Os Estados Unidos estão se movimentando para apertar o cerco sobre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reconhecendo o opositor Edmundo González Urrutia como “presidente eleito” e com um projeto de lei comercial chamado Bolívar, para desgosto de Caracas.
Em uma mensagem na rede social X, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, afirmou que “o povo venezuelano se pronunciou claramente em 28 de julho” tornou “Edmundo González presidente eleito”.
Caracas reagiu com uma declaração furiosa, chamando-o de “ataque criminoso”.
“De maneira desavergonhada, colocaram sigla de Bolívar, em uma ofensa ao maior gênio da história americana, que dedicou sua vida a derrotar o imperialismo e o colonialismo, antivalores contidos nesse novo ataque criminoso”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores.
Segundo o governo venezuelano, esse instrumento tem como objetivo impedir a cooperação econômica entre os dois países e viola a Carta da ONU, “somando-se às mais de 930 medidas coercitivas unilaterais e extraterritoriais” impostas a Caracas.
– Impacto ‘limitado’ –
“É uma lei de impacto bastante limitado”, porque já existe outra “que proíbe o setor de defesa, o Pentágono, de firmar qualquer contrato com uma empresa que tenha qualquer relação comercial com o governo venezuelano”, explica à AFP o analista Mariano De Alba, especialista em geopolítica e direito internacional.
Uma das forças motrizes por trás do projeto de lei é o republicano Mike Waltz, um falcão escolhido pelo presidente eleito dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, como futuro assessor de Segurança Nacional da Casa Branca. E ele não mede palavras.
“A Venezuela está em crise devido ao governo ilegítimo e autoritário e às políticas marxistas de Nicolás Maduro e seu cartel de Caracas”, disse ele em um comunicado.
– Cortar a ‘rede de apoio’ –
“Nossa política deve se basear na solidariedade aos corajosos ativistas que se esforçam para quebrar as correntes da opressão e não fornecer ajuda e conforto a seus opressores”, acrescenta o congressista republicano.
A outra patrocinadora do projeto de lei, a democrata Debbie Wasserman Schultz, concorda com a necessidade de aumentar a pressão para estar “comprometidos com o povo venezuelano”.
A congressista já promoveu, com colegas republicanos, dois outros projetos de lei na Câmara dos Representantes do Congresso.
Por um lado, a Lei de Revogação, com o objetivo de rescindir as licenças concedidas a várias empresas petrolíferas para operar na Venezuela e, por outro, a Lei Valor, que, entre outras coisas, reafirma as sanções financeiras ao Banco Central da Venezuela, à Petróleos de Venezuela (PDVSA) e às criptomoedas venezuelanas, e bloqueia a assistência estrangeira a qualquer país que ajude Maduro.
O setor petrolífero da Venezuela está sob sanções desde 2019, mas Washington concede licenças individuais para operar na Venezuela a várias empresas, incluindo a americana Chevron.
A vitória eleitoral de Trump ameaça endurecer a posição de Washington.
Para De Alba, o projeto de lei “começa a dar indícios sobre qual provavelmente será a política”, que consistirá em “manter as sanções existentes e expandir ou reinstaurar sanções”.
A escolha do senador Marco Rubio como futuro chefe da diplomacia reforça esta hipótese.
Rubio trará consigo “sanções mais rígidas e, infelizmente, uma retórica mais dura e não construtiva”, disse à AFP Christopher Sabatini, pesquisador da América Latina no think tank britânico Chatham House, antes mesmo de Trump escolher o senador latino para o cargo. “Não me surpreenderia que Trump dê carta branca tanto a Marco Rubio quanto a Mike Waltz para que avancem com a política” que considerem adequada, “muito provavelmente com um discurso contundente e também com a ampliação das sanções”, explica De Alba
Tribuna Livre, com informações doa portal www.msn.com