18/11/2025

Como Las Vegas, a ‘cidade do pecado’, virou um dos lugares mais verdes dos EUA

A rede de hotéis MGM Resorts International desenvolveu uma instalação geradora de energia solar de 100 MW, para abastecer 11 das suas unidades em Las Vegas - (crédito: Getty Images)

Da economia de água até a produção de energia solar, a Cidade do Pecado investe milhões de dólares para promover a sustentabilidade.

Las Vegas, no Estado americano de Nevada, é famosa pelas suas luzes brilhantes, pelos excessos e pelo hedonismo.

Mas o parque de diversões da América — ou, para usar seu apelido mais conhecido, a Cidade do Pecado — está ficando verde. Da conservação de água e gestão de resíduos até a energia solar, a cidade investiu milhões de dólares para criar iniciativas sustentáveis.

“Os trabalhos começaram para valer em 2005”, segundo o responsável por sustentabilidade da cidade, Marco Velotta. “E se aceleraram com a Lei da Recuperação de 2009.”

Esta lei federal definiu objetivos a serem alcançados em termos de energia renovável, conservação de água, reciclagem e construções verdes.

“Com a Lei da Recuperação e sob a direção do Conselho Municipal, a cidade conseguiu fazer um investimento inicial de US$ 75 milhões (cerca de R$ 436 milhões) em projetos de sustentabilidade”, explica Velotta.

Apesar do aumento vertiginoso da sua população, ele afirma que o consumo de água de Las Vegas caiu “significativamente”. E, até 2030, 50% de toda a eletricidade consumida em Nevada deve ser gerada com recursos renováveis.

Particularmente, a Strip de Las Vegas — o trecho de 6 km da Las Vegas Boulevard que concentra os cassinos e resorts de luxo da cidade — dobrou seus esforços para adotar a energia renovável.

A maioria dos hotéis desenvolveu iniciativas sustentáveis, graças a um programa (já encerrado) de redução de 50% do imposto predial por 10 anos, oferecido pela cidade.

Os resorts também precisam atender ao padrão estadual de gerar 40% da sua energia de fontes renováveis. “A maioria excedeu os 40%”, segundo Velotta. “Las Vegas atingiu grandes resultados em um curto espaço de tempo.”

“No início, os turistas também ficaram surpresos com as iniciativas sustentáveis da cidade. Mas, desde que Las Vegas emergiu como líder no setor, a sustentabilidade passou a ser parte da nossa história.”

Os progressos atingidos na região de Las Vegas, notória pelos seus excessos, podem parecer impressionantes. Afinal, apenas o setor comercial da cidade responde por um terço do consumo total de energia de Nevada.

Mas a Strip partiu de “parâmetros relativamente baixos”, segundo o professor de arquitetura e urbanismo Steffen Lehmann, da Universidade de Las Vegas.

No entanto, ele ressalta que “a Strip está claramente avançando, com esforços orquestrados para aumentar a eficiência energética dos hotéis, pela integração da energia solar e aumento do uso da luz natural”.

Cidade solar

Las Vegas é a segunda cidade dos Estados Unidos em capacidade solar per capita. Ela só fica atrás de Honolulu, no Havaí.

Para Lehmann, “a Cidade do Pecado poderia ser chamada de Cidade Solar”. E os hotéis estão capitalizando os 320 dias de sol que a cidade recebe todos os anos.

A companhia hoteleira MGM Resorts International desenvolveu seu próprio conjunto solar de 100 MW. Ele fornece energia para 11 das suas unidades em Las Vegas — o equivalente a abastecer 27 mil residências.

Mas mesmo este volume, somado à energia adicional adquirida de um fornecedor solar, não é suficiente para alimentar os 11 imóveis, 24 horas por dia. O objetivo da empresa é consumir apenas energia renovável até 2030.

Las Vegas fica no deserto de Mojave. A escassez de água da região faz com que sua conservação seja “primordial” para que a cadeia hoteleira torne suas operações sustentáveis, segundo Michael Gulich, vice-presidente de sustentabilidade ambiental da MGM Resorts International.

Ele afirma que os hotéis da MGM na Strip já economizaram 60,5 bilhões de litros de água desde 2007, graças às suas políticas “agressivas” de conservação. Elas incluem a substituição da grama por paisagismo adequado ao deserto, instalação de torneiras com uso eficiente de água em todas as unidades e a reutilização da água em aquários e nas famosas fontes do Bellagio.

“O consumo de água per capita [em Las Vegas] ainda é alto demais”, alerta Lehmann. “Houve simplesmente muito desperdício antes que [os hotéis] começassem a economizar água em 2007.”

Em 2023, o Resorts World Hotel anunciou uma conquista importante: dois anos após a sua inauguração, ele é totalmente abastecido por fontes de energia renovável.

A concessionária NV Energy abastece o resort de 3,5 mil apartamentos com energia renovável, gerada pelas usinas solares, geotérmicas e eólicas de Nevada.

O chefe de sustentabilidade do hotel, Brandon Morrison, afirma que, durante a construção, 13 mil toneladas de aço foram retiradas da estrutura de um edifício que foi abandonado durante a crise econômica de 2008. E a empresa também investiu mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,8 bilhões) em melhorias para uso eficiente de energia, segundo ele.

“O Resorts World apresenta números impressionantes de sustentabilidade, mas ele representa uma anomalia entre os hotéis da Strip”, segundo Lehmann. “Muitos deles apresentam baixo desempenho, em termos de responsabilidade ambiental.”

As iniciativas importantes em termos de economia de água e geração de energia solar adotadas por muitos resorts em Las Vegas são “etapas necessárias para uma cidade no deserto em rápido crescimento”, segundo ele.

“A Strip se tornou um notável estudo de caso de uso eficiente de energia solar renovável e conservação da água.”

Trabalho em andamento

Existem ainda grandes desafios à frente para esta cidade com imenso consumo de energia.

“As fontes primárias de emissão de gases do efeito estufa na cidade são duas”, segundo Lehmann: “o transporte, particularmente de carros e caminhões, e o uso excessivo de ar-condicionado”.

“Como uma jovem cidade no deserto, com apenas 119 anos, Las Vegas precisa trabalhar com afinco para ter recursos e ser sustentável.”

Outros resorts estão desenvolvendo seus próprios sistemas de energia solar, incluindo baterias de backup, para armazenar a energia e usá-la após o pôr do sol.

Mais de 97% da água consumida em Las Vegas é reciclada, segundo Lehmann — o que é fundamental, considerando o rápido esgotamento do rio Colorado, responsável pelo abastecimento de água da cidade.

“Para nós, é gratificante observar que, antigamente, Las Vegas era considerada a cidade do excesso e do desperdício, mas, hoje, com nossos amplo trabalho de sustentabilidade, somos reconhecidos como líderes mundiais em sustentabilidade e compromisso ambiental”, conclui Marco Velotta.

Las Vegas, no Estado americano de Nevada, é famosa pelas suas luzes brilhantes, pelos excessos e pelo hedonismo.

Mas o parque de diversões da América — ou, para usar seu apelido mais conhecido, a Cidade do Pecado — está ficando verde. Da conservação de água e gestão de resíduos até a energia solar, a cidade investiu milhões de dólares para criar iniciativas sustentáveis.

“Os trabalhos começaram para valer em 2005”, segundo o responsável por sustentabilidade da cidade, Marco Velotta. “E se aceleraram com a Lei da Recuperação de 2009.”

Esta lei federal definiu objetivos a serem alcançados em termos de energia renovável, conservação de água, reciclagem e construções verdes.

“Com a Lei da Recuperação e sob a direção do Conselho Municipal, a cidade conseguiu fazer um investimento inicial de US$ 75 milhões (cerca de R$ 436 milhões) em projetos de sustentabilidade”, explica Velotta.

Apesar do aumento vertiginoso da sua população, ele afirma que o consumo de água de Las Vegas caiu “significativamente”. E, até 2030, 50% de toda a eletricidade consumida em Nevada deve ser gerada com recursos renováveis.

Particularmente, a Strip de Las Vegas — o trecho de 6 km da Las Vegas Boulevard que concentra os cassinos e resorts de luxo da cidade — dobrou seus esforços para adotar a energia renovável.

A maioria dos hotéis desenvolveu iniciativas sustentáveis, graças a um programa (já encerrado) de redução de 50% do imposto predial por 10 anos, oferecido pela cidade.

Os resorts também precisam atender ao padrão estadual de gerar 40% da sua energia de fontes renováveis. “A maioria excedeu os 40%”, segundo Velotta. “Las Vegas atingiu grandes resultados em um curto espaço de tempo.”

“No início, os turistas também ficaram surpresos com as iniciativas sustentáveis da cidade. Mas, desde que Las Vegas emergiu como líder no setor, a sustentabilidade passou a ser parte da nossa história.”

Os progressos atingidos na região de Las Vegas, notória pelos seus excessos, podem parecer impressionantes. Afinal, apenas o setor comercial da cidade responde por um terço do consumo total de energia de Nevada.

Mas a Strip partiu de “parâmetros relativamente baixos”, segundo o professor de arquitetura e urbanismo Steffen Lehmann, da Universidade de Las Vegas.

No entanto, ele ressalta que “a Strip está claramente avançando, com esforços orquestrados para aumentar a eficiência energética dos hotéis, pela integração da energia solar e aumento do uso da luz natural”.

Cidade solar

Las Vegas é a segunda cidade dos Estados Unidos em capacidade solar per capita. Ela só fica atrás de Honolulu, no Havaí.

Para Lehmann, “a Cidade do Pecado poderia ser chamada de Cidade Solar”. E os hotéis estão capitalizando os 320 dias de sol que a cidade recebe todos os anos.

A companhia hoteleira MGM Resorts International desenvolveu seu próprio conjunto solar de 100 MW. Ele fornece energia para 11 das suas unidades em Las Vegas — o equivalente a abastecer 27 mil residências.

Mas mesmo este volume, somado à energia adicional adquirida de um fornecedor solar, não é suficiente para alimentar os 11 imóveis, 24 horas por dia. O objetivo da empresa é consumir apenas energia renovável até 2030.

Las Vegas fica no deserto de Mojave. A escassez de água da região faz com que sua conservação seja “primordial” para que a cadeia hoteleira torne suas operações sustentáveis, segundo Michael Gulich, vice-presidente de sustentabilidade ambiental da MGM Resorts International.

Ele afirma que os hotéis da MGM na Strip já economizaram 60,5 bilhões de litros de água desde 2007, graças às suas políticas “agressivas” de conservação. Elas incluem a substituição da grama por paisagismo adequado ao deserto, instalação de torneiras com uso eficiente de água em todas as unidades e a reutilização da água em aquários e nas famosas fontes do Bellagio.

“O consumo de água per capita [em Las Vegas] ainda é alto demais”, alerta Lehmann. “Houve simplesmente muito desperdício antes que [os hotéis] começassem a economizar água em 2007.”

Em 2023, o Resorts World Hotel anunciou uma conquista importante: dois anos após a sua inauguração, ele é totalmente abastecido por fontes de energia renovável.

A concessionária NV Energy abastece o resort de 3,5 mil apartamentos com energia renovável, gerada pelas usinas solares, geotérmicas e eólicas de Nevada.

O chefe de sustentabilidade do hotel, Brandon Morrison, afirma que, durante a construção, 13 mil toneladas de aço foram retiradas da estrutura de um edifício que foi abandonado durante a crise econômica de 2008. E a empresa também investiu mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,8 bilhões) em melhorias para uso eficiente de energia, segundo ele.

“O Resorts World apresenta números impressionantes de sustentabilidade, mas ele representa uma anomalia entre os hotéis da Strip”, segundo Lehmann. “Muitos deles apresentam baixo desempenho, em termos de responsabilidade ambiental.”

As iniciativas importantes em termos de economia de água e geração de energia solar adotadas por muitos resorts em Las Vegas são “etapas necessárias para uma cidade no deserto em rápido crescimento”, segundo ele.

“A Strip se tornou um notável estudo de caso de uso eficiente de energia solar renovável e conservação da água.”

Trabalho em andamento

Existem ainda grandes desafios à frente para esta cidade com imenso consumo de energia.

“As fontes primárias de emissão de gases do efeito estufa na cidade são duas”, segundo Lehmann: “o transporte, particularmente de carros e caminhões, e o uso excessivo de ar-condicionado”.

“Como uma jovem cidade no deserto, com apenas 119 anos, Las Vegas precisa trabalhar com afinco para ter recursos e ser sustentável.”

Outros resorts estão desenvolvendo seus próprios sistemas de energia solar, incluindo baterias de backup, para armazenar a energia e usá-la após o pôr do sol.

Mais de 97% da água consumida em Las Vegas é reciclada, segundo Lehmann — o que é fundamental,

Tribuna Livre, com informações da BBC News

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