O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou críticas ao deputado federal Guilherme Derrite, relator do Projeto de Lei (PL) Antifacção, questionando sua expertise em investigações e inteligência contra o crime organizado. Derrite, atualmente licenciado do cargo de secretário de Segurança Pública do governo de São Paulo, liderado por Tarcísio de Freitas, está à frente do projeto na Câmara dos Deputados.
Haddad manifestou desconhecimento sobre o conteúdo final do texto que será submetido à votação, alertando para uma possível pressa em aprovar a legislação sem uma discussão prévia com o governo federal. Ele enfatizou a importância de preservar a autonomia de órgãos como a Polícia Federal e a Receita Federal, ressaltando que estas instituições pertencem ao Estado e não a governos específicos.
O ministro da Fazenda destacou os esforços do governo federal na integração de ações para asfixiar financeiramente o crime organizado. Segundo ele, a Polícia Federal tem atuado de forma eficaz no “andar de cima” do crime, utilizando inteligência e tecnologia avançada.
Haddad questionou a motivação para a pressa na votação do PL Antifacção, argumentando que o relator, embora merecedor de respeito, não possui a experiência necessária em inteligência e investigação para lidar com o crime organizado. Ele defendeu que, em casos de menor conhecimento sobre o tema, é fundamental buscar o apoio de especialistas.
O ministro também aproveitou a oportunidade para defender o projeto que visa combater o devedor contumaz, que tramita há oito anos no Congresso Nacional. Haddad argumentou que essa legislação seria uma ferramenta importante no combate ao crime organizado e questionou a razão pela qual o projeto está parado na Câmara, mesmo após ter recebido aprovação unânime no Senado.
Ao ser questionado sobre o projeto em análise na Câmara, Haddad defendeu que a proposta seja submetida a um período de consulta para que possa ser amplamente discutida. Ele ressaltou a importância de ouvir todos os interessados, incluindo os governadores, e sugeriu que há interesses ocultos por trás da tramitação acelerada do projeto.
Mais cedo, Haddad se reuniu com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, para discutir a integração entre a PF e a Receita Federal. Segundo o ministro, o objetivo é refinar os procedimentos e a troca de informações entre os dois órgãos, buscando o apoio do Congresso Nacional para fortalecer essa integração. Ele alertou para a necessidade de evitar leis que possam prejudicar a cooperação entre a PF, a Receita Federal, os Ministérios Públicos Estaduais e as polícias estaduais.
As declarações de Haddad foram feitas após uma reunião no Palácio do Planalto sobre o Orçamento. O ministro não forneceu detalhes adicionais sobre a agenda.











