Empresário passou noite em claro e teria se negado a comer; ele deixou prisão pouco antes das 11h para participar de audiência de custódia
O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, preso em São Paulo após se envolver em um acidente de trânsito com morte no dia 31 de março, passou a primeira noite na cadeia chorando, sem comer ou dormir, segundo apurado pelo Metrópoles com fontes policiais que acompanham o caso.
Fernando Filho se entregou à Polícia Civil, no fim da tarde dessa segunda-feira (6/5), após a Justiça decretar sua prisão preventiva. Ele ficou três dias foragido antes de se apresentar.
Em condição de sigilo, uma fonte da polícia afirmou que o empresário disse que “preferiria ter morrido do que estar passando por tudo isso”.
O empresário passou a noite em uma carceragem do 31º DP (Vila Carrão), na companhia de ao menos dois suspeitos, presos em flagrante por outros crimes. Fernando foi tirado da cadeia, por volta das 10h50 desta terça-feira (7/5), para ser conduzido ao Fórum da Barra Funda, na zona oeste, onde vai participar de uma audiência de custódia.
Também nesta terça, às 14h, o pedido de habeas corpus feito pela defesa do empresário será julgado pela 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A reportagem apurou que o cardápio do jantar de Fernando Filho na prisão foi arroz, feijão e carne com batatas, além de suco e laranja de sobremesa. No café da manhã, havia pão com manteiga e café com leite.
Preso na 5ª Seccional
O empresário é acusado de dirigir embriagado seu Porsche, avaliado em mais de R$ 1 milhão, e provocar a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos. A vítima teve seu Renault Sandero atingido pelo carro de luxo na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, zona leste de São Paulo.
O mandado de prisão preventiva foi expedido nessa sexta-feira (3/5) pelo desembargador João Augusto Garcia, da 5ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). O magistrado acolheu um recurso do Ministério Público (MPSP), apresentado no dia anterior.
Antes, juízes de primeira instância haviam recusado três pedidos de prisão contra Fernando Filho – dois deles de prisão preventiva e outro de temporária (por 30 dias). Ao mandar o empresário para a cadeia, o desembargador também revogou as outras medidas cautelares que haviam sido impostas, como proibição de se aproximar de testemunhas, mas manteve a fiança de R$ 500 mil.
Homicídio
Fernando Filho é réu por homicídio qualificado e lesão corporal gravíssima. Além da morte de Ornaldo, outra vítima do acidente é o estudante Marcus Vinicius Machado Rocha, 22 anos, que estava de carona no Porsche.
Marcus fraturou quatro costelas, precisou ser hospitalizado e perdeu o baço. Ele voltou a ser internado no último dia 28 de abril e teve alta nesta segunda-feira (6/5). Mesmo com sinais de embriaguez, Fernando Sastre Filho recebeu permissão dos PMs para ir embora, sem fazer o teste do bafômetro. Os agentes responsáveis pela liberação indevida também são alvo de investigação.
Como mostrado pelo Metrópoles, a câmera corporal da PM Dayse Aparecida Cardoso Romão mostra que ela explica, ao telefone, os motivos para liberar, sem escolta, o empresário, logo após ele provocar o acidente fatal (assista abaixo).
Investigação
Laudo do Instituto de Criminalística apontou que a velocidade média do Porsche era de 156 km/h. Quando se apresentou à polícia, contudo, mais de 36 horas após o acidente, o empresário disse que estava “um pouco acima da velocidade máxima permitida”, que é de 50 km/h.
À polícia, o amigo que estava no Porsche disse que Fernando Filho havia ingerido bebida alcóolica antes, contrariando o depoimento do empresário.
Antes do acidente, os amigos e suas respectivas namoradas foram a um restaurante, onde o grupo consumiu nove drinques, e depois a uma casa de pôquer, que funciona no sistema open bar.
A análise das imagens das câmeras corporais dos PMs que atenderam à ocorrência mostra o momento em que Fernando Filho é liberado do local do acidente junto da mãe, sob a justificativa de que iria procurar atendimento médico, o que não aconteceu.
Tribuna Livre, com informações do Portal Metrópoles