13/07/2025

Governo Lula sofre dura derrota na crise do IOF

Motta na sessão: presidente da Câmara lembrou que Parlamento foi parceiro do governo desde o início, aprovando projetos importantes - (crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Por 346 votos contra 97, Câmara aprova urgência para o projeto que pretende derrubar decreto do Planalto sobre aumento do imposto. Motta enfatiza que Casa não aceitará ajuste fiscal baseado apenas em elevação de tributos

A Câmara aprovou, por 346 votos a favor e 97 contra a urgência do Projeto de Decreto Legislativo (PDL), cujo objetivo é anular o decreto editado pelo governo que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre transações de câmbio. Com isso, o texto ganha prioridade na tramitação e pode ser analisado diretamente no plenário, sem passar pelas comissões temáticas.

Não há data definida, porém, para a votação do PDL. Nesta segunda-feira, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e os ministros da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e da Casa Civil, Rui Costa, reuniram-se com líderes partidários. Ficou acertado que o governo terá duas semanas antes da votação do PDL.

O decreto que prevê o aumento do IOF foi anunciado em maio pela Fazenda. Após a repercussão negativa, o governo recuou em parte das medidas e apresentou um novo pacote fiscal, que também desagradou o Congresso.

Antes da aprovação da urgência, Motta tinha mandado um alerta ao governo, de que o Parlamento não aceitará mais medidas de ajuste fiscal baseadas apenas no aumento de impostos. Segundo ele, há um sentimento claro, majoritário e consolidado na Câmara contra a estratégia do governo de ampliar a arrecadação sem apresentar uma agenda concreta de corte de despesas. “Há um esgotamento de medidas que vêm a procurar aumentar a arrecadação exclusivamente com o aumento de impostos. O governo é sabedor dessa insatisfação”, declarou.

O parlamentar ressaltou que essa não é uma pauta isolada da oposição, mas um desconforto generalizado em diversos partidos da Casa. A votação da urgência, conforme destacou, é demonstração clara de que o Parlamento não concorda em ser chamado a votar sucessivos aumentos de tributos como solução isolada para os desafios fiscais do país. “A Câmara seguirá nessa agenda, defendendo o que é bom para o Brasil”, frisou.

Ele enfatizou que o Congresso não se recusa a discutir o equilíbrio das contas públicas, mas quer uma pauta mais estruturante, baseada em medidas que envolvam controle de gastos, eficiência do Estado e sustentabilidade fiscal de longo prazo. De acordo com ele, a Casa não aceitará mais ser “âncora fiscal” de um governo que evita enfrentar o debate sobre despesas. “Nós temos um país para cuidar, e é através de medidas estruturantes que vamos conseguir melhorar esse ambiente econômico.”

O deputado lembrou que o Parlamento foi parceiro do governo desde o início, aprovando projetos importantes e demonstrando responsabilidade fiscal e institucional. No entanto, ressaltou que lealdade institucional não significa concordância automática. “O Congresso tem sido correto. O Congresso aprovou absolutamente tudo que o governo enviou para cá nesses quase dois anos e meio de governo. O Congresso demonstrou muita responsabilidade com a economia, responsabilidade com o país. O Congresso, a Câmara dos Deputados têm sido a âncora de responsabilidade”, sustentou.

De acordo com Motta, o Congresso está pronto para apoiar uma agenda de ajuste, desde que ela não recaia, mais uma vez, sobre quem produz, gera empregos e paga impostos no país. “Não tem como se ter agenda de corte de despesas no Brasil que o Executivo não participe. O Legislativo está aqui pronto para apoiar, para discutir, para poder, internamente, nos partidos, entender o que cada partido está à vontade para apoiar, para votar, porque nós também temos que ter uma agenda com perspectiva de aprovação. Não adianta ter uma agenda impossível de ser aprovada, mas que é fundamental que o Executivo participe. É isso que nós temos defendido desde o início”, destacou.

Férias de Haddad

Em meio ao imbróglio do IOF, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entrou em férias, o que deu munição para a oposição ao governo. Inicialmente, a licença estava previstas para 11 a 20 de julho. A alteração foi publicada no Diário Oficial da União em 5 de junho. O ministro retornará ao trabalho no próximo dia 22. Até lá, o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, assume interinamente o comando da pasta.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), criticou as férias de Haddad. “Demonstra a irresponsabilidade do ministro da economia num momento como este. É um ministro totalmente irresponsável com o país”, disse, ao Correio.

Quem também reprovou foi a deputada federal Bia Kicis (PL-DF). “O ministro mostra sua total insensibilidade para com o momento ao tirar férias ao invés de estar presente, para ouvir as razões de todos aqueles que rejeitam a med ida proposta, que vai pesar mais uma vez no bolso dos brasileiros”, afirmou.

Tribuna Livre, com informações da Agência Câmara.

Leia também
Vazamento de dados em CPI preocupa, diz Wolney Queiroz
Vazamento de dados em CPI preocupa, diz Wolney Queiroz.
Comissão vota pelo fim da aprovação automática nas escolas
Comissão vota pelo fim da aprovação automática nas escolas
PEC da Segurança Pública tem votação adiada após embate na CCJ
PEC da Segurança Pública tem votação adiada após embate na CCJ
Reajuste de 9% para as Forças Armadas avança no Congresso
Reajuste de 9% para as Forças Armadas avança no Congresso
Justiça dos EUA volta a intimar Moraes por censura em ação da Trump Media e Rumble
Justiça dos EUA volta a intimar Moraes por censura em ação da Trump Media e Rumble
Decisão do STF para driblar arcabouço surte efeito contrário e reduz limite de gasto
Decisão do STF para driblar arcabouço surte efeito contrário e reduz limite de gasto
Lula volta a criticar Congresso por derrubada de decreto do IOF
Lula volta a criticar Congresso por derrubada de decreto do IOF
As falhas que o TCU descobriu no combate ao assédio em universidades
As falhas que o TCU descobriu no combate ao assédio em universidades
Líderes do Congresso afirmam que conciliação no STF deve passar por corte de gastos tributários e veem volta do IOF como ' muito difícil'
Líderes do Congresso afirmam que conciliação no STF deve passar por corte de gastos tributários e veem volta do IOF como ' muito difícil'
OAB-SP estuda proposta que limita em até 15 anos mandato de ministro do STF
OAB-SP estuda proposta que limita em até 15 anos mandato de ministro do STF.
Moraes: impacto financeiro de alta do IOF aponta ‘séria dúvida’ sobre natureza da medida
Moraes: impacto financeiro de alta do IOF aponta ‘séria dúvida’ sobre natureza da medida
EXCLUSIVO: Hugo Motta critica polarização política e diz que ‘Congresso está ao lado do Brasil’
EXCLUSIVO: Hugo Motta critica polarização política e diz que ‘Congresso está ao lado do Brasil’

Juiz manda suspender a greve dos servidores da UEG

Decisão prevê multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento O juiz substituto em 2º grau Ricardo Teixeira Lemos mandou suspender a greve dos servidores técnico-administrativos da Universidade Estadual de Goiás (UEG), bem como o retorno imediato das atividades. A decisão de quinta-feira (10) também prevê multa diária

Leia mais...

França prende dois paraquedistas por saltarem da Torre Eiffel

Dois homens escalam monumento e pulam de paraquedas antes de serem detidos por autoridades francesas Dois homens escalaram na madrugada desta quinta-feira (10) a Torre Eiffel e saltaram de paraquedas do topo deste símbolo de Paris, antes de serem detidos, indicaram fontes policiais. Com 330 metros de altura, a “Dama

Leia mais...

Inflação desacelera para 0,24% em junho, aponta IBGE

A elevação nos custos da energia elétrica residencial, que subiu 2,96% em junho, pressionou o índice, mas os preços dos alimentos em domicílio registraram a primeira queda em nove meses, o que ajudou a conter o avanço A inflação oficial do país desacelerou para 0,24% em junho, ligeiramente abaixo dos

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.