16/09/2025

Chacina: “Motivação foi briga por terra”, diz advogado sobre assassinato de família

Advogado da família, João Darc’s
acredita que família foi vítima de chacina por uma disputa de terra, pois
assassinos moravam com as vítimas


O advogado de defesa dos parentes de Elizamar da Silva,
37 anos, acredita que a motivação da maior chacina do Distrito Federal seria
uma briga por terras. O crime fez 10 vítimas de uma mesma família.

“Para nós e para a investigação, ficou claro que a
motivação do crime foi briga por terra. Até porque um dos assassinos morava com
o Marcos [Antônio] havia 10 anos, sabia de toda a situação e arquitetou para
matar todos os herdeiros”, declarou o advogado João Darc’s.

Entenda o papel de cada preso na chacina que fez 10
vítimas no DF, segundo depoimentos

Até agora, cinco pessoas foram presas, suspeitas de terem
participado do crime. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) pediu, ainda,
pela apreensão de um adolescente de 17 anos levado à Delegacia da Criança e do Adolescente
nessa terça-feira (24/1), mas liberado pouco depois.

Os depoimentos de Horácio Carlos, 49, e Fabrício Canhedo,
34, detidos por envolvimento na chacina, apontam Gideon Batista de Menezes, 55,
como suposto mentor do crime. O pescador foi preso na terça-feira (17/1), com
queimaduras profundas nas mãos e no rosto.

Linha do tempo

A reportagem cruzou depoimentos de suspeitos de
envolvimento no crime, bem como relatos de familiares e testemunhas à polícia,
para explicar a cronologia dos fatos.

Confira:

25/12 — Segundo relatou o namorado de Gabriela à polícia,
ele passou o Natal com os familiares da jovem e retornou para casa dois dias
depois. Na ocasião, os documentos de Renata sido esquecidos com ele.

28/12 — Conforme depoimento dele à polícia, a jovem teria
“sumido” em 28 de dezembro e voltado a responder o companheiro à noite, na
mesma data, dizendo que precisou viajar de última hora, pois o “pai teria de
fazer alguns exames”.

31/12 — Após dois dias seguidos sem responder, Gabriela
teria mandado uma mensagem de áudio para o namorado, dizendo que voltaria para
casa em 1º de janeiro. Desconfiado da história, o jovem checou um aplicativo de
localização que dividia com a companheira e verificou que o celular dela estava
em Planaltina. Ao sentir que algo estaria errado, ele mandou prints para
Gabriela e passou a confrontá-la.

2/1 — Gabriela e a mãe, Renata, enviaram um áudio para o
jovem, dizendo que um “processo relacionado a um trator do pai dela” — Marcos
Antônio — teve “problemas” e que, por isso, a família precisou fugir. Desde
então, não responderam mais.

Preocupado, o jovem entrou em contato com Thiago Gabriel,
irmão de Gabriela, que teria respondido “não saber de nada”. Dias depois,
Thiago Gabriel procurou o cunhado para pedir os documentos da mãe, Renata.
Nesse momento, na tentativa de encaminhar a conversa dos dois para um terceiro,
Thiago Gabriel reencaminhou as mensagens por engano para o próprio cunhado. Ao
perceber o erro, o marido de Elizamar apagou a mensagem imediatamente.

11/1 — Após tentativas frustradas de falar com a namorada
e de entregar os documentos da sogra, o jovem pediu para que Thiago Gabriel
enviasse uma localização, para que pudesse deixar os pertences de Renata.
Thiago Gabriel respondeu com a localização da casa onde mora, em Santa Maria.
Contudo, outra situação atrapalhou o plano. Essa, segundo o depoente, foi a
última vez em que conseguiu conversar com o cunhado.

Dias depois, tentou novamente contatar Thiago Gabriel,
mas não teve retorno. Por isso, resolveu ir à de Gabriela, mas nada encontrou.

12/1 — Elizamar desaparece com os filhos, após dirigir
até a casa dos sogros para buscar o marido Thiago Gabriel.

13/1 — Sem conseguir contatar a mãe, uma das filhas de
Elizamar consegue conversar com Thiago Gabriel. O padrasto disse que “teve uma
discussão com a esposa” e que a mãe teria ido embora sem ele. Ele teria
acrescentado que estava “arrumando as coisas para viajar com o pai”, Marcos
Antônio.

Horas depois, o carro de Elizamar, um Renault Clio preto,
é encontrado carbonizado, com quatro corpos dentro, no Km 69 da rodovia GO-436,
em Luziânia (GO).

Núbia, irmã de Renata, disse que recebeu um áudio no
grupo da família, por volta das 21h, com uma mensagem de Renata dizendo que
estava em uma vaquejada e que voltaria para casa no dia seguinte.

14/1 — Filho de Elizamar registra o desaparecimento da
mãe e dos três irmãos mais novos: os gêmeos Rafael e Rafaela da Silva, 6 anos,
e Gabriel da Silva, 7.

Momentos depois, um Fiat Siena branco, em nome de Marcos
Antônio, é encontrado carbonizado, com duas pessoas dentro, na BR-251, na
altura de Unaí (MG).

15/1 — Núbia registra boletim de ocorrência sobre o
desaparecimento da irmã, Renata; do cunhado, Marcos Antônio; e dos filhos do
casal, Gabriela e Thiago.

A inteligência da Polícia Civil de três unidades da
Federação cruza dados de boletins de desaparecimentos registrados com as placas
dos carros carbonizados.

16/1 — A polícia registra boletim de ocorrência sobre o
desaparecimento de Cláudia Regina Marques de Oliveira e Ana Beatriz Marques de
Oliveira.

17/1 — Polícia prende dois suspeitos: Gideon Batista de
Menezes e Horácio Carlos Ferreira Barbosa.

Os suspeitos apontam Marcos Antônio e Thiago Gabriel como
mandantes dos assassinatos. Os detidos afirmaram que as mortes teriam sido
motivadas por causa de R$ 500 mil.

A polícia prende Fabrício Silva Canhedo, terceiro
suspeito de envolvimento no crime.

18/1 — Polícia verifica que corpos encontrados em carro
carbonizado em Unaí (MG) eram de mulheres.

Corpo é encontrado em cativeiro onde parte de integrantes
da família eram mantidos em cárcere.

A Polícia Civil do DF descarta envolvimento de pai e
filho na chacina da família.

19/1 — Corpos encontrados em carro carbonizado em
Luziânia (GO) são de Elizamar e de três filhos dela, segundo a PCDF.

Corpo encontrado em cativeiro é de Marcos Antônio, sogro
de Elizamar.

20/1 — Perícia encontra sangue em sacola e respingos no
chão de cativeiro.

22/1 — Polícia identifica e busca quarto suspeito por
participação no crime: Carlomam dos Santos Nogueira. Ele é integrante da facção
Primeiro Comando da Capital (PCC) e foi alvo de operação da PCDF enquanto ficou
preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em 2018.

23/1 — Um bilhete encontrado dentro do cativeiro teria
atraído Elizamar e a família para a morte.

No mesmo dia, a polícia apreende mais um carro ligado a
suspeitos da chacina da família.

24/1 — Vídeo obtido pela PCDF mostra Carlomam Santos
Nogueira em celebração com Fabrício Silva Canhedo. Ambos se conheciam antes do
crime.

Três corpos são encontrados em cisterna de casa
abandonada, no Núcleo Rural Santos Dumont, em Planaltina (DF). O endereço fica
a cerca de 5km do cativeiro onde vítimas da chacina foram mantidas reféns.

A PCDF trabalha com a tese de que integrantes da mesma
família teriam sido vítimas de extorsão.

No mesmo dia, a equipe de necropapiloscopia da corporação
constata que dois dos três corpos encontrados em cisterna eram de Thiago
Gabriel e Cláudia Regina.

A perícia também confirma que os corpos achados no carro
carbonizado em Unaí (MG) são de Renata e Gabriela.

Horas mais tarde, um adolescente de 17 anos é encaminhado
à 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) por suspeita de envolvimento na chacina. Em
depoimento informal a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o jovem teria
dito que recebeu R$ 2 mil e, depois, ganharia mais R$ 3 mil de Horácio Barbosa
para ajudar no plano criminoso.

25/1 — A Polícia Civil do DF procura mais um suspeito de
participar da chacina.

Horas depois, a corporação confirma que o terceiro corpo
encontrado na cisterna é de Ana Beatriz.

À tarde, Carlomam se entrega à 30ª Delegacia de Polícia
(São Sebastião).

Deixe um comentário

Leia também
As urnas utilizadas na eleição para o Conselho Tutelar recebem dados e informações relacionadas aos candidatos.
As urnas utilizadas na eleição para o Conselho Tutelar recebem dados e informações relacionadas aos candidatos.
A Ouvidoria-Geral já registrou mais de 234 mil atendimentos em 2023.
A Ouvidoria-Geral já registrou mais de 234 mil atendimentos em 2023.
Policial penal é o primeiro do DF a liderar curso de ação tática especial
Policial penal é o primeiro do DF a liderar curso de ação tática especial
Escolas rurais encontram no asfalto um aliado para a educação
Escolas rurais encontram no asfalto um aliado para a educação
Semana começa com 227 vagas nas agências do trabalhador
Semana começa com 227 vagas nas agências do trabalhador
Campanha no metrô alerta para a violência contra a mulher
Campanha no metrô alerta para a violência contra a mulher
Projeto do GDF é premiado em fórum de nutricionistas da assistência social
Projeto do GDF é premiado em fórum de nutricionistas da assistência social
Recuperação da Avenida Sayonara irá beneficiar 8 mil motoristas no Gama
Recuperação da Avenida Sayonara irá beneficiar 8 mil motoristas no Gama
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) anuncia um novo recorde anual de temperatura em todas as estações do Distrito Federal
O Inmet anuncia um novo recorde de temperatura em todas as estações do Distrito Federal
Vacinação para todas as idades no Parque da Cidade vai até domingo
Vacinação para todas as idades no Parque da Cidade vai até domingo
DF3
Programa de microcrédito do governo gerou quase mil empregos em 2023
Alunas do DF conquistam ouro em etapa da Olimpíada Brasileira de Geografia
Alunas do DF conquistam ouro em etapa da Olimpíada Brasileira de Geografia

‘Pacificação’ vira lema da direita em busca do apoio bolsonarista

No dicionário, a palavra pacificação significa apaziguamento, conciliação, concordância e até mesmo sossego. Mas ganhou recentemente mais um sinônimo: anistia, ao menos para os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos de prisão pelo STF. No dicionário, a palavra pacificação significa apaziguamento, conciliação, concordância e até mesmo

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.