27/07/2024

Israel faz ofensiva diplomática para sufocar o Irã

Soldado israelense posicionado em frente a uma bateria do sistema de defesa aérea Domo de Ferro, perto de Jerusalém - (crédito: AFP)

Chanceler israelense envia cartas a 32 países pedindo a adoção de sanções contra o projeto de mísseis da República Islâmica, em meio à definição sobre represália militar ao ataque do fim de semana. Teerã alerta que a resposta será severa

Enquanto decide a extensão do contra-ataque militar ao Irã, Israel lançou ontem uma ofensiva diplomática para tentar sufocar o arqui-inimigo com novas sanções econômicas. O ministro israelense de Relações Exteriores, Israel Katz, anunciou ter enviado cartas para 32 países solicitando medidas para atingir o projeto de mísseis da República Islâmica e para que o Corpo da Guarda Revolucionária seja declarado como uma organização terrorista.

“O Irã deve ser parado agora, antes que seja tarde demais”, disse o chanceler. Entre os países aos quais a solicitação política foi direcionada estão os Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão, Canadá, França, Itália, Índia e Austrália. De antemão, a secretária de Tesouro americana, Janet Yellen, assegurou que Washington “não hesitará” em intensificar as sanções contra Teerã.

O alto representante para a política externa da União Europeia, Josep Borrell, antecipou que já há planos de ampliá-las. Ameaças mútuas O anúncio de Katz detonou uma nova rodada de ameaças entre os dois países. Por meio de um comunicado divulgado por seu gabinete, o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, disse que responderá “severamente” à “menor ação” do Estado judeu contra os interesses de Teerã. “Agora, declaramos firmemente que a menor ação contra os interesses do Irã provocará uma resposta severa, extensa e dolorosa contra todos os seus perpetradores”, destacou Raisi, na noite anterior, durante um telefonema ao emir do Qatar, Tamim ben Hamad Al Thani.

Durante a conversa, ao falar do ataque do fim de semana — o primeiro a partir do território iraniano contra Israel —, Raisi disse que Teerã exerceu “seu direito de autodefesa”. O lançamento de mais de 300 drones e mísseis foi, segundo o Irã, uma resposta ao assassinato, por Israel, de um general iraniano sênior em um edifício diplomático iraniano em Damasco, Síria. Israel não confirmou nem negou o envolvimento. O governo israelense, por sua vez, reiterou que haverá um revide militar. “Não podemos ficar com os braços cruzados ante tamanha agressão, o Irã não sairá impune”, afirmou o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari.

“Disparar 110 mísseis diretamente contra Israel não ficará impune. Responderemos no momento, no local e da forma que determinarmos”, acrescentou. Moderação O tom das declarações passa longe dos apelos por moderação do Ocidente, que teme uma escalada no Oriente Médio, onde Israel está em guerra com o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza há mais de seis meses. O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, pediu na segundafeira à comunidade internacional para “permanecer unida” diante da agressão do Irã.

Mas os dirigentes das principais potências internacionais pedem cautela. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, indicou que Washington não vai participar de uma ação de represália, apesar de seu apoio inabalável a Israel. Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, advertiu a seu par e aliado iraniano que uma escalada no Oriente Médio teria “consequências catastróficas para toda a região”, segundo o Kremlin. No Reino Unido, o primeiro-ministro Rishi Sunak instou Netanyahu a agir com “sangue-frio” após o ataque. “Uma escalada significativa não redundaria em interesse de ninguém e só vai aprofundar a insegurança no Oriente Médio”, insistiu.

Para o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o ataque iraniano é culpa de Netanyahu e sua “sangrenta administração”. Hezbollah Desde a fundação da República Islâmica, o Irã pede a destruição de Israel, mas até agora, havia evitado atacar Israel frontalmente. Os dois países travaram confrontos indiretos, em particular em operações que envolvem os aliados de Teerã, como o movimento libanês Hezbollah e os rebeldes huthis do Iêmen.

Ontem, o Hezbollah anunciou a morte de três de seus membros, entre eles o comandante Ismail Youssef Baz, em bombardeios israelenses no sul do Líbano, de onde o movimento xiita apoiado pelo Irã lançou ataques contra o norte de Israel. Segundo uma fonte próxima ao movimento libanês, Baz estava à frente da região de Nagura e participou “na promoção e no planejamento do disparo de foguetes e mísseis antitanques contra Israel”.

Ajuda a Gaza

A Organização das Nações Unidas (ONU) lança, hoje, um apelo por US$ 2,8 bilhões (R$ 14,4 bilhões na cotação atual) em doações para ajudar a população palestina na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ao longo deste ano. “Obviamente, 90% são para Gaza”, disse Andrea De Domenico, chefe do escritório humanitário da ONU nos Territórios Palestinos.

Segundo De Domenico, a programação para 2024 estava inicialmente fixado em US$ 4 bilhões (R$ 20,7 bilhões), mas foi reduzida devido à limitação do acesso de Israel à ajuda humanitária na região. Os valores arrecadados serão destinados a 3 milhões de pessoas identificadas na Cisjordânia e em Gaza. Poucos dias depois do ataque do Hamas contra Israel, em 7 de outubro do ano passado, e do início da ofensiva de retaliação israelense na Faixa de Gaza, a ONU organizou um pedido para enfrentar a emergência no valor de US$ 294 milhões (R$ 1,5 bilhão).

Em pouco tempo, o cálculo foi quadruplicado. Ontem, o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo movimento islamista palestino Hamas, anunciou que 33.843 pessoas morreram no enclave desde o início do conflito — o número de feridos é superior a 76,5 mil. Apenas entre segunda-feira e ontem, de acordo com o levantamento, foram 46 óbitos. Na segunda-feira, Israel libertou 150 prisioneiros palestinos capturados durante a sua ofensiva militar no enclave, de acordo com a autoridade que controla as passagens fronteiriças no estreito território.

“É claro que esses presos sofreram maus-tratos graves, porque alguns deles foram levados para o Hospital Abu Yusef al Najjar para serem tratados lá”, disse o porta-voz Hisham Adwan. O Exército israelense não comentou a libertação, mas afirmou que é “absolutamente proibido” maltratar prisioneiros.

Tribuna Livre, com informações da Agence France Presse

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

7R contabilidade e assessoria empresarial Santa Maria Brasilia DF
Leia também
"A defesa da democracia está em jogo", diz Joe Biden
"A defesa da democracia está em jogo", diz Joe Biden
Kamala discursa para professores e diz que armas serão proibidas em escolas
Kamala discursa para professores e diz que armas serão proibidas em escolas
Ministério da Saúde confirma primeiras mortes por febre oropouche no mundo
Ministério da Saúde confirma primeiras mortes por febre oropouche no mundo
Trump desdenha de Kamala e diz querer enfrentá-la em debate
Trump desdenha de Kamala e diz querer enfrentá-la em debate
Beyoncé autoriza uso de música pela campanha de Kamala
Beyoncé autoriza uso de música pela campanha de Kamala
Por que chefe do Serviço Secreto se demitiu após falhas em atentado contra Trump
Por que chefe do Serviço Secreto se demitiu após falhas em atentado contra Trump
Por que Obama ainda não endossou Kamala Harris
Por que Obama ainda não endossou Kamala Harris
Quem substituirá Biden como candidato do Partido Democrata?
Quem substituirá Biden como candidato do Partido Democrata?
Desistência de Biden: os momentos críticos que fizeram campanha à reeleição 'derreter'
Desistência de Biden: os momentos críticos que fizeram campanha à reeleição 'derreter'
Após escapar da morte, Trump retoma campanha: "Tomei tiro pela democracia"
Após escapar da morte, Trump retoma campanha: "Tomei tiro pela democracia"
Apagão global cibernético afeta bancos e aeroportos em todo mundo
Apagão global cibernético afeta bancos e aeroportos em todo mundo
Incêndio no sudeste da França deixa sete mortos
Incêndio no sudeste da França deixa sete mortos

PF abre investigação para apurar ataque cibernético em Ministério

Criminosos que atuam pela internet realizaram invasão nos sistemas do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos A Polícia Federal abriu uma investigação preliminar para apurar o ataque cibernético contra sistemas internos e administrativos do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos. A investida criminosa ocorreu na terça-feira

Leia mais...

Juiz determina que médica que sequestrou bebê continue na prisão

Audiência de custódia foi realizada no Fórum de Itumbiara na manhã desta quinta-feira (25/7) O processo sobre a médica Cláudia Soares Alves, presa em flagrante pelo sequestro de um recém-nascido, no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), na terça-feira (23/7), correrá sob segredo de Justiça. A decisão

Leia mais...

Divulgado edital para as eleições de gestores escolares

Objetivo é preencher as vagas remanescentes de gestores das unidades de ensino da rede pública O edital com as normas do processo eleitoral para a escolha de gestores da rede pública de ensino do Distrito Federal foi publicado nesta quinta-feira (25) no Diário Oficial do DF (DODF). O objetivo do

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.