Pesquisa realizada pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF) utiliza o sequenciamento genético para investigar se mutações podem interferir na eficácia dos medicamentos.
O Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF) elaborou um protocolo com o objetivo de compreender a razão pela qual alguns pacientes com hanseníase não respondem de maneira adequada ao tratamento. A iniciativa surgiu em resposta a uma demanda das equipes de saúde da rede pública, que frequentemente enfrentam incertezas quanto à ausência de resultados nas intervenções medicamentosas.
Para abordar essa questão, a pesquisa realiza o sequenciamento genético do microrganismo para identificar mutações que podem conferir resistência à bactéria em relação aos antimicrobianos utilizados no tratamento. Fabiano Costa, gerente de Biologia Médica do Lacen, destaca a peculiaridade da hanseníase, onde a cultura do microrganismo não pode ser realizada no laboratório, impedindo a realização de testes de sensibilidade convencionais.
O protocolo em desenvolvimento utilizará técnicas moleculares para avaliar o perfil do bacilo de Hansen, indicando se houve ou não mutação. Isso é especialmente relevante para evitar a espera por resultados negativos de baciloscopia após longos períodos de tratamento, fornecendo aos médicos informações mais rápidas sobre a possível resistência bacteriana.
Atualmente, o processo está em fase de estudo, sendo aplicado apenas a amostras do Distrito Federal. A expectativa é que, em breve, o protocolo possa ser incorporado na rotina de pacientes e profissionais de saúde da rede pública, com o objetivo de se tornar uma referência no combate à hanseníase.
A hanseníase, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, é transmitida por meio de gotículas de saliva. Seus sintomas podem demorar de dois a sete anos para se manifestarem, sendo os primeiros sinais muitas vezes difíceis de diagnosticar. O acompanhamento adequado e a conclusão do tratamento são cruciais para evitar sequelas graves, e a pesquisa em andamento busca aprimorar a detecção precoce e o manejo eficaz da doença.
Tribuna Livre, com informações do Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF)