Presidente Lula, em discurso no fim
da viagem aos Emirados Árabes, voltou a acusar Ucrânia de ter contribuído para
o início do conflito
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou, neste
domingo (16/4), em Abu Dhabi, os Estados Unidos e a Europa de prolongarem a
guerra na Ucrânia e defendeu a criação de uma espécie de um G20 político para
restabelecer a paz.
“A paz está muito difícil. O presidente [da Rússia Vladimir]
Putin não toma iniciativa de paz, o [presidente da Ucrânia, Volodimir] Zelenski
não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando a
contribuição para a continuidade desta guerra”, afirmou Lula, durante uma
coletiva de imprensa no fim de sua viagem aos Emirados Árabes Unidos.
O presidente também voltou a acusar a Ucrânia de ter
participação no início do conflito. “A construção da guerra foi mais fácil do
que será a saída da guerra, porque a decisão da guerra foi tomada por dois
países”, disse.
Lula volta a comentar invasão russa à Ucrânia. “Decisão da
guerra foi tomada por dois países”.
Em entrevista coletiva na madrugada deste domingo (16),
presidente do Brasil repetiu que EUA e Europa contribuem para a continuidade do
conflito.
“É preciso que os EUA parem de incentivar a guerra e comecem
a falar em paz”, diz Lula na China
A guerra na Ucrânia começou em 24 de fevereiro de 2022, após
a Rússia invadir o país vizinho. Desde o início do conflito, Kiev passou a
receber armamentos e munições de vários países europeus e dos EUA, o que
possibilitou segurar o avanço russo e transformar uma guerra que Putin
planejava terminar em poucas semanas em um conflito que dura já mais de um ano.
O governo brasileiro chegou a receber pedidos dos europeus
para que vendesse munições aos ucranianos. O tema chegou a ser tratado durante
a visita do chanceler federal alemão, Olaf Scholz, ao Brasil. Lula, no entanto,
recusou os pedidos e afirmou que o Brasil não iria se envolver na guerra.
As declarações de Lula sobre a contribuição dos EUA e da
Europa para a manutenção do conflito ocorrem um dia após o presidente ter
defendido o fim do envio de armamentos para Ucrânia e afirmado que os Estados
Unidos precisavam “parar de incentivar a guerra”.
G20 político
Em Abu Dhabi, Lula também reiterou a proposta da criação de
um bloco de países neutros para promover negociações de paz nos moldes de um
G20 político e afirmou ter conversado com a China e os Emirados Árabes Unidos
sobre essa proposta.
“Estamos tentando construir um grupo de países que não têm
nenhum envolvimento com a guerra, que não querem a guerra, que desejam
construir paz no mundo, para conversarmos tanto com a Rússia quanto com a
Ucrânia, mas também temos que ter em conta que é preciso conversar com os
Estados Unidos e com a União Europeia”, afirmou, acrescentando que acredita no
sucesso de uma iniciativa deste tipo.
Na coletiva, Lula também comemorou o sucesso da viagem aos
Emirados Árabes Unidos e à China. “Volto ao Brasil com a certeza de que estamos
voltando à civilização, porque o governo está fazendo sua obrigação, se abrindo
para o mundo e ao mesmo tempo convencendo o mundo de se abrir para o Brasil”,
destacou.
O presidente celebrou ainda os acordos firmados com os
Emirados Árabes Unidos durante a visita oficial e os assinados com a China, que
foi a primeira parada do presidente na atual viagem.