15/11/2025

Cotado a vice de Lula, Helder despista sobre 2026 e prega lealdade do MDB

Reprodução

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), desconversou sobre a possibilidade de ser vice na chapa do presidente Lula (PT) em 2026, mas pregou lealdade do partido até as eleições.

O que aconteceu

Em entrevista ao UOL, Helder disse “jamais” discutiu o assunto “seja com o partido, quanto mais com o presidente”. É uma negociação que ficará para o ano que vem, afirmou, em conversa no Palácio do Governo, em Belém. Uma das opções, se não vice, é lançar-se ao Senado, o que, com popularidade alta, é considerada uma disputa ganha —eleito, faria dobradinha com o pai, o senador Jader Barbalho (MDB-PA).

Seu nome é cotado nos bastidores para integrar a nova chapa de Lula. Há um entendimento no Planalto e em partidos da base de que o petista precisa ceder ainda mais para formar uma aliança ampla para a reeleição em 2026, o que interfere diretamente na chapa principal, formada hoje com o PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin.

“Meu foco integral, até o dia 2 de abril de 2026, é em retribuir a confiança e o carinho que devo cultivar com os paraenses”, diz. Este é o prazo para desvinculação de quem exerce cargo público e pretende se candidatar a outro posto nas eleições. Ele já foi reeleito, quando venceu em primeiro turno, em 2022.

O governador não anuncia, mas tampouco esconde a vontade de aumentar a projeção nacional. “Tenho consciência de que eu tenho uma brutal responsabilidade com o Brasil, que é fazer uma COP que dê orgulho e faça o Brasil ser bem apresentado para o mundo a partir de Belém”, afirmou. A conferência, marcada para novembro, será o maior evento dos seus oito anos de mandato.

Articuladores mais pragmáticos do Planalto dizem que a vaga tem de ir ao MDB. Com três ministros no governo, o partido segue uma das maiores potências do centrão (mesmo perdendo espaço progressivamente para o PSD e, agora, para o União Progressista) e é, entre os três, a legenda mais próxima e mais fiel a Lula (e com menos número de bolsonaristas).

A união tampouco é recente. Com o bom relacionamento com Lula herdado do pai, Helder já teve apoio do presidente em 2014, na reeleição de Dilma Rousseff (PT), quando foi derrotado no segundo turno por Simão Jatene (PSDB). Em 2022, na sua reeleição, ele deu apoio informal ao petista já no primeiro turno, quando o partido ainda tinha a então senadora e hoje ministra Simone Tebet (MDB-MS) como candidata oficial.

Outro nome cotado é o do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Como Helder, o carioca é uma figura de centro com popularidade em alta e, hoje, ações voltadas a políticas sociais bem aceitas na centro-esquerda. No Planalto, pondera-se, no entanto, que a negociação com o PSD dos governadores Eduardo Leite (RS) e Ratinho Jr. (PR), também presidenciáveis, é mais complicada.

O paraense é influente no MDB. Dos governadores com mais alta taxa de popularidade do país e filho de um dos caciques do partido, ele é da ala emedebista mais próxima do petista, concentrada em especial no Norte e no Nordeste.

Renan Filho também figura no radar. O atual ministro dos Transportes, filho de Renan Calheiros, também é apontado no partido como um nome que pode ganhar força. Governador de Alagoas por duas vezes é visto como um político jovem que também pode ganhar força nacional.

‘MDB deve lealdade’

Helder repete que a decisão cabe ao partido, ainda dividido entre seguir ou não na aliança. “O MDB faz parte do governo do presidente Lula e, no momento adequado, haverá de se ter um diálogo entre o presidente da República [e o partido] —inclusive para que se formalize ou não se ele será candidato, e ele, a partir daí, possa ter um diálogo com o MDB e com os demais partidos que hoje dão sustentação parlamentar.”

Até lá, no entanto, pede lealdade. Para o governador, é uma questão de “respeito” com Lula e com os ministros emedebistas que compõem a Esplanada: Tebet (Planejamento e Orçamento), Renan Filho (Transportes) e Jader Filho (Cidades), seu irmão.

Neste momento, partidariamente, nós vamos discutir e debater qual será o caminho que devamos ter. O que é fundamental é que o partido aja com lealdade, aja com correção. Isto é algo necessário para que o partido possa se respeitar e se fazer respeitar.

Helder Barbalho, sobre 2026.

Alinhamento com Lula

Helder não esconde o alinhamento com Lula ao tratar de desenvolvimento sustentável. Em entrevista exclusiva ao UOL, o governador defende a exploração de petróleo na Margem Equatorial como “algo racional”, pois o Brasil e o mundo “não podem abdicar do uso de combustível fóssil”.

Como Lula, Helder vê a exploração na Foz do Amazonas como inevitável. Para ele, é preciso ter uma visão menos apaixonada e mais racional, do que a dos críticos ao projeto, porque o mundo ainda depende dos combustíveis fósseis. A área em debate fica a 175 km da costa do Amapá, a 540 km da foz do rio Amazonas —distância que é lembrada por ambos como argumento a favor da exploração.

O Brasil e o mundo não podem, neste momento, abdicar do uso de combustível fóssil. Quem alimentar o discurso de que nós podemos abrir mão está agindo com emoção e não com a razão.

Helder Barbalho, em entrevista ao UOL.

E Alckmin?

Uma possível candidatura de Alckmin ao Senado por São Paulo tem ganhado força para uma possível aliança PT-PSB. Ele iria com a promessa de apoio irrestrito de Lula e, caso perca, teria vaga garantida no governo, onde ocupa também o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, cargo de que gosta muito.

Como no caso do MDB, toda a negociação do PSB está em fase de compensação de pesos. Parte do partido articula para que, para deixar a vice-presidência sem arranhões, o partido e o governo apoiem o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), ao governo de São Paulo; enquanto outro grupo luta por um fortalecimento no Legislativo, em aliança com o PT.

Aliados de Lula dizem que essa ideia já tem sido tratada com o presidente e com Alckmin há algum tempo. O petista já disse a pessoas próximas que não imporia ao vice algo que fizesse com que ele se sentisse desrespeitado, mas, no Planalto, está claro que o tom a ser adotado é formar uma aliança que garanta a vitória, custe o que custar.

Tribuna Livre, com informações do UOL

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