Jogador falou sobre adaptação em Madri, saída do PSG e ausências na convocação da seleção francesa ao programa Clique do Canal+ França
Madri Principal contratação do Real Madrid para a temporada, Kylian Mbappé quebrou o silêncio sobre o início conturbado no clube, a ausência nas convocações da seleção da França e uma suposta acusação de estupro na Suécia, em entrevista ao programa Clique do Canal+ França. Foi a primeira vez que o jogador francês se manifestou sobre as críticas pelo desempenho em campo e os rumores da vida pessoal desde que chegou ao Santiago Bernabéu, em junho deste ano.
Na entrevista, Mbappé explicou que decidiu conceder a entrevista para que as pessoas pudessem ouvir dele e entender o que aconteceu desde a chegada com status de “estrela” ao Real Madrid. O francês garantiu estar “muito feliz” no novo clube, em sua primeira experiência no futebol estrangeiro depois das passagens por Mônaco e Paris Saint-Germain, e rebateu as críticas por ainda não ter exibido o futebol que o notabilizou nas outras equipes.
“As pessoas nos veem como robôs, há um círculo que quer isso. Mas, quando chega a hora, somos seres humanos como todos os outros. As pessoas nos criticam e nos elogiam — disse ele, que reconheceu não viver o melhor seu melhor momento. — Não é o melhor início de temporada, mas estamos nos preparando para os troféus. Já vencemos a Supertaça Europeia. Não estamos à altura do que esperávamos. Mas, no Real, vamos esperar até a segunda metade da temporada. Aí então você pode ser julgado”, disse.
Mbappé ainda confidenciou que a parte mais difícil de deixar o Paris Saint-Germain rumo ao Real Madrid foi o impacto da transferência sobre seu irmão, Ethan, também jogador.
“Foi o que mais me afetou. [Para] Ele, seu Real Madrid, era PSG. Eu teria desistido do meu sonho de Madrid por ele. Qual o sentido de assinar pelo melhor clube do mundo se você matar a carreira do seu irmão?”, questionou.
‘Nunca fui intimado’
Questionado sobre uma suposta acusação de estupro na Suécia, Mbappé negou ter recebido qualquer intimação da polícia do país. O nome do jogador foi vinculado ao caso depois de relatos publicados pela imprensa local apontarem investigações de um crime cometido no mesmo hotel onde o astro ficou hospedado em Estocolmo, durante uma folga nas partidas do Real Madrid. As autoridades suecas nunca confirmaram nomes de suspeitos.
“Fiquei surpreso, sempre fico surpreso. Essas coisas acontecem, você nunca imagina chegando. Não recebi nada, nenhuma intimação. Li a mesma coisa que todo mundo, o governo sueco não disse nada. Eu não estou envolvido. Isso não me incomodou, porque nunca me senti envolvido. Tive cinco dias de folga e resolvi viajar. O treinador me disse para ir para algum lugar menos exposto. Tiraram uma foto minha saindo do restaurante. Havia muitas pessoas prontas para me cumprimentar na saída. Quando entrei no avião, recebi a notícia. Não tenho ideia de quem é (a suposta vítima)”, destacou.
‘Não estava deprimido’
O jogador recentemente estampou capas de veículos da imprensa internacional depois de perder mais um pênalti pelo Real Madrid, numa partida que terminou com a vitória do Atletico de Bilbao. Na ocasião, jornalistas cogitaram a possibilidade de o francês ter desenvolvido problemas de saúde mental em Madri. Na entrevista, Mbappé negou estar deprimido.
“Tive momentos em que estava cansado, mas não estava deprimido. Há pessoas que estão muito deprimidas, temos que ajudá-las. A certa altura senti-me exausto. Tive desilusões desportivas. Tive decepções esportivas. [Mas dizer que está deprimido] É falar por falar, que é grátis”, rebateu.
‘Dei meu nariz, e as pessoas não se importam’
Mbappé também comentou a ligação com a seleção francesa, da qual, até meses atrása, era capitão e principal estrela. Ele afirmou ter feito o “melhor possível” para representar o país na Eurocopa de 2024, mesmo após ser alvo de ataques racistas (“fui chamado de macaco”) e fraturar o nariz na primeira fase.
“Colocaram a responsabilidade pelo fracasso para mim. Sem problemas. Sempre coloquei a seleção francesa no mais alto nível. Dei o meu nariz, e as pessoas dizem que não se importam — afirmou ele, antes de explicar por que ficou de fora das recentes convocações. — Meu amor pela seleção francesa não mudou. Sim, sinto falta, porque faz muito tempo que não vou lá. Em setembro pedi ao treinador [Didier Deschamps] para não ir. Eu tinha acabado de chegar em Madrid e tive férias supercurtas. Em outubro fiquei machucado. Em novembro, o treinador me disse que era melhor não me ligar. Ele é o chefe. Eu queria ir, mas não sei dizer por que não me ligaram”, contou.
‘Ainda assisto aos jogos do PSG’
Mbappé também comentou os conflitos com o Paris Saint-Germain antes de deixar o clube rumo ao Real Madrid e hoje, ao exigir o pagamento de bônus milionário de que, segundo o clube, o atacante teria aberto mão.
“O PSG significou muito para mim. Passei sete anos lá e é um lugar muito intenso, com momentos bons e ruins. Vivi sete anos extraordinários. Talvez o erro que cometi foi misturar tudo tive conflitos com as pessoas, defendi os meus direitos como jogador, mas isso não representou o clube. Eles acham que o Kylian não se importa, acham que era um hobby antes de ir para Madrid, mas ainda assisto aos jogos do PSG”, disse.
Tribuna Livre, com informações da Agência O Globo