segundo
turno. “Foi bom porque é um dinheiro que eu economizo, pois eu gastaria R$
10,50 para chegar até o trabalho e, depois, ir votar”, explicou. A
trabalhadora estava otimista quanto ao resultado. “Espero que melhore na
segurança pública e na educação para os jovens terem mais acesso a ensino de
qualidade”, disse.
O autônomo Wilson Alves, 56, usa a bicicleta desde os 8
anos, mas foi em 2018 que incorporou a “magrela” como veículo oficial
para ir até o CED 310 de Santa Maria nas eleições. “Venho porque é rápido
e economizo combustível”. O esforço físico de Wilson é acompanhado da
vontade de ajudar a escolher os rumos do país. “Para mim, é importante
votar, porque é a minha opinião em um projeto de governo e de vida”, diz o
autônomo, que mora com os quatro filhos, de 4, 11, 14 e 19 anos.
No Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), da Asa Norte,
o relato também era de tranquilidade entre os eleitores. A cartógrafa Dulce
Vidigal, 63, fez a sua parte. “Sem abstinência na minha seção, porque eu
perguntei para o mesário já que estava sem filas”, comentou. Ela
aproveitou para elogiar a civilidade da capital. “Em Brasília está
tranquilo, com muito respeito à democracia”, avaliou.
A ansiedade para garantir a participação no processo
eleitoral levou 20 pessoas a se posicionarem em frente à Escola Classe Varjão
antes das 8h, início da votação. A diarista Maria Tereza da Silva, 46, disse
que, no turno anterior, esperou muito e não queria correr o risco desta vez.
“Cheguei mais cedo, mas acho que vai ser rápido, apesar da fila”,
comentou. Para ela, exercer o direito ao voto é fundamental. “Se precisar,
eu espero o tempo que for preciso”, destacou.
Instantes finais
O empresário Anderson Reis, 45, chegou no CIL, da Asa Sul,
nos 10 minutos finais da votação. Ele contou que, por morar perto, opta pelo
momento mais tranquilo. “Faço as outras coisas durante o dia e me planejo
para votar no final da tarde. Sempre assim”, justificou. Ao ser
questionado sobre as expectativas para o país, respondeu: “Espero que a
vontade da maioria seja resposta para esta eleição. E, bem, eu espero que o
Brasil continue crescendo, que tenha mais educação, saúde e emprego para o
povo”.
Discreto, ele não declarou sua opção. “Sou empresário e
não gosto de ficar transparecendo a minha opinião, justamente para não ficar
criando qualquer tipo de ingerência. Eu também não posto nada, tenho a minha
opinião, mas não exponho. O bom do nosso voto é que é sigiloso, secreto”.
Quem também deixou para a última hora foi o estudante Pedro
Monteiro Gonçalves, 43, que chegou na zona eleitoral faltando dois minutos para
o fechamento dos portões. “Acabei torcendo o tornozelo numa queda, tomei
um analgésico, dormi um pouco, e com o sono mais pesado pelo analgésico, quase
perdi a hora. Eu poderia ter vindo mais cedo”, justificou. Assim como
Anderson, o retardatário preferiu não revelar o voto, mas dividiu suas
expectativas para os próximos quatro anos. “Acredito sempre num Brasil
melhor, que todo mundo se junte, independentemente de quem ganhe”,
desejou.











